VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
29 º. Parte. Não obstante a sua mansuetude, seu espírito fraternista, por excelência, pronta e dedicadamente saía à liça, como um leão, quando o espiritismo era atacado, disposto a derrubar o inimigo, com as armas da sua inteligência, de sua dialética, de seus conhecimentos e de sua indômita coragem. Nessas lutas, pouco se lhe dava que seus contendores ocupassem altos postos na política ou na administração pública, que gozassem do maio prestígio dos poderosos. Colocava, acima de seus interesses pessoais, a defesa do Espiritismo, desde que ela se fizesse necessária.
Quando, por exemplo, no Governo Provisório da república, foi promulgado o Código criminal do Brasil, condenando as práticas espíritas, Bezerra de Menezes não trepidou, um só instante, em lançar pelas colunas de O Paiz o que julgou por bem expender a respeito dessa falsa e intempestiva apreciação do Espiritismo.
Na impossibilidade de transcrevermos, na íntegra, os vários e longos artigos, comentando e criticando e protestando, pelo fato de se condenar, como asseverou ele, o que não se conhece e nem se deseja conhecer, limitar-nos-emos a transcrever alguns tópicos desses artigos, onde bem se lhe evidencia a coragem e a intrepidez na defesa do Espiritismo.
Pergunta ele:
“Os ilustres atores do Código, sábios em ciências de convenção, que o tempo traz e o tempo leva, que não conhecem patavina de ciências reais, exatas, naturais, estudaram o Espiritismo que conheceram?”
Citou entre mil nomes respeitáveis, como os de Crookes, Wallace, Gibier, Flammarion, Sardou, Zolner, Victor Hugo, Lincoln, Olinda, Abaeté, José Bonifácio, que procuravam, nas práticas espíritas, a solução dos problemas da nossa ciência, achando, e com razão, inadmissível houvesse alguém, naqueles dias e em documento oficial, que colocasse o Espiritismo no nível da magia e da feitiçaria.
E asseverava Bezerra:
“Estamos convencidos de que o sábio doutor das leis – Antônio Batista Pereira – não se deixou levar por filauciosa jactância, mas sim porque seu espírito (releva falarmos espiritualmente) é, intelectualmente, muito atrasado, requerendo ainda muitas reencarnações para chegar à compreensão das grandes leis do progresso.
“Isto se verifica, lendo-se o famoso Código, que reflete, à simples vista, o atraso de seu autor.
“E a prova, entre inúmeras, está em que o ilustre jurisconsulto inquinou-o da pena de prisão celular, idéia medieval, castigo inquisitorial, que já fez seu tempo, e que só um espírito acanhado e retrógrado podia lembrar-se de implantá-lo na legislação hioderna.
”As sociedades modernas procuram, por seus sistemas penais, arrancar do coração do criminoso o sentimento do mal, procuram corrigir e regenerar; e o nosso criminalista só teve em vista, com a tal prisão celular, esmagar o criminoso com o crime”.
Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES” - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
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