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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

- POEMAS ESPIRITAS. PARNASO DE ALÉM TÚMULO. - AO MEU CARO QUINTÃO. - CASIMIRO CUNHA. (CHICO XAVIER. )


           AO MEU CARO QUINTÃO.

Quintão, eu sei da saudade
Que te aperta o coração,
Dos nossos dias passados,
Que tão distantes se vão.

Vassouras!... belas paisagens
Cheias de vida e de cor,
Um céu azul e estrelado
Cobrindo uns ninhos de amor.

Árvores fartas e verdes
Pela alfombra dos caminhos,
A ermida branca e suave
De ternos, doces carinhos.

O nosso amigo Moreira
E a sua barbearia,
Onde uma vez me encontraste
Na minha noite sombria.

Detalhes cariciosos
Da vida singela e calma,
Vida de encantos divinos
Que eu via com os olhos d'alma.

Meus pobres versos – “Singelos”,
“Aves implumes” da dor,
Que traduziam no mundo
O meu pungente amargor.

A minha pobre Carlota,
A companheira querida,
O raio de claridade
Da noite da minha vida.

Os artigos do Bezerra
De outros tempos, no “O Pais”,
O mestre da Velha Guarda,
Unida, forte e feliz.

A tua doce amizade
A luz do Consolador,
Teu coração generoso
De amigo, irmão e mentor.

Ah! Quintão, hoje os meus olhos
Embebedam-se de luz,
Pelas estradas sublimes
Da santa paz de Jesus!

Mas não sei onde a saudade
É mais forte nos seus véus,
Se pelas sombras da Terra,
Se pelas luzes dos Céus.

Casimiro Cunha

POETA vassourense, nasceu aos 14 de abril de 1880 e desencarnou em 1914. Pobre, ao demais espírita confesso, não teve maior projeção no cenáculo literário do seu tempo, mau grado à suavidade da sua musa e inatos talentos literários. Há, na sua existência terrena, uma triste particularidade a assinalar, qual a de haver perdido uma vista aos 14 anos, por acidente, para de todo cegar da outra aos 16. Órfão de pai aos 7 anos, apenas freqüentou escolas primárias. Era um espírito jovial e forte no infortúnio, que ele sabia aproveitar no enobrecimento da sua fé. Se tivesse tido maior cultura, atingiria as maiores culminâncias do firmamento literário.

            Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.

                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

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