AUTORIDADE
E AUTORITARISMO.
“Cada espírito tem sua posição
definida de resgate.”
Emmanuel – Livro “O Consolador”
Todo agrupamento social necessita de
um líder, alguém que exerça o poder com a finalidade de organizá-lo, dirigi-lo
e mantê-lo.
Definimos autoridade como a
“capacidade ou habilidade” de exercer o poder, influenciando, em graus diversos
(da sugestão a imposição), outras pessoas
realizarem alguma coisa.
O lar, como agrupamento social,
também necessita da autoridade, estabelecendo comando, administração, regras,
sem os quais não seria possível a sua estabilidade e condução. Impossível à
sociedade resistir ao caos que sobreviria sem ela.
No ambiente familiar, numa
hierarquia natural das leis da vida, compete aos PAIS o dever de exercer o
poder, tendo em vista serem responsáveis pelo desenvolvimento físico, social,
intelectual, moral e efetivo de seus filhos, os quais dependem dos genitores,
desde os primeiros dias de vida, num compromisso assumido na Espiritualidade
para prosseguimento de suas experiências evolutivas, na busca da perfeição.
Este desenvolvimento se dará através
dos recursos da EDUCAÇÃO. Para utilizá-los, os pais carecem de autoridade em
relação aos filhos, mais intensa quanto menor for a idade dos mesmos, pois,
somente com o passar dos anos, a criança
adquirirá, paulatinamente, discernimento, maturidade e melhor uso do seu
livre-arbítrio.
A autoridade dos pais não se
configura como um poder absoluto e eterno, mas transitório e maleável, à medida
que os filhos forem assumindo suas próprias responsabilidades e o poder de
escolher e decidir sobre si mesmos.
Quando os pais passam a lutar contra
esta independência gradativa dos seus tutelados, caem no grave erro do abuso da
autoridade, assim como os que utilizam o poder sem medidas, despropositadamente
e pelo simples poder de mandar, de dominar, de se sentirem poderosos.
Aí compreende-se a diferença entre
autoridade e autoritarismo. Uma é o gerenciamento, a liderança necessária,
exercendo o poder para harmonização e equilíbrio; o outro é a tirania, o
despotismo, exercendo o poder para fins
egoísticos e desequilibrados.
Como tutores, têm os pais a
responsabilidade da melhor orientação moral-espiritual de seus filhos, criando
no lar um ambiente favorável ao seu aperfeiçoamento, onde haja diálogo e
exemplo como recursos dinâmicos.
Faz-se mister que eles possam se
expressar confiantes no espírito de amizade que deve existir no relacionamento
familiar, sem que os genitores se sintam sem comando, por partilhar com eles a
administração doméstica.
A educadora Tânia Zaguri lembra-nos
que “É perfeitamente possível a uma pessoa ser democrática e ter autoridade ao
mesmo tempo”.
Portanto conversar com os filhos,
esclarecê-los, dividir decisões nas questões domésticas, explicar-lhes as
nossas atitudes de comando, ouvi-los em seus argumentos, não significa abrir
mão da autoridade, mas sim exercê-la com competência, transferindo-lhe,
gradativamente, o poder sobre si mesmos.
Entretanto nos lares da sociedade
moderna, desde a década de 70, a situação inversa tem-se tornado um problema
freqüente: pais com medo de exercer sua autoridade.
Com a enxurrada de autores
exagerando na idéia de liberdade infantil, estes pais crêem estar errando,
castrando e frustrando seus filhos, e passam a não exercer sua autoridade, temendo
proibir, acabando por dar excessiva liberdade, passando a ser dominados pelos caprichos
infantis.
Pais
passam a obedecer aos filhos, invertendo a ordem natural das coisas, criando
uma perigosa situação de irresponsabilidade no lar, submetendo-se às exigências
sem fundamento e prejudicando profundamente o trabalho educativo, imprescindível
à elevação moral desses espíritos.
E às vezes os pais perdem sua
autoridade sem situações de conduta reprochável: alcoolismo, má conduta moral
ou profissional, etc.
Hilário Silva nos alerta: “ Se, no
trato da Natureza, a vida pede atenção, como entregar a criança a si mesma?”.
Quando os pais deixam de exercer sua
autoridade, deixam um espaço (que não ficará muito tempo vazio), espaço este
que será ocupado pelos seus filhos, sem estrutura moral e psicológica para tal,
transformando o lar num ambiente de irresponsabilidade, relaxamento e inconseqüência,
criando sérios reflexos espirituais para o presente e para o futuro. Recordamos
o aviso de nosso abençoado Agostinho: “Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe
perguntará Deus: Que fizeste do filho confiado à vossa guarda?”.
Surge, então, uma profunda
insatisfação nesses pais, que, sentindo-se dominados, desanimam, passando a se
descuidar de seus deveres domésticos no campo espiritual. Perdem seu espaço
próprio, sendo sempre preteridos em seus gostos e vontades pelos desejos
descabidos de suas crianças, desde coisa mais simples, como um programa de TV,
até as mais complexas, como um projeto familiar relacionado a trabalho, local
de morada, lazer, etc.
Fonte: Livro “UM DESAFIO CHAMADO FAMÍLIA” - autor
Joamar Zanelini Nazareth - 3 a. Edição - Minas Editora - Araguari, MG - 2000.
RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)
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