(Aos pessimistas)
Se
há noite escura na Terra,
Onde
rugem tempestades,
Se
há tristezas, se há saudades,
Amargura
e dissabor,
Também
há dias dourados
De
sol e de melodias,
Francisco Cândido Xavier - Parnaso de
Além-Túmulo 170
Esperanças
e alegrias,
Canções
de eterno fulgor!
A
Terra é um mundo ditoso,
Um
paraíso de amores,
Jardim
de risos e flores
Rolando
no céu azul.
Um
hino de força e vida
Palpita
em suas entranhas,
Retumba
pelas montanhas,
Ecoa
de Norte a Sul.
Os
sonhos da mocidade,
As
galas da Natureza,
Livro
de excelsa beleza
Com
páginas de esplendor,
Onde
as histórias são cantos
De
gárrulos passarinhos,
Onde
as gravuras são ninhos
Estampados
no verdor;
Onde
há reis que são poetas,
E
trovadores alados,
Heróis
ternos, namorados,
Gargantas
de ouro a cantar,
Saudando
a aurora que surge
Como
ninfa luminosa,
A
olhar-se toda orgulhosa
No
espelho do grande mar!
Onde
as princesas são flores,
Que
se beijam luzidias,
Perfumando
as pradarias
Com
seu hálito de amor;
Desabrochando
às centenas,
Na
estrada onde o homem passa,
Oferecendo-lhe
graça,
Sorrindo,
cheias de olor.
O
dia todo é alvorada
De
doces encantamentos;
A
noite, deslumbramentos
Da
Lua, em seus brancos véus!
A
tarde oscula as estrelas,
Os
astros o Sol-nascente,
O
Sol o prado ridente,
O
prado perfuma os céus!...
Quem
vive num éden desses,
É
sempre risonho e forte,
Jamais
almeja que a morte
Na
vida o venha tragar;
Sabe
encontrar a ventura
Nesse
jardim de pujanças,
E
enche-se de esperanças
Para
sofrer e lutar.
Se
há noite escura na Terra,
Abarrotada
de dores,
De
lágrimas e amargores,
De
triste e rude carpir,
Também
há dias dourados
De
juventude e esplendores,
De
aromas, risos e flores,
De
áureos sonhos no porvir!...
Casimiro de Abreu
POETA fluminense, desencarnou aos 18 de outubro de
1860, na Fazenda de Indaiaçu, no então município de Barra de São João, hoje
denominado Casimiro de Abreu, com 21 anos de idade, acometido de tuberculose
pulmonar. Figura literária das mais típicas do seu tempo, o autor malogrado de
Primaveras ainda aqui se afirma no seu profundo quão suave nativismo lírico.
Suas composições possuem “um saboroso estilo colorido, sensível e personalíssimo”
– disse Ronald de Carvalho.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
AUTORES DIVERSOS. - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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