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quinta-feira, 23 de abril de 2015

- ESTUDANDO O LIVRO DOS ESPÍRITOS. - LIVRO SEGUNDO. - CAPÍTULO. I. - ESCALA ESPÍRITA. - Questão. Nº. 100. - ALLAN KARDEC.

                         O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

                                     LIVRO SEGUNDO.
           
                                           CAPÍTULO. I.

                                            ESCALA ESPÍRITA.

            Questão. Nº. 100. – Observações preliminares: A classificação dos Espíritos baseia-se sobre o grau do seu adiantamento, sobre as qualidades que adquiriram e sobre as imperfeições das quais devem ainda se despojar.
            Esta classificação, de resto, nada tem de absoluta; cada categoria não apresenta um caráter nítido senão no seu conjunto.
            Todavia, de um grau a outro a transição é insensível e sobre seus limites a pequena diferença se apaga como nos reinos da Natureza, como nas cores do arco-íris, ou ainda como nos diferentes períodos da vida do homem. Pode-se, pois, formar maior ou menor número de classes, segundo o ponto de vista sobre o qual se considera a questão. Ocorre o mesmo que em todos os sistemas de classificação científicas: esses sistemas podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos para a inteligência, mas, qualquer que sejam, não mudam em nada as bases da Ciência. Os Espíritos interrogados sobre essa questão podem, pois, ter divergido sobre o número de categorias, sem que isso tenha conseqüências, alguns se armam dessa contradição aparente, sem refletirem que os Espíritos não ligam nenhuma importância ao que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam para nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra os sistemas.
            Acrescentamos ainda esta consideração que não se deve jamais perder de vista: é que os Espíritos, do mesmo modo que entre os homens, há os muito ignorantes, não sendo demais colocar-se em guarda contra a tendência a crer que todos devem tudo saber porque são Espíritos. Toda classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto. Ora, o mundo dos Espíritos, aqueles que têm conhecimentos limitados são, como neste mundo, os ignorantes, os inaptos a abranger um conjunto, a formular um sistema. Não conhecem ou não compreendem, senão imperfeitamente, uma classificação qualquer; para eles, todos os Espíritos que lhe são superiores são da primeira ordem, sem que possam apreciar as diferenças se saber, de capacidade e de moralidade que os distinguem, como entre nós um homem rude em relação aos homens civilizados. Aqueles mesmo que estão aptos podem variar nos detalhes segundo seu ponto de vista, sobretudo quando uma divisão não tem nada de absoluta. Lineu, Jussieu e Tournefort tiveram, cada um, sem método, e a Botãnica não mudou por isso; é que não inventaram as plantas, em seus caracteres, mas observam as analogias com as quais depois formaram os grupos ou classes. Foi assim, também que procedemos; não inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos, julgando-os pelas suas palavras e atos, e depois os classificamos pelas semelhanças, baseados em dados que eles próprios nos forneceram.
            Os Espíritos, geralmente, admitem três categorias principais ou três grandes divisões. Na última, aquela que está no início da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela inclinação ao mal. Os da segunda caracterizam-se pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos. A primeira, enfim, compreende os espíritos puros, aqueles que alcançaram o supremo grau de perfeição.
            Esta divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta caracteres bem definidos.
            Só nos restava ressaltar, por um número suficiente de subdivisãoes, as diferenças principais do conjunto; foi o que fizemos, com o concurso dos Espíritos, cujas instruções benevolentes jamais nos faltaram.
            Com o auxílio deste quadro será mais fácil determinar a ordem e o grau de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos entrar em comunicação e, por conseqüência, o grau de confiança e de estima que merecem.
            É de alguma forma a chave da ciência espírita, porque só ele pode nos informar das anomalias que as comunicações apresentam, esclarecendo-nos quanto às desigualdades intelectuais e morais dos Espíritos. Observemos, contudo, que os Espíritos não pertencem para sempre exclusivamente a tal ou tal classe; seu progresso, não se realizando senão gradualmente e, frequentemente, mais num sentido que em outro, eles podem reunir os caracteres de várias categorias, o que se pode apreciar pela sua linguagem e pelos seus atos.

Fonte: “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” - Allan Kardec - 54a. Edição - Editora LAKE - São Paulo, SP - 1994.


                       RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

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