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segunda-feira, 1 de julho de 2013

- VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES. - N º. 46. - 34 º. Parte. - SILVIO BRITO SOARES.

            VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.

            34 º. Parte. Bezerra de Menezes, que também usava o pseudônimo de MAX, foi polemista no bom sentido, e discutia porque era o Espiritismo frontalmente atacado pelos seus opositores. Suas réplicas, porém, eram sempre vazadas em linguagem escorreita, embora, causticante por vezes,  porque a verdade fere quase sempre aqueles que defendem idéias e concepções falsas, que honram a Deus com os lábios, ensinando doutrinas e mandamentos humanos.
            Esses opositores nem sempre o tratavam com o devido respeito, por se sentirem vencidos com suas argumentações sólidas e irresponsáveis.
            Nessas polêmicas pulverizava ele interpretações do Velho e do Novo Testamento, separando o joio do trigo, de maneira que os ensinos bíblicos e evangélicos tomavam um colorido admirável, atraente, e deles surgia magnificamente a verdade pregada pelo Espiritismo, isto é, através das palavras de Jesus, quando expurgadas das intromissões humanas, quando examinadas dentro do espírito que as vivifica.
            Seus artigos jornalísticos eram escritos à pressa, sem tempo suficiente para um melhor burilamento, mas mesmo assim impressionam sobremaneira pela limpidez de sua argumentação segura, em estilo de encantadora simplicidade, ao alcance de todas as inteligências, pela cultura que revelava possuir no tocante à filosofia, à ciência, à literatura e à história dos povos.
            Vejamos, or exemplo, e em resumo, alguns tópicos de seus artigos, contestando a encíclica do Papa Leão XIII sobre o materialismo, encíclica essa em que o Chefe do Romanismo expõem os efeitos produzidos, na geração atual, pelas falsas idéias emitidas pelo Catolicismo, para recomendar, então a volta à vida cristã, como único meio de conduzir os espíritos à exata compreensão do destino humano:
            “O Papa Leão XIII, com a virtude da infalibilidade, e talvez por causa dela, não vê, não aprecia com justiça, o movimento da humanidade no século XIX.
            “O materialismo é a conseqüência lógica da posição que tomou a Igreja Romana em relação ao progresso humano.
            “Temos demonstrado repetidas vezes, e é fato que ressalta das sagradas letras, que sendo a revelação progressiva, compreende ela necessariamente a Religião e a ciência.
            “Em vez de atentar nisso, que aliás se vê e se apalpa na História da Humanidade, a Igreja Romana declara que fora dela não há salvação, e que, dentro dela, só se pode salvar-se quem abdicar a razão que Deus nos deu, e for de  uma fé passiva, levada ao credo quia absurdum!
            “Compreende-se facilmente que sendo lei natural o aperfeiçoamento do espírito, tanto intelectual como moral, surgir, donde quer que seja, um poder que diz: não passareis deste marco, é provocar fatalmente a revolta, principalmente quando aquele poder ainda diz mais: não usareis da faculdade da razão que deus nos deu.
            “Em que se baseia o papado para marcar limites ao progresso humano, mesmo sob o ponto de vista religioso, para condenar o racionalismo em relação às verdades eternas?”

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            “Se a Igreja Romana pudesse provar que a perfectibilidade humana chegou ao seu termo, que tocou o mais alto grau do seu desenvolvimento, e não, sim, teria razão para assentar o marco designativo do último termo, do mais alto grau da revelação religiosa.
            “A Igreja, porém, nem pode ter a louca pretensão de convencer a Humanidade de que ela já alcançou o maior grau de sua própria perfectibilidade; e, nem que o tentasse, seria atendida pelos que encontram no Evangelho a promessa formal de uma nova e mais ampla revelação”.

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            Neste passo, não seria descabido referimo-nos ao que o Padre Sertillanges, membro do Instituto da França, externou em seu livro intitulado A Vida Intelectual:
            “A religião não é uma coisa acabada, uma coisa em si, como uma catedral ou uma pirâmide do Egito; é uma relação. E nesta relação há fixidez, mas há também variabilidade. Deus não muda; a verdade de deus, tomada em si mesma, não muda, como o próprio Deus; mas a verdade dele em nós tem muitas maneiras de ser variável. Na medida em que nós mudarmos, ela muda; na medida em que nós progredirmos, ela progride. A paralaxe do Sol muda continuamente, se bem que o Sol seja imóvel”.
                                                              
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            Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES”  - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.


                                   RHEDAM. (rhedam@gmail.com)

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