APOIO FRATERNO.
Auxiliando Almas a Vencer a Dependência Química.
CAPÍTULO. I.
PRINCÍPIOS DO APOIO FRATERNO.
11 º Princípio: EXIGÊNCIA OU DISCIPLINA.
A postura dos codependentes que participam do grupo é a de quem ama o dependente, mas não aceita o que ele faz de errado.
A proposta tem o objetivo de ordenar, organizar, esclarecendo com verdadeira disciplina, o rumo que se quer dar à vida da família, começando por pequenas coisas exteriores, para chegar afinal às grandes mudanças, as reais mudanças de atitudes.
Para isso, é importante determinar claramente os limites emocionais, físicos e econômicos, bem como estabelecer as regras da casa que toda a família deve seguir , com firmeza.
Codependentes e dependentes tem compromissos uns com os outros, não é por acaso que estão juntos nesta jornada, têm metas a serem cumpridas, cada qual a seu modo, com direitos e deveres, com respeito e responsabilidades mútuas.
“Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. A Parentela corporal e a parentela espiritual; capítulo XIV, item 8.)
O Apoio Fraterno não aconselha a expulsão dos dependentes de casa. A proposta não é essa. Depois de se ter tentado tudo para controlar o comportamento inadequado, chegando ao limite máximo dos codependentes, ou da família, o dependente deve fazer a sua escolha: ou entra no esquema de cooperação de horário, respeito às regras e consideração com as pessoas, ou vai viver por sua conta, de forma que lhe convém.
“Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior: a estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. A Ingratidão dos filhos e os laços de família; capítulo XIV, item 9.)
O dependente possui o livre-arbítrio; ficou sob a responsabilidade dos codependentes enquanto eles puderam ajudá-lo; agora, terá que assumir suas escolhas e enfrentar as consequências, sejam elas quais forem.
O dependente deve ser compreendido; é de seu direito sair de perto dos codependentes com quem não tem afinidades. Se quiser usar drogas ou prostituir-se, como impedi-lo? Viver sozinho é um direito dele. Sendo dono de sua vida, pode fazer com ela o que bem quiser, mas deve aceitar que não será financiado.
Os codependentes não o ajudarão a manter uma vida que não aprovam. E têm o direito de ser felizes, independentemente das escolhas do dependente.
Se alguns Espíritos escolhem, por provação, o contato com o vício, haverá os que busquem por simpatia e pelo desejo de viverem num meio conforme aos seus gostos, ou para poderem entregar-se materialmente aos seus pendores matérias?
“Há, sem dúvida, mas somente entre aqueles cujo senso moral ainda está pouco desenvolvido. A prova vem por si mesmo e eles a sofrem por mais tempo. Cedo ou tarde, compreendem que a satisfação de suas paixões brutais lhes traz consequências deploráveis, que sofrerão durante um tempo que lhe parecerá eterno. Deus poderá deixá-los nesse estado, até que compreendam seus erros e, por iniciativa própria, peçam para repará-los, mediante úteis provações”. (O Livro dos Espíritos, questão 265)
É de grande importância que os codependentes frequentem um grupo de apoio, falem das coisas que os magoam, peçam ajuda. Mas façam planos próprios. Cada um sabe o que precisa ou o que pode suportar. Não devem deixar que a timidez, o medo, a vergonha ou a culpa os imobilizem. Os codependentes devem fazer algo por si, por sua família, pelo dependente. O grupo será a força para ajudar a família e seu familiar difícil, rebelde ou dependente.
Se ele for menor de idade, procurem o juiz ou promotor, exponham a situação, peçam-lhe ajuda, reconhecendo a impotência da família diante da agressividade e violência do adolescente.
É bom saber que existe falsa menoridade: jovens de 13,14 ou 16 anos que sabem muito mais de malandragem e maldade do que muitos adultos. Assim como existe falsa maioridade: adultos de 25, 30 ou 40 anos que dependem inteiramente dos pais. Por isso, o indivíduo é considerado adulto no momento em que tem consciência de seus deveres e compromissos morais.
“(...) Admitamos, ao contrário, uma série de existências progressivas anteriores e tudo se explica. Os homens trazem, ao nascerem, a intuição do que aprenderam antes; são mais ou menos adiantados, conforme o número de existências por que passaram, conforme já estejam mais ou menos afastados do ponto de partida, exatamente como, numa reunião de indivíduos de todas as idades, cada um terá desenvolvimento proporcional ao número de anos que tenha vivido. (...)” (O Livro dos Espíritos, questão 222.)
Os codependentes não devem ter medo, devem ser firmes, a fim de auxiliar o dependente.
Para terem o sucesso, é importante que familiares e amigos entendam sua atitude e não se coloquem uns contra os outros, pondo a perder todo o esforço dos codependentes para a reorganização familiar. Acolher o dependente, nesse momento, só vai funcionar se as regras, os deveres e os direitos forem iguais aos estabelecidos pela família.
É importante também ter coragem e confiança. Parece um paradoxo, mas quando os codependentes têm coragem de pôr em risco a vida do dependente, permitido seu confronto genuíno com a vida de viciado, aí sim, acabam por recuperá-lo.
“Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por amor a mim, esse a salvará!” (Lucas, capítulo 9, versículo 24)
“O caráter essencial das penas irrevogáveis é a ineficiência do arrependimento, e Jesus nunca disse que o arrependimento não mereceria a graça do Pai. Ao contrário, sempre que se lhe deparou ensejo, ele falou de um Deus clemente, misericordioso, solícito em receber o filho pródigo que voltasse ao lar paterno; inflexível, sim, pelo perdão do culpado, porém, pronto sempre a trocar o castigo pelo perdão do culpado sinceramente arrependido. Esse não é, por certo, o traço de um Deus sem piedade. Também convém assinalar que Jesus nunca pronunciou contra quem quer que fosse, mesmo contra os maiores culpados, a condenação irremissível”. ( Céu e o Inferno, Primeira Parte, capítulo VI, item 7.)
Fonte: Livro APOIO FRATERNO - Edson Luis dos Santos Cardozo e Autores Diversos - 3ª edição - Grupo Espírita Seara Do Mestre - Santo Ângelo, RS - Julho 2010.
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