OS DEGREDADOS.
No livro “BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PATRIA DO EVANGELHO”, o autor espiritual HUMBERTO DE CAMPOS, através da psicografia do médium FRANCISCO CANDIDO XAVIER, nos relata a seguinte passagem espiritual, histórica, sobre a OS DEGREDADOS.
Vejamos:
Logo após o descobrimento, os espíritos edificados nos ensinamentos do Senhor, se reuniram, celebrando o acontecimento nos espaços do infinito. Luzes do firmamento vinha até a nova nação. Perfumes elevando-se ao firmamento, e de lá voltavam carregados de energia divina. Nos ninhos das árvores, pousavam as vibrações renovadoras de esperanças santificantes, e, no além, ouviram-se as melodias evocadoras da Galiléia. A região dos pescadores humildes, que conheceu os passos do Divino Mestre, se havia transplantado para o novo continente, dilatada em seus contornos. Uma alegria paradisíaca reinava nas almas que comemoravam o advento da Pátria do Evangelho, quando na augusta assembléia se fez presente, a figura misericordiosa do Cordeiro.
Sorria complacente, e suas mãos líricas empenhavam um estandarte branco, como se fosse um fragmento de sua alma radiosa, expondo naquela bandeira de luz, os encantadores símbolos do perdão e de concórdia.
Dirigiu-se a um dos seus elevados mensageiros na face do orbe terrestre, em meio ao divino silêncio, sua voz ressoou com doçura.
- Ismael, diz o meu coração de agora em diante serás o zelador dos patrimônios imortais da Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no meu coração, obedecendo a sagradas inspirações do Nosso Pai. Reúne as falanges do infinito, que cooperam com os ideais da minha doutrina, e inicia, desde já, a construção da Pátria do meu ensinamento. Cultive-a com abnegação e com o teu sublimado heroísmo. Ela será a doce paisagem dilatada do Tibiríades, que foi aniquilada pela voraz carnificina dos homens. Guarda este símbolo de paz, e inscreve em tua maculada pureza o lema de tua coragem e do teu propósito de bem servir à causa de Deus e, sobretudo lembra que estarei sempre contigo no comprimento dos deveres, que abrirás para a humanidade dos séculos um novo caminho, mediante a revivência do Cristianismo.
Ismael recebe o lábaro das mãos do Senhor, banhado em lágrimas, e como se entrará em ação o impulso secreto de tua vontade, na nívea bandeira, uma substância celeste inscreveu a insígnia, o lema imortal: “Deus, Cristo, e Caridade. Um coral formado pelas vozes das almas ali reunidas, entoaram um hino de louvor e intraduzível à sabedoria do Senhor do Universo. São vibrações gloriosas da espiritualidade, que se elevam pelos espaços ilimitados, louvando o Artista Inimitável e o matemático Supremo de todos os sóis e de todos os mundos.
O emissário do Senhor, desce então à Terra onde estabelecerá a sua oficina, é seguidos de seres redimidos e luminosos, e, como a superfície do Brasil fosse um novo Helicon da imortalidade, a natureza macia e carinhosa, toda enfeitada de luzes e sombras, de sinfonia e ramagens odoríferas preparando-se para um banquete dos deuses. Os caminhos agrestes tornam-se sendas de maravilhosas belezas, rasgada pelas cortes do invisível.
Nessa hora, a frota de Cabral foge das águas verdes de Porto Seguro. Porém, nas extensas praias, choram dois degredados, dos vinte e um párias sociais, exilados, por D. Manuel I. Os marinheiros distanciavam-se daquele lugar, levando amostras de extraordinárias riqueza. Enquanto os dois exilados se lastimavam sem consolo e sem esperança. Os silvícolas amáveis e fraternos, lhes abrem os braços, e dos corações rudes que desabrocham flores amigas para um brando conforto. Afonso Ribeiro, um dos infelizes, com uma piroga avança para o mar na tentativa de alcançar as caravelas das quais via os seus mastros, anseia por morrer. Os últimos gemidos abafados lhe saem da garganta exausta. Os olhos, inchados de pranto, contemplavam as duas imensidades do oceano e do céu, e esperando na morte o socorro bondoso exclama do íntimo do seu coração.
- Jesus, Tende piedade da minha amargura! Enviai a morte ao meu espírito desterrado. Sou inocente, Senhor, e, padeço da tirania da injustiça dos homens. Mas, se a traição e a covardia me arrebataram da Pátria, afastando os meus olhos das paisagens queridas e os afetos mais santo do coração, essas mesmas calúnias não me separaram de sua misericórdia.
Neste instante, o pobre exilado sente uma alvorada de luz lhe nascer no âmago da alma atribulada. Uma esperança nova, apossa-se de todas as suas fibras emotivas, e como por milagre a sua jangada regressa, rapidamente praia distante. Em vão as ondas sinistras tentam arrebatá-lo para o oceano largo. Uma força misteriosa o conduz à terra firme, onde o seu coração encontrará uma nova família.
Ismael, havia realizado o primeiro feito nas Terra de Vera Cruz. Trazendo o naufrago inocente para a base da sociedade do porvir, ele obedecia as determinações do Divino Mestre. Primeiro lugar foram os índios, os simples de coração, em segundo lugar, chegavam os detentos de justiça divina e mais tarde, viriam os escravos, como a expressão dos humildes e dos aflitos, para a formação da alma coletiva de um povo bem-aventurado por sua mansidão e fraternidade. Naqueles idos de 1500, já se ouviram no Brasil os ecos do Sermão da Montanha.
Fonte: Livro "BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO"- autor espiritual HUMBERTO DE CAMPOS, psicografia FRANCISCO CANDIDO XAVIER - editora FEB- Rio de janeiro, RJ.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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