CAPÍTULO IV.
SISTEMAS.
51. Eis aqui a resposta dada, a esse respeito, por um Espírito:
“O que uns chamam de perispírito não
é outra coisa senão o que os outros chamam de envoltório material fluídico.
Direi, para me fazer compreender de maneira mais lógica, que esse fluido é a
perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e das idéias: falo dos
Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres são
ainda completamente inerentes a eles; pois são matéria, como vedes; daí os
sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos que não podem experimentar os
Espíritos superiores, uma vez que os fluidos terrestres são depurados ao redor
do pensamento, quer dizer, da alma. A alma, para seu progresso, tem sempre,
necessidade de um agente; a alma, sem agente, não é nada para vós ou, melhor
dizendo, não pode ser concebida por vós. O perispírito, para nós, Espíritos
errantes, é o agente pelo qual nos comunicamos convosco, seja indiretamente
pelo vosso corpo ou vosso perispírito, seja diretamente à vossa alma; daí os
infinitos matizes de médiuns e de comunicações. Agora, resta o ponto de vista
científico, quer dizer, a própria essência do perispírito; este é um outro
assunto. Compreendei primeiro moralmente; não resta mais do que uma discussão
sobre a natureza os fluidos, o que é inexplicável no momento; a ciência não
conhece bastante, mas lá chegara se quiser caminhar com o Espiritismo. O
perispírito pode variar e mudar ao infinito; a alma é o pensamento: não muda de
natureza; a esse respeito não vades mais longe, é um ponto que não pode ser
explicado. Credes que não procuro como vós? Vós buscais o perispírito; nós
buscamos a alma. Esperai, pois. – Lamennais”.
Assim, se os espíritos que se podem
considerar como avançados, não puderam ainda sondar a natureza da alma, como
poderíamos fazê-lo nós mesmos? Vai, pois, perder seu tempo quem quiser perscrutar
o princípio das coisas, que, como está dito em O Livro dos Espíritos (nºs 17,49)
está nos segredos de Deus. Pretender explorar, com a ajuda do Espiritismo, o
que não é ainda da alçada da Humanidade, é desviar-se de seu verdadeiro
objetivo; é fazer como a criança que quisera saber tanto como o velho. Que o
homem utilize o Espiritismo para seu adiantamento moral, é o essencial; o resto
não é senão curiosidade estéril e, frequentemente, orgulhosa, cuja satisfação
não lhe fará dar nenhum passo à frente; o único meio de avançar é o de
tornar-se melhor. Os Espíritos que ditaram o livro que leva seu nome provaram
sua sabedoria, limitando-se, no que concerne ao princípio das coisas, nos
limites de Deus que não permite atravessar, deixando aos Espíritos sistemáticos
e presunçosos a responsabilidade das teorias antecipadas e errôneas, mas
sedutoras que sólidas, e que cairão um dia Dante da razão, como tantas outras
saídas dos cérebros humanos. Não disseram senão o que era necessário para fazer
o homem compreender o futuro qu o espera, e, por isso mesmo, encorajá-lo ao
bem. (Veja-se, em continuação, 2ª parte, cap. 1º, Ação dos Espíritos sobre a
matéria.)
Fonte:
O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - 18 º edição - Abril de 1991, Editora
Instituto de difusão Espírita de Araras, SP.
RHEDAM.(rrhedam@gmail.com)
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