A ARTE DE VIVER COM ... SABEDORIA.
Certo dia, ainda jovem caminhava pela campina sem um destino definitivo, andava seguindo o traçado da estrada poeirenta, observando a natureza ao redor, A beleza das árvores e arbustos da região, a relva nativa parecia como um tapete estendido na mais perfeita ordem em que os animais caminhavam pastando, nativos do lugar.
Seguia o trajeto zig-zaggueando pelas belezas do lugar, em um momento observei que a minha esquerda havia uma colina com altura aproximada de quatrocentos metros acima da estrada por onde andava.
Olhando para a colina pareceu-me que ela iluminava-se por si só, parei, olhei novamente, marcou-me como uma visão mental. Para certificar-me fechei e abri os olhos novamente, repeti esse exercício por várias vezes, nisso ocorreu-me a impressão, de ver algo, mais acima, divisava que havia uma casa, ao fixar novamente o olhar, conseguiu observar melhor a presença dela, era de madeira rústica, a luz que brilhava, vinha dela, e, nela haveria algo de especial.
Deixando o pensamento voar com voam as folhas secas ao vento no outono, continuei andando no mesmo ritmo olhando ao redor as maravilhas do lugar. As borboletas eram em número imenso, multicolores voavam sobre as flores silvestres deixando-as mais linda do que já eram, grilos saltitavam com o seu som característicos, formigas trabalhavam em sua trilha levando alimentos pata o seu formigueiro armazenando alimentos para o próximo inverno.
Logo acima, a minha esquerda esquilos brincalhões, corriam procurando sementes para se alimentarem, ao me verem param observando-me passar, olhando para a direita da estrada o tapete em forma de relva com o seu verde vivo espalhava-se, vez por outra apareciam ovelhas e alguns bovinos sobre ele.
Continuei andando, alguns quilômetros a frente encontrei sentado em um tronco de árvore cortado, do qual exalava um perfume muito próprio, em baixo de ciprestes nativos do lugar, um senhor de origem oriental, com idade aproximada de setenta anos, apresentava um aspecto muito jovial, alegre, sorridente, vestia um manto vermelho ocre amarrado a cintura, outro manto como complemento do primeiro, amarelo alaranjado e por cima um sobre manto também vermelho ocre.
Segurava um cajado com detalhes, todo esculpido em uma madeira escura, parecida com o mogno brasileiro, era uma verdadeira obra de arte. Cruzando o seu pescoço para o lado esquerdo um pequeno embornal, parecia-me que carregava alimentos, cruzado para o outro lado um cantil com água.
Fixando os olhos em mim convidou-me para sentar, ao seu lado muito confiante e agradecido sentei-me.
Fui apresentar-me para ele, me interrompeu dizendo para mim:
- Você é o Menino que eu estava a esperar.
- Quem é o senhor?
Sorrindo respondeu-me:
- Eu sou um monge, o melhor, O monge, guardião deste lugar.
- Mas há algum perigo por aqui?
- Não. Não Menino. Não há nenhum perigo por aqui neste lugar. É eu que fui designado à guiar e orientar as pessoas que por aqui passarem.
- Sobre o que? Perguntei.
- Sobre a vida. Foi a resposta que obtive.
- Mas senhor sem formalidades como posso chamá-lo?
- Me chame de Monge, simplesmente Monge.
- O senhor vem todos os dias por aqui?
- Sim. Há muitos anos.
- Há quanto tempo?
- Porque quantificar o tempo se somos atemporal.
Diante desta resposta senti que estava em frente de alguém muito sábio. Olhou nos meus olhos e me falou:
- Menino não se preocupe de onde vens para onde vais. Se preocupe em aproveitar bem o tempo do seu dia, fazendo tudo o que lhe cabe fazer e bem feito, com amor, e dando o melhor de si.
- Sim Senhor.
- Você, depois de algum tempo é o primeiro que passa por aqui. És um privilegiado, veras que quando retornares ao ponto de tua partida, sentir-te-ás outra pessoa.
- Mas que lugar é este?
- Muito bem, meu Menino. Este é um lugar especial. Quem vem aqui, veio para buscar conhecimentos. Para quando voltares praticá-los em prol da sua evolução.
- Mas como chama esse lugar?
- Denomine-o como quiser. Que nome você daria esse lugar?
Parei, pensei, fechei os olhos e falei: - O Vale da Paz.
- Muito bem, parabéns. Sabes por que se chama assim?
- Não.
- Por que aqui a Paz realmente existe.
Neste lugar poucas pessoas vem para cá. Por que acham um lugar monótono. Outros dizem que não há nada de especial para eles. Alguns são grosseiros de sentimentos, não possuem sensibilidade suficiente para sentir a Paz reinante neste lugar.
Pois, essa Paz não é a Paz propalada pelos homens. Essa Paz que encontramos aqui é aquela que um dia um especialista falou: -
- Perguntei-lhe: Mas eu tenho essa Paz?
Ele me disse:
- Ainda não. Estás aqui para aprenderes tudo que puderes praticando-os levaras esses conhecimentos aos outros, distribuído oportunidades para que muitos encontrem a verdadeira Paz. Não vais aprender tudo de uma vez. Voltará muitas vezes a este lugar.
- Virão mais homens e mulheres com os mais variados graus de evolução e sentimentos e esse lugar se transformará deixando de ser como é, ficando diferente sem essa Paz que sentimos agora?
- Não. Não ocorrera isso. Para cá virão aqueles que tem alguma aptidão para sentir essa Paz.
Continuando disse-me:
- Oh, desculpe não lhe ofereci água, não trouxeste nada. Quando empreenderes uma caminhada por algum lugar desconhecido sempre carregue consigo água e alimento.
Tirando a tampa do cantil encheu-a com água e ofereceu-me. Comecei a tomá-la senti um sabor maravilhoso, leve, era cristalina, sentia algumas micro partículas luminosas como grânulos de açúcar.
Parei de beber e perguntei-lhe: - A onde o Senhor encontrou essa água?
De pronto ele me respondeu: - Na fonte da vida. Isso é energia para refazer o teu ser.
Ao olhar para o copo estava cheio novamente, parecia que não tinha ingerido nada.
Olhou-me sorridente e falou-me:
- O sol está chegando ao poente, logo baixará atrás dos montes arborizados. Tens que voltar para o lugar de onde vieste, para que os teus familiares não sintam a tua falta e nem fiquem preocupados com você. Volte quando quiseres, é só me chamar que virei ao seu encontro.
Levantei-me para recomeçar a caminhada, despedi-me dele, ao voltar-me para o lado de onde vim, vi ele sorrindo e disse-me:
- Segue à frente o caminho é mais curto para chegares o lugar de onde saiu. Lembre-se bem, faça sempre o melhor que puderes em tudo que te diz respeito à fazer. Se puderes faça também pelos outros. Por favor cuide-se das pequenas pedras que encontrares no teu caminho, estás são as mais perigosas, pois, podem te derrubar, as grandes você as desviará. Bom Retorno. Adeus Menino.
Segui o meu caminho, quando me dei por conta estava num bairro da periferia da minha cidade, encontrei pessoas conversando, crianças brincando, cães latindo e o burburinho de cidade.
Eu estava me sentindo muito bem e sentia muita Paz.
Aprendi com a sabedoria dele que seja lá o que devemos fazer, por nós ou pelos outros, o mais simples ato ou a mais elevada arte de ciência, devemos fazer o melhor pudermos, para ficarmos com a nossa consciência em paz.
“Deixo-vos a Paz, a minha paz voz dou”. Dr. Humberto.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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