CAPÍTULO
II.
O
MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL.
11.
Os que atacam o Espiritismo em nome do maravilhoso se apoiam, pois, geralmente,
no princípio materialista, uma vez que denegando todo efeito extramaterial,
denegam, por si mesmo, a existência da alma; sondai o fundo do seu pensamento,
perscrutai bem o sentimento das suas palavras, e vereis quase sempre esse
princípio, se ele não está categoricamente formulado, despontar sob as
aparências de uma pretensa filosofia racional com que o cobrem. Em rejeitando,
por conta do maravilhoso, tudo o que decorre da existência da alma, estão,
pois, consequentes consigo mesmos; daí, neles, uma opinião preconcebida que os
torna impróprios para julgar sadiamente o Espiritismo, porque partem no
princípio da negação de tudo o que não é material. Quanto a nós , do fato de
admitirmos os efeitos que são a consequência da existência da alma, se segue
que aceitamos todos os fatos qualificados de maravilhoso; que sejamos os
campeões de todos os visionários, os adeptos de todas as utopias, de fatos as
excentricidades sistemáticas? Seria preciso conhecer bem pouco o Espiritismo
para pensar assim; mas nossos adversários não o encaram de tão perto; a
necessidade de conhecer aquilo de que falam é o menor dos seus cuidados.
Segundo eles, o maravilhoso é absurdo; ora, o Espiritismo se apoia nos fatos maravilhosos,
portanto, o Espiritismo é absurdo: é para ele um julgamento sem apelação. Creem
opor um argumento sem réplica quando, depois de ter feito eruditas pesquisas
nos convulsionares de Saint-Médard, os calvinistas de Cévennes, ou nas
religiosas de Loudun, chegaram a descobrir nelas fatos patentes de fraude que
ninguém contesta; mas essas histórias são o evangelho do Espiritismo? Seus
partidários negaram que o charlatanismo tenha explorado certos fatos em seu
proveito; que a imaginação os tenha criado; que o fanatismo os tenha exagerado
muito? Não é mais solidário com as extravagâncias que se podem cometer em seu
nome, do que a verdadeira ciência não o é com os abusos da ignorância, nem a
verdadeira religião com os excessos do fanatismo. Muitos críticos não julgam o
Espiritismo senão sobre os contos de fadas e lendas populares que lhe são as
ficções: seria como julgar a história nos romances históricos ou nas tragédias.
Fonte: O Livro dos Médiuns - Allan Kardec -
18 º edição - Abril de 1991, Editora Instituto de difusão Espírita de Araras,
SP.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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