MEDIUNIDADE
E VICIAÇÃO.
Quando a indisciplina comanda o
corpo surgem os desastres da conduta.
À medida que o conhecimento avança e
a ética oferece valiosas contribuições sociais o homem constata a necessidade
do equilíbrio de atitudes entre a organização somática e o caráter moral.
A Ortopedia, à custa de recursos
disciplinares, corrige as anormalidades da forma física conduzindo ossos e
cartilagens aos seus devidos fins.
A Ginástica, facultando elasticidade
aos músculos, desenvolve o corpo, modelando e corrigindo imperfeições para seu
melhor equilíbrio.
Na mesma ordem, muitos
desequilíbrios da mente, no que diz respeito ao comando da organização celular,
são conseqüências naturais do descaso que se dá ao aparelho psíquico.
Acostumando-se à rebelião dos
centros nervosos o homem encarnado experimenta o impacto de distúrbios de
variadas classificação, recebendo, no aparelho neuro-vegetativo, ação
desequilibrante que o leva a processos de conduta anormal.
Assim como o corpo se amolenta e
desorganiza por falta de ação positiva a mente se desarmoniza quando escasseiam
os valores estímulos para o seu desenvolvimento.
Jesus nos ensinou, desde há muito
que, pensando, o ser elabora o domicílio de carne pelo qual jornadeia, e
dirigindo o pensamento à divindade torna-se templo onde a Divindade se acolhe.
Embora a ancianidade do ensinamento os cristãos, fascinados pelo comando dos
valores terrenos, esqueceram as disciplinas mentais, relegando a plano
secundário o que, em verdade, representa condição essencial para uma vida
sadia.
Com o advento do Espiritismo, que
explica sobre as conseqüências das desarticulações morais o cristão novo
descobre que o pensamento é o dínamo vitalizador do corpo através do qual
veiculam as energias oriundas do Mundo Espiritual...
Nesse particular a mediunidade que
faculta o intercâmbio entre encarnados e desencarnados, não pode continuar
envolta nos “mistérios” clássicos das doutrinas esotéricas do passado nem tão
pouco relegada à indiferença dos estudiosos, utilizada pela ignorância de uns
ou pela inépcia de outros, constituindo-se veículo perigoso ao alcance da
irresponsabilidade...
Para que se coroem de êxito
quaisquer esforços no exercício mediúnico, estes devem partir do próprio
encarnado, que se deve submeter à disciplina austera, em continuados exercícios
de dignificação moral.
Estudo sério, ação benfazeja,
conduta firme e reta, renovação evangélica constante, aprimoramento infatigável
são linhas de segurança para o sucesso no serviço mediúnico.
Nesse particular, que se evitemos
hábitos da rotina mental, que se transformam em cacoetes psíquicos de difícil
erradicação.
Intercâmbio espiritual através da
mediunidade significa permuta entre os dois planos. Por mais física,
aparentemente, seja a comunicação esta é sempre de espírito a espírito,
utilizando-se o desencarnado das possibilidades do percípiente.
* * *
O médium é filtro por cuja mente
transitam as noticias da vida do além da vida.
Nesse sentido consideremos a
concentração mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor de fácil
manejo que, acionado, oferece passagem a energia comunicante, sem mais
cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um estado habitual da
mente em cristo e não uma situação passageira junto ao Cristo.
Graças à indisciplina da mente sacudida
pelos ventos da polidéia nascem, durante o labor intercambial os defeitos e
irregularidades que tanto prejudicam o ministério espiritual.
Aparecem em tais casos os pontos de
fixação psíquica no subconsciente do médium, prejudicando a assimilação da mensagem.
Ora, quando a mente desencarnada
penetra os círculos vibratórios do médium, se desavisado, reflete as
deficiências do companheiro que, acostumado à viciação psíquica, não registra
as idéias que lhe não sejam habituais.
Quando tal fenômeno sucede, o
médium, no ato da psicofonia, por exemplo, deixa-se afligir por esgares tosses,
bocejos, e, de fácil excitação, transmite aos sistema nervoso síndromes do
próprio desequilíbrio como se fossem parte integrante do mecanismo psíquico. Em
desarmonia, produz gritos e ruídos facilmente dispensáveis gerando um clima de
balbúrdia incompatível, por viciação, com a necessária serenidade mental de que
se deve revestir o estado mediúnico. Desse modo a seleção de imagens que
transitam pela mente do intermediário sofrem as dificuldades que lhe são
peculiares traduzidas ao paladar dos recursos defeituosos que lhe são próprios.
Quem se candidate, pois, ao serviço
mediúnico não descure os impositivos da harmonia psíquica.
Os exercícios do desprendimento das
idéias corriqueiras com o objetivo de acurar a audição interior não podem ser
relegados, transformando-se em meios de sintonização fácil com as mensagens
oriundas dos espíritos.
Jesus, enquanto esteve conosco na
Terra, não poucas vezes, deixou o tumulto para ouvir o Pai orando e comungando
com Ele em buscas de transcendências inexplicável pelo verbo comum.
Para tanto, porém, não é necessários
que o homem moderno se afaste dos deveres a que se está ligado para encontrar a
paz íntima.
Cultive o médium, todavia, o pensamento
nobre, silenciando o tumulto das vozes internas da alma, procurando renovação
em Jesus Cristo, cada dia e a toda a hora, e, oferecendo o tesouro da boa
vontade em favor da aflição alheia encontrará, na própria libertação, pela
mediunidade sem viciação, a sublime “escada de Jacó” que o conduzira aos
paramos da luz, consciente e lúcido como a verdade, descendo para ajudar, sem
perigo de contágio de qualquer natureza...
Manoel Philomeno de Miranda. (Médium
Divaldo Pereira Franco página recebida na sessão da noite de 12/08/1961 em
Salvador - Bahia).
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