EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO.
CAPÍTULO X.
BEM-AVENTURADOS OS
QUE SÃO MISERICORDIOSOS.
6. Na prática do perdão, como, em geral, na do bem,
não há somente um efeito moral: há também um efeito material. A morte, como
sabemos, não nos livra dos nossos inimigos; os Espíritos vingativos perseguem,
Muitas vezes, com seu ódio,
no além-túmulo, aqueles contra os quais guardam rancor; donde decorre a
falsidade do provérbio que diz: “Morto o animal, morto o veneno”, quando
aplicado ao homem. O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal,
esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o
atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições. Nesse
fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que
apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão. O obsidiado e o
possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se
encontra em existência anterior, e à qual o que a sofre deu lugar pelo seu
proceder. Deus o permite, para os punir do mal que a seu turno praticaram, ou,
se tal não ocorreu, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, não
perdoando. Importa, conseguintemente, do ponto de vista da tranqüilidade
futura, que cada um repare, quanto antes, os agravos que haja causado ao seu
próximo, que perdoe aos seus inimigos, a fim de que, antes que a morte lhe
chegue, esteja apagado qualquer motivo de dissensão, toda causa fundada de
ulterior animosidade. Por essa forma, de um inimigo encarniçado neste mundo se
pode fazer um amigo no outro; pelo menos, o que assim procede põe de seu lado o
bom direito e Deus não consente que aquele que perdoou sofra qualquer vingança.
Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso
adversário, não é somente objetivando apaziguar as discórdias no curso da nossa
atual existência; é, principalmente, para que elas se não perpetuem nas
existências futuras. Não saireis de lá, da prisão, enquanto não houverdes pago
até o último centavo, isto é, enquanto não houverdes satisfeito completamente a
Justiça de Deus.
Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131
a. Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
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