SEGUNDA
PARTE.
CAPÍTULO XI.
SEMATOLOGIA
E TIPTOLOGIA.
145.
Resta-nos destruir
um erro assaz espalhado: o de confundirem-se com os Espíritos batedores todos
os Espíritos que se comunicam por meio de pancadas. A tiptologia constitui um
meio de comunicação como qualquer outro, e que não é, mais do que o da escrita,
ou da palavra, indigno dos Espíritos elevados. Todos os Espíritos, bons e maus,
podem servir-se dele, como dos diversos outros existentes. O que caracteriza os
Espíritos superiores é a elevação das idéias e não o instrumento de que se
utilizem para exprimi-las.
Sem dúvida, eles preferem os meios mais cômodos e, sobretudo, mais
rápidos; mas, em falta de lápis e papel, não escrupulizarão de valer-se da
vulgar mesa falante e a prova é que, por esse meio, se obtém os mais sublimes
ditados.
Se dele não nos servimos, não é porque o consideremos desprezível,
porém unicamente porque, como fenômeno, já nos ensinou tudo o que pudéramos vir
a saber, nada mais lhe sendo possível acrescentar às nossas convicções, e
porque a extensão das comunicações que recebemos exige uma rapidez com a qual é
incompatível a tiptologia.
Assim, pois, nem todos os Espíritos que se manifestam por
pancadas são batedores. Este qualificativo deve ser reservado para os que
poderíamos chamar batedores de profissão e que, por este meio, se deleitam em
pregar partidas, para divertimentos de umas tantas pessoas, em aborrecer com as
suas importunações. Pode-se esperar que algumas vezes dêem coisas espirituosas;
porém, coisas profundas, nunca. Seria, conseguintemente, perder tempo formular-lhes
questões de certo porte científico, ou filosófico.
A ignorância e a inferioridade que lhes são peculiares deram
motivo a que, com justeza, os outros Espíritos os qualificassem de palhaços, ou
saltimbancos do mundo espírita.
Acrescentemos que, além de agirem quase sempre por conta
própria, também são amiúde instrumentos de que lançam mão os Espíritos
superiores, quando querem produzir efeitos materiais.
Fonte, “Livro dos Médiuns“, Allan Kardec, da 18º. edição, abril de 1991, do
Instituto de Difusão Espírita de Araras, SP.
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