AO MEU CARO QUINTÃO.
Quintão,
eu sei da saudade
Que
te aperta o coração,
Dos
nossos dias passados,
Que
tão distantes se vão.
Vassouras!...
belas paisagens
Cheias
de vida e de cor,
Um
céu azul e estrelado
Cobrindo
uns ninhos de amor.
Árvores
fartas e verdes
Pela
alfombra dos caminhos,
A
ermida branca e suave
De
ternos, doces carinhos.
O
nosso amigo Moreira
E
a sua barbearia,
Onde
uma vez me encontraste
Na
minha noite sombria.
Detalhes
cariciosos
Da
vida singela e calma,
Vida
de encantos divinos
Que
eu via com os olhos d'alma.
Meus
pobres versos – “Singelos”,
“Aves
implumes” da dor,
Que
traduziam no mundo
O
meu pungente amargor.
A
minha pobre Carlota,
A
companheira querida,
O
raio de claridade
Da
noite da minha vida.
Os
artigos do Bezerra
De
outros tempos, no “O Pais”,
O
mestre da Velha Guarda,
Unida,
forte e feliz.
A
tua doce amizade
A
luz do Consolador,
Teu
coração generoso
De
amigo, irmão e mentor.
Ah!
Quintão, hoje os meus olhos
Embebedam-se
de luz,
Pelas
estradas sublimes
Da
santa paz de Jesus!
Mas
não sei onde a saudade
É
mais forte nos seus véus,
Se
pelas sombras da Terra,
Se
pelas luzes dos Céus.
Casimiro Cunha
POETA vassourense, nasceu aos 14 de abril de 1880 e
desencarnou em 1914. Pobre, ao demais espírita confesso, não teve maior
projeção no cenáculo literário do seu tempo, mau grado à suavidade da sua musa
e inatos talentos literários. Há, na sua existência terrena, uma triste
particularidade a assinalar, qual a de haver perdido uma vista aos 14 anos, por
acidente, para de todo cegar da outra aos 16. Órfão de pai aos 7 anos, apenas
freqüentou escolas primárias. Era um espírito jovial e forte no infortúnio, que
ele sabia aproveitar no enobrecimento da sua fé. Se tivesse tido maior cultura,
atingiria as maiores culminâncias do firmamento literário.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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