CAPÍTULO III.
MÉTODO.
31. Para se proceder, no ensino do Espiritismo, como se faria nas ciências ordinárias, seria preciso passar em revista toda a série de fenômenos que podem se produzir, começando pelos mais simples e alcançando sucessivamente os mais complicados; ora, é o que não se pode, porque seria impossível fazer um curso de Espiritismo experimental como se faz um curso de física e de química. Nas ciências naturais opera-se sobre a matéria bruta que se manipula à vontade, e se está quase certo de poder regular seus efeitos; no Espiritismo, trata-se com inteligências que têm sua liberdade, e nos provam, a cada instante, que não se submetem aos nossos caprichos; é preciso, pois observar, esperar os resultados e apanhá-los de passagem; também dissemos claramente que todo aquele que se gabasse de os obter à vontade, não pode ser senão um ignorante um impostor; por isso ao Espiritismo verdadeiro não se porá jamais em obstáculo, e jamais subirá ao palco. Há mesmo alguma coisa ilógica em supor que os Espíritos vêm desfilar e se submeter à investigação como objetos de curiosidade. Os fenômenos, portanto, podem faltar quando deles se tem necessidade, ou se apresentar de maneira diferente daquela que se deseja. Ajuntemos, ainda, que, para se obter, é preciso pessoas dotadas de faculdades especiais, e que essas faculdades variam ao infinito, segundo a aptidão dos indivíduos; ora, como é extremamente raro que a mesma pessoa tenha todas as aptidões, há uma dificuldade a mais, porque seria preciso ter sempre sob a mão uma verdadeira coleção de médiuns, o que não possível.
O meio de obviar esses inconveniente é muito simples, e é o de começar pela teoria; por ela todos os fenômenos são passados em revista; são explicados, podendo-se deles se inteirar, compreender-lhes a possibilidade, conhecer as condições nas quais podem se produzir e os obstáculos que podem encontrar; então, qualquer que seja a ordem à qual são conduzidos pelas circunstâncias, não têm nada que se surpreender. Esse caminho oferece ainda uma outra vantagem, a de poupar àquele que quer operar, uma multidão de decepções; premunido contra as dificuldades, pode manter-se em guarda e evitar adquirir experiências a suas próprias custas.
Depois que nos ocupamos com o Espiritismo, nos seria difícil dizer que o número de pessoas que vieram junto a nós, e, entre estas, quantas vimos permanecrem indiferentes, ou incrédulas, em presença de fatos os mais patentes, e que não se convenceram senão mais tarde por uma explicação racional;Quantas outras estavam predispostas à convicção pelo raciocínio; quantas enfim, foram persuadidas sem nada ter visto, mas unicamente porque haviam compreendido. É, pois, por experiência que falamos, e é também porque dizemos que o melhor método de ensino espírita é o de se dirigir à razão antes de se dirigir aos olhos. É o que seguimos em nossas lições, e não temos senão que nos aplaudir.
Fonte: O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - 18 º edição - Abril de 1991, Editora Instituto de difusão Espírita de Araras, SP.
RHEDAM. (rhedam@gmail,com)
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