CAPÍTULO IX.
A AFABILIDADE E A
DOÇURA.
6. A benevolência para com os seus semelhantes,
fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as
formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A
educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas
qualidades.
Quantos há cuja fingida
bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso
dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que
têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que são brandas, desde que nada as agaste, mas
que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo
peçonhento, quando estão por detrás.
A essa classe também
pertencem esses homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que
suas famílias e seus subordinados lhes sofram o peso do orgulho e do
despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento que, fora de casa,
se impõem a si mesmos.
Não se atrevendo a usar de
autoridade para com os estranhos, que os chamariam à ordem, acham que pelo
menos devem fazer-se temidos daqueles que lhes não podem resistir.
Envaidecem-se de poderem dizer: “Aqui mando e sou obedecido”, sem lhes ocorrer
que poderiam acrescentar: “E sou detestado.”
Não basta que dos lábios
manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há
hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se
desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ademais,
sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém
engana. – Lázaro. (Paris, 1861.)
Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131
a. Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
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