MANIFESTAÇÕES DE CÓLERA NA CRIANÇA.
Dra.
Maria Julia P. de Moraes P. Peres
A
cólera é um instrumento pela qual a criança reage contra um ambiente ameaçador,
geralmente formado, pela própria família ou pessoas do seu círculo social.
Na
sua forma primitiva é um auxílio da autodefa. Significa que há algum problema
em alguma situação, que deve ser solucionado. Indica embaraços na vida
emocional da criança, que poderiam passar despercebidos, pois a sua cólera
brota de dificuldades de sua vida interior.
O
Espiritismo nos esclarece que tais criatura são colocadas em nossa vida sempre
com uma finalidade útil, tanto para a nossa aprendizagem, como para a aquisição
de experiências e conhecimentos materiais e morais. Em ambos os casos, a nossa
responsabilidade é imensa em tentar orientar esses seres, que são postos em
nosso caminho com ligações espirituais e emocionais anteriores a esta vida. É
nosso dever estudá-los, compreendê-los e dar-lhes o que de melhor formos
capazes.
No
caso da cólera na criança, temos a tendência de encará-la como uma afronta ao
nosso orgulho, repelindo-a, muitas vezes, com manifestações da nossa própria
ira, envolvendo-a, não raras vezes, em conflitos íntimos que podem marcá-la
para toda existência. Por esse motivo faz-se mister conhecer os principais
fatores desencadeantes dessa cólera, para abordá-la cuidadosamente de modo a
melhorar aquele ser com o qual talvez tenhamos contraído dívidas no passado.
Esses fatores podem ser provocados pela nossa interferência em suas atividades
físicas e emocionais. Isto se manifesta desde a mais tenra idade: quando se
enrola um recém-nascido em cobertores ou faixas, tolhendo-se-lhe os movimentos;
quando não se cuida de trocar-lhe as fraldas e, convinientemente, de
alimentá-lo de maneira adequada ou de colocá-lo em posição confortável. antes
de um ano de idade as manifestações de cólera são no sentido de remover um
obstáculo. Aos dois e três anos é freqüente a criança encolerizada fazer
ameaças com desejo de vingança, manifestados muitas vezes por atitudes de
revide, como derrubar móveis, agressão por mordedura, pontapés, etc. Aos quatro
anos há crianças que ameaçam fugir, matar, ferir, machucar, como formas
indiretas de sua agressividade. Outras dirigem sua cólera contra si mesmas,
entregando-se à auto-agressão física, como morder-se e atirar-se ao chão. São
crianças mais suscetíveis à cólera as crianças inquietas, com sono, em
convalescença, cansadas, famintas.
A
freqüência é maior nos lares em que os pais apresentam desajustamento
emocional. Daí, mais uma vez a
necessidade imperiosa da prática da reforma íntima, a partir do próprio lar,
com sentimentos de tolerância e compreensão entre os conjugues, para
proporcionar um ambiente salutar, condicionador do equilíbrio psíquico dos
Espíritos que, por determinações superiores, estão encarnados em uma mesma
família.
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