O CACHORRO DO DIMAS.
Duas e meia da madrugada, Chico
sozinho dirigia-se da casa de André para sua residência em Pedro Leopoldo.
A meio caminho, duas patas
formidável saltam sobre os seus ombros e uma cabeça enorme, famélica agita a
pesada corrente, girando em torno do rosto do médium. Era o cachorro do Dimas,
um temível dinamarquês que se soltará da prisão.
Que fazer?!
Chico está imóvel! E mansamente
começa a falar:
- Ah você se soltou, não é mesmo?
Você deve estar com muita fome para pular em mim desse jeito!
- ! ! !
- Olha! Não me faça mal nenhum, não!
Eu preciso trabalhar daqui a pouco e eu não posso perder dia de serviço. Faz falta
para minha família!
E o cachorro ali firme, balançando a
cabeça, sem desistir do ataque.
Mas Chico não desanimou a sua voz
suave prossegue:
- Se você me deixar, não me fizer
mal nenhum, eu prometo que dou toda a carne que tiver em casa. Venha comigo e
eu prometo a você: Toda a carne!...
Nesse momento o cão desprende-se dos
seus ombros e vai para o chão.
Chico dá os primeiros passos e o
animal acompanha-o com naturalidade. Madrugada alta lá vão os dois pelas ruas
desertas de Pedro Leopoldo, pelas calçadas, só o barulho da pesada corrente.
Abrindo a porta da casa, Chico
apressa-se em advertir sua dedicada irmã:
- “Luiza?!”
- Já vou, Chico!
Luiza tinha o hábito de fazer um
cafezinho para o irmão à hora que ele chegasse. Chico avisa logo:
- “Não, Luiza, não levanta, não!
Estou com uma visita aqui e não convém que você apareça. Você só vem quando eu
disser que pode.”
Uma vez sozinho, Chico passou a mão
em uma gamela, e colocou-a em meio a cozinha. O Cachorro ali firme, espiando...
E o médium foi jogando tudo dentro da vasilha; um pedaço enorme de carne
dependurada em um gancho, toda a carne da geladeira, abriu a lata de sardinha,
enfim botou tudo quanto havia. Quase quatro quilos de comida!
O cachorro fartou-se, comeu tudinho!
- Agora você vai! Volta direitinho
para a sua casa! Vai com Deus! Despediu-se o Chico.
Só quando fechou a porta, aliviado,
Chico chamou Luiza e contou sobre a festança de carne naquela madrugada.
Fonte: Folha Espírita em Revista - Editora Folha
Espírita - São Paulo, SP. - 1977.
RHEDAM. (mzgcar@Gmail.com)
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