CAPÍTULO X.
BEM-AVENTURADOS OS
QUE SÃO MISERICORDIOSOS.
16. Espíritas, queremos falar-vos hoje da
indulgência, sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com
seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso.
A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita
falar deles, divulgá-los. Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos
senão dela unicamente, e, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma
escusa para eles, escusa plausível, séria, não das que, com aparência de
atenuar a falta, mais a evidenciam com pérfida intenção.
A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que
seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os
atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem nos
lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados.
Quando criticais, que consequência se há de tirar das vossas
palavras? A de que não tereis feito o que reprovais, visto que estais a
censurar; que valeis mais do que o culpado. Ó homens! quando será que julgareis
os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios
atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando só tereis olhares
severos sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros.
Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os pensamentos
íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas
que censurais, ou condena o que relevais, porque conhece o móvel de todos os
atos. Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes: anátema! tereis,
quiçá, cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai,
acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita. – José,
Espírito protetor. (Bordeaux, 1863.)
Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131
a. Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário