O EVANGELHO NO LAR.
A importância do Evangelho no Lar,
como fator de elevação espiritual, é bem conhecida.
Tenta-se desenvolver em alguns meios
espíritas, a idéia de que, tal prática, em nada beneficiara o progresso
espiritual do homem e que seria, apenas um ritual.
Nesse caso, faríamos como os
adolescentes imaturos, que rejeitam o auxílio dos mais velhos. Atitude
infantil, semelhante aos que, na Revolução Francesa, tentaram substituir os
santos por uma bailarina de ópera. Tal idéia não se justifica só porque alguns
utilizam o Evangelho de modo irracional, da mesma maneira com que lidava com a
Bíblia.
Negar a importância do Evangelho tão
bem descrita em “Obras Póstumas”, é negar o seu valor como elemento propulsor
de elevação espiritual. É negar competência ao pedagogo Kardec e à equipe do
Espírito de Verdade. Se existem mal-entendidos, esses devem ser corrigidos de
forma racional, e não negando todo o valor a uma obra cujo valor não poderíamos
sequer aquilatar.
Muitos se servem do Evangelho, como
outrora da óstia e das orações decoradas. Mas, devido à incompreensão de alguns
espíritas, não podemos destruir a obra do Espírito de Verdade. Os Espíritos
sempre disseram a Kardec que o Evangelho seria um livro de suma importância,
não só para a Doutrina, mas para o desenvolvimento espiritual de todos os que
dele se assenhoreassem e pusessem em prática.
Entendendo o Espiritismo como a
síntese do processo do conhecimento nas páginas do Evangelho encontramos a
síntese de todo um processo educacional a que o homem aspira. As palavras do
nosso irmão mais velho. Jesus, são aí explicadas precisamente para auxiliarem o
homem na sua caminhada para Deus. As experiências e as histórias de alguém que
caminhou mais, e vem nos indicar o rumo certo para a conquista da paz interior,
estão no Evangelho. Não podemos abandonar as aquisições de ordem moral e
intelectual dos que nos precederam. Isto seria voltar às leis da selva.
Os ensinamentos de Sócrates, Platão,
Zoroastro e outros grandes vultos que nos antecederam, são valiosos. Entre eles
surge a figura de nosso querido Irmão Jesus, que não só pregou como
exemplificou, a atitude desejável para os que se dizem racionais. Negar valor
às suas palavras, seria assemelhar-nos aos adolescentes que se voltam contra os
pais para destruí-los.
O Evangelho é um instrumento
precioso de libertação do homem do visco da matéria. É inútil queremos nos
comportar como as crianças zangadas e birrentas, que gritam que não precisam de
ninguém para se conduzirem. Todos precisamos uns dos outros. Ninguém caminha
sozinho. A Humanidade é um exemplo de uma grande corrente, cujos elos se
fizeram so acúmulo de experiências passadas. Jesus nos trouxe regras preciosas
que muito nos facilitarão a caminhada por este orbe, ao mesmo tempo que nos
assegurarão um futuro espiritual feliz.
Se neste século respeitamos Jung,
Freud e outros que engatinham, acertando e errando em busca de diretrizes que
auxiliem o homem, por que nos traz as experiências de Jesus? É nesse sentido
que o Evangelho deve ser considerado. E por que fazer o Evangelho no Lar?
Porque será a forma mais prática de estudar em conjunto, as palavras do maior
filósofo e psicólogo de todos os tempos. O modo mais simples e, portanto, mais
fácil de nos desembaraçar de muitas dificuldades. É o momento de sintonia com
os nossos irmãos espirituais que adquirem enormes experiências ao longo de suas
existências terrenas e que nos serão de muita valia. É a hora da nossa elevação
em pensamentos que nos confortam e aprimoram. Nessa hora até os materialistas
se genuflexam, interiormente. Por que negar, então, a importância desses
momentos em que a família se reúne para pensar bem? É tão horrível acatar os ensinamentos
de Jesus? Será proibido reunirmo-nos para meditar sobre o que ele nos ensinou e
exemplificou, se reconhecemos a importância de estudar as palavras dos que eles
ensinaram, por que não agirmos da mesma maneira com relação aos ensinamentos do
Mestre?
A prece nos liga, em pensamento, com
os nossos irmãos desencarnados. Esta ligação se estabelece de forma mais
viável, quando aquietamos o coração, e ouvimos nossas vozes interiores. Sem
rituais, nem posturas especiais ou palavras decoradas, a família se reúne para
meditar nos seres espirituais que todos somos, é uma hora linda de calma e de
amor. Foi com um homem culto, que era contra qualquer ritual, contra tudo que
impedisse o homem de crescer, que aprendi a dar valor ao Evangelho no Lar, com
meu pai (Prof. Espírita, Filósofo, José Herculano Pires). Ele nos ensinou a
elevarmos o pensamento de agradecimento a Deus, e depois a lermos, meditarmos e
compreendermos as palavras de Jesus. O Evangelho no Lar une os corações e nos
integra, de forma elevada, no mundo onde nos encontramos. As leis de Deus são
por nós melhor compreendidas. O Evangelho No lar nos possibilita o auxílio aos
nossos irmãos desencarnados que se acham, ainda, presos à vida material por
falta de orientação.
Heloisa
Pires.
Fonte: Livro “Educação Espírita” -
Heloisa Pires - Editora Paidéia.
(Revista Informação - No. 181 -
dezembro de 1991.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário