SEGUNDA PARTE.
PROVAS
TEÓRICAS DA EFICIÊNCIA DA PRECE.
2
Onde
e Como Se Deve Orar. Concisão da Prece e Concentração do Pensamento, Ambientes
Desfavoráveis ao Exercício da Prece. Em Qualquer Parte Pode se Orar A Deus.
Prece Articulada e Prece Mental.
Levemos
adiante as nossas reflexões e vejamos onde e como se deve orar.
O
templo, no entender de muita gente, é o lugar por excelência propício às
orações.
Pensam
esses que só ai o homem pode entreter o seu colóquio com a divindade.
Somos,
porém, cristãos e seria ilógico admitir outra autoridade acima de Jesus Cristo,
cuja doutrina está contida no Novo Testamento, consoante os relatos dos quatro
evangelistas. O primeiro deles, Mateus, expressa nestes termos a sábia
advertência do Mestre:
“Quando
orardes não vos assemelheis aos hipócritas, que fingem orar, conservando-se em
pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem visto pelos homens. Em verdade
vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas vós quando quiserdes orar,
entrai no vosso quarto, e, fechando a porta, orai a vosso Pai em segredo; e
vosso Pai, que vê tudo que se passa em segredo, vos dará a recompensa”.
“Não
afeteis orar muito em vossas preces, como fazem os gentios, julgando que pela
quantidade de palavras serão atendidos. Não vos torneis semelhantes a eles,
porquanto vosso Pai sabe do que necessitas antes de lho pedirdes”. (Mateus,
6:5-8)
São
muito claras estas instruções que colhemos no Evangelho, e elas nos ensinam que
a nossa prece de cristãos deve ser feita no silêncio do nosso recolhimento. Sem
redundância, mas expressiva pela concisão, uma vez que para seu êxito em nada
influi a multiplicidade de palavras. Para orarmos, temos que concentrar nosso
pensamento em Deus e a vibração de nossa mente é o veículo que conduz para Ele
a nossa prece. Porém a concentração, que é a condição sine qua non, só se
estabelece debaixo de completo silêncio. Daí porque Jesus, toda vez que tinha
de entrar em comunhão com a Potência Suprema, buscava refúgio na placidez de um
lugar deserto. Os evangelistas nos dizem isto. Não contam que Ele jamais
tivesse orado no templo, em Jerusalém, ou algures.
Efetivamente,
nos lugares públicos, ou no interior das casas deculto, o ambiente é de algum
modo desfavorável à prece individual ou coletiva. Desfavorável, justamente por
causa dos ruídos vindos do exterior, ou mesmo, dos que ali se produzem com o
movimento de acesso e reirada de pessoas.
Finalmente,
se só tivessem valor as orações feitas nos templos, privados, involuntariamente,
dos bons frutos que elas propiciam, estariam milhares de indivíduos moradores à
distância de muitas léguas dos templos que lhe ficam mais próximos. Nas mesmas
condições ver-se-iam, também os paralíticos e outros doentes, pobres,
impossibilitados de se locomoverem.
A
prece seria, então, um privilégio, especialmente dos que moram nas cidades e
gozam de saúde.
Eis,
porém, que, se um templo existe onde nos devamos recolher para nossas orações,
esse templo é o coração humano – o nosso próprio coração. “O homem – diz São
Paulo, - é o templo de Deus vivo onde Ele pode habitar”. Destarte, onde quer
que esteja a criatura humana, dando lhe será erguer aí a sua prece, na certeza
de que ela encontrará eco no seio do Senhor Supremo que governa o Universo e
manifesta a Sua presença em toda a parte.
Não
se pense, outrossim, seja imperioso emitir a prece unicamente por meio da
palavra articulada. Fosse a expressão labial imprescindível na prática da
oração, e os mudos seriam criaturas deserdadas, destituídas que estariam das
celestes dádivas com que o Pai retribui os nossos rogos. Ao contrário do que
muita gente supõe, tanto vale a prece pronunciada como que se articula
mentalmente. Não são as palavras, ainda que eloquentes e estilizadas, que sobem
para Deus, e sim, o pensamento que fixamos n’Ele. Mas, quer seja a prece
proferida ou mental, ela tem o seu valor medido pela pureza do sentimento que a
inspira. Que impede, pois, aos mudos de orar ao Criador como o fazem as pessoas
normais? A Providência suprimiu-lhes o dom da palavra, mas conservou-lhes o
entendimento e o coração.
A
língua fala com os homens e o coração fala com Deus – é o que nos diz um nobre
Espírito, pela mediunidade de Francisco Candido Xavier.
Fonte:
Livro Apologia da Prece - autor Alfredo Miguel - 2a.Edição -
Livraria Espírita “Alvorada” Editora - Salvador Bahia - 1972.
RHEDAM .(rhedam@gmail.com)
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