EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO.
CAPÍTULO XIII.
NÃO
SAIBA A VOSSA MÃO ESQUERDA O QUE FAZ A VOSSA MÃO DIREITA.
INSTRUÇÕES
DOS ESPÍRITOS
A BENEFICÊNCIA
15.
Meus caros amigos, todos os dias ouço entre vós dizerem: “Sou pobre, não posso
fazer a caridade”, e todos os dias vejo que faltais com a indulgência aos
vossos semelhantes. Nada lhes perdoais e vos arvorais em juízes muitas vezes
severos, sem quererdes saber se ficaríeis satisfeitos que do mesmo modo
procedessem convosco. Não é também caridade a indulgência?
Vós, que apenas podeis fazer a caridade praticando a indulgência, fazei-a
assim, mas fazei-a largamente. Pelo que toca à caridade material, vou
contar-vos uma história do outro mundo.
Dois homens acabavam de morrer. Dissera Deus: “Enquanto esses dois
homens viverem, deitar-se-ão em sacos diferentes as boas ações de cada um
deles, para que por ocasião de sua morte sejam pesados.” Quando ambos chegaram
aos últimos momentos, mandou Deus que lhe trouxessem os dois sacos. Um estava
cheio, volumoso, atochado, e nele ressoava o metal que o enchia; o outro era
pequenino e tão vazio que se podiam contar as moedas que continha. “Este o
meu”, disse um, “reconheço-o; fui
Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita rico e dei muito.” “Este o meu”, disse o
outro, “sempre fui pobre, oh! Quase nada tinha para repartir.” Mas, oh!
surpresa! postos na balança os dois sacos, o mais volumoso se revelou leve,
mostrando-se pesado o outro, tanto que fez se elevasse muito o primeiro no
prato da balança. Deus, então, disse ao rico: “Deste muito, é certo, mas deste
por ostentação e para que o teu nome figurasse em todos os templos do orgulho
e, ademais, dando, de nada te privaste. Vai para a esquerda e fica satisfeito
com o te serem as tuas esmolas contadas por qualquer coisa.” Depois, disse ao
pobre: “Tu deste pouco, meu amigo; mas cada uma das moedas que estão nesta
balança representa uma privação que te impuseste; não deste esmolas,
entretanto, praticaste a caridade, e, o que vale muito mais, fizeste a caridade
naturalmente, sem cogitar de que te fosse levada em conta; foste indulgente;
não te constituíste juiz do teu semelhante; ao contrário, todas as suas ações lhe
relevaste: passa à direita e vai receber a tua recompensa. – Um Espírito protetor. (Lyon, 1861.)
Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131
a. Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
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