ORAÇÃO DO CAMPO TERRESTRE AO SEMEADOR
JUVENIL.
Sou a Terra fecunda que o Senhor te
confiou à esperança...
Muitos passam, chamando-me lama vil,
esquecendo o pão que lhes dou; desprezam-se outros, considerando-me barro
inútil, indiferentes à flor e ao fruto com que lhes amparo a vida.
Muitos guerreiam, disputando-me a
posse, encharcando-me de sangue e pranto, quando não me transformam em
ossuários perdidos nas trevas, enquanto muitos outros, ainda, adormecem,
desprevenidos, sobre o meu seio, afirmando-se necessitados e desditosos, quando
bastaria me resolvessem com atenção para senhorearem os tesouros que lhes
reservo.
Sou o campo de trabalho, em que Deus
te situou o berço e o lar, o templo e a escola.
Guardo comigo as lágrimas dos
lavradores que me buscaram antes de ti e amealharei teu suor em forma de
bênçãos.
Não me relegues ao abandono, para
que o tempo não escarneça de tua passagem.
Agora que o dia alvorece para as
tuas mãos juvenis, lembra-te de que a glória solar começa ao amanhecer...
Dá-me, assim, teu coração para que
eu te dê minha vida.
Não me firas debalde com lâmina do
verbo vazio e inoperante. Confia-me as sementes do ideal superior, na tarefa
digna a que fomos chamados, e retribuir-te-ei o devotamento com o ouro da
experiência e com o valor da lição.
Compadece-te do trabalhador que
treme na velhice, porque o inverno da carne, amanhã, te baterá igualmente à
porta, e ajuda aos companheiros humildes da retaguarda, sem olvidar que o Celeste
Semeador, mensageiro das verdades eternas, nasceu na Manjedoura e avançou para
a ressurreição, através da Cruz.
Guia teu arado no bem dos
semelhantes e milagres de amor colherás de meu sulco.
Livra-me dos vermes da ociosidade e
sustentar-te-ei na extinção das pragas da miséria e da ignorância.
Não me condenes à erva sufocante da
vaidade e do orgulho e dar-te-ei as riquezas da vida simples.
Auxilia-me com boa-vontade para que
eu te sirva sem descanso.
Recorda que o esplendor do dia, no
mundo, invariavelmente cede lugar à sombra... Mas, se te consagras ao plantio
da luz, a noite surgirá para teus olhos, resplandecente de estrelas,
anunciando-te o Excelso Despertar.
EMMANUEL.
(CHICO XAVIER.)
Fonte: Livro: “CORREIO FRATERNO” –
Autores Diversos – 2 ª. edição. – Editora FEB. – Rio de Janeiro, RJ. –
Fevereiro 1978.
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