O ENGANO
As
vezes diz a Ciência
Que
a crença é engano profundo,
Esperando
uma outra vida
Noutros
planos, noutro mundo...
E
diz arrogante à Fé:
–
“Estás louca! A morte apenas
É
o sono eterno e tranqüilo
Depois
das lutas terrenas.”
Ao
que ela replica, humilde:
–
“Mais tarde, Ciência amiga,
Serás
o sósia da Fé,
Andarás
ao lado meu.
Se
for sono, dormiremos,
Mas
se não for, pois não é,
De
quem será esse engano?
Será
meu ou será teu?”
Casimiro Cunha
POETA vassourense, nasceu aos 14 de abril de 1880 e
desencarnou em 1914. Pobre, ao demais espírita confesso, não teve maior
projeção no cenáculo literário do seu tempo, mau grado à suavidade da sua musa
e inatos talentos literários. Há, na sua existência terrena, uma triste
particularidade a assinalar, qual a de haver perdido uma vista aos 14 anos, por
acidente, para de todo cegar da outra aos 16. Órfão de pai aos 7 anos, apenas
freqüentou escolas primárias. Era um espírito jovial e forte no infortúnio, que
ele sabia aproveitar no enobrecimento da sua fé. Se tivesse tido maior cultura,
atingiria as maiores culminâncias do firmamento literário.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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