VIDA
E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
39 º. Parte. – O
jornal Gazeta de Notícias, em sua edição de 22 de abril de 1897, inseriu em
suas colunas o seguinte:
“Meu caro Max. – A nossa incipiência tem encontrado
sempre conforto em vossa palavra inspirada e respeitada mesmo pelos ortodoxos
da fé; desde, pois, que assumistes uma tal autoridade, a vossa opinião, sem que
a embarace a vossa reconhecida modéstia, é segura orientação para os que
entretêm Grupos Espíritas, e, nestas circunstâncias, revelareis que vos peçamos
em conselho: podemos tomar os livros publicados pelo Dr. Sayão como normas a
seguir em nosso Grupo? “Um discípulo.”
Bezerra prontamente acudiu à solicitação feita, enviando
a esse periódico uma carta que dizia:
“Bem se vê que o consultante é realmente um incipiente,
pois que eleva nossa individualidade a umas alturas que estamos muito longe de
atingir; entretanto, por corresponder à sua confiança, dir-lhe-emos, com toda a
lealdade e sinceridade, o que pensamos sobre os livros do Dr. Sayão.
“O Espiritismo não é, como julgam os padres ser a
revelação messiânica, a última palavra sobre as verdades que Deus, em seu amor
pela humanidade, faz baixar do Céu à Terra.
“Enquanto o homem não chegar ao último grau de perfeição
intelectual, o de penetrar todas as leis da criação, a revelação não chegará a
seu termo, pois que ela é progressivamente mais ampla, na medida do
desenvolvimento da faculdade compreensiva do homem.
“O Espiritismo, pois, tendo dado mais do que as anteriores
revelações, muito terá ainda que dar, porque muito terá ainda que progredir a
humanidade terrestre.
“Allan Kardec, Espírito preposto por Jesus par reunir em
um corpo de doutrina ensinos confiados, pelo mesmo Jesus, ao Espírito de
Verdade, constituído por uma legião de Altíssimos Espíritos, só apanhou o que
estes deram – e estes só deram o que era compatível com a compreensão atual do
homem terreal.
“Mas o homem, como já se disse, não cessa de desenvolver
a sua faculdade compreensiva e, pois, os principais fundamentos da revelação espírita,
compreendidos nas obras fundamentais de Allan Kardec, tendem constantemente a
se alargar em extensão e compreensão, como ele mesmo veio alarga os princípios
fundamentais do ensino ou revelação messiânica – e com esta veio alargar os da
revelação moisaica.
“A Allan Kardec sobrevivem outros missionários da verdade
eterna que, sem destruir a obra feita, porque esta é firmada na Lei e a Lei é
imutável, darão mais luz, para mais largo conhecimento das faces mais obscuras
daquela verdade.
“Eis aí que já apareceu Roustaing, o mais moderno
missionário da lei, que em muitos pontos vai além de Allan Kardec, porque é
inspirado como este, mas teve por missão dizer o que este não podia, em razão
do atraso da Humanidade.
“Não divergem no que é essencial, mas sim no modo de
compreender a verdade, porque esta, sendo absoluta, nos aparece sob mil faces
relativas – relativas ao nosso grau de adiantamento intelectual e moral, que um
não pode dispensar o outro, como as asas de um pássaro não se podem dispensar o
outro, como as asas de um pássaro não se podem dispensar, para o fim de ele se
elevar às alturas.
“Roustaing confirma o que ensina Allan Kardec, porém
adianta mais que este, pela razão que já foi exposta acima.
“É, pois, um livro precioso e sagrado o de Roustaing; mas
o autor, não possuindo, como homem, a vantagem que faz sobressair o trabalho de
Allan Kardec, de clareza e concisão, torna-o bem pouco acessível às
inteligências de certo grau para baixo.
“Seria obra do meritório valor dar, à sua exposição de
princípios relevantíssimos, a concisão e a clareza que sobram no mestre e que
lhe faltam bem sensivelmente.
“Foi
esta, no fundo, a obra de Sayão.
“Em ligeiros traços resumiu, sem lesar, longas exposições
– e em linguagem didática clareou e pôs ao alcance de todas as inteligências o
que era obscuro à maior parte.
“o livro de Sayão é um resumo do de Roustaing, com as
vantagens de Allan Kardec.”
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Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES” - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora
FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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