FLORES SILVESTRES.
Já
viste, filho, a floresta
Varrida
pelas tormentas?
Partem-se
troncos anosos,
Caem
copas opulentas.
Mil
árvores grandiosas
Esfacelam–se
nos ares
Tombam
gigantes da selva,
Venerandos,
seculares.
Mas
as florinhas silvestres
São
apenas baloiçadas,
Continuando
graciosas
A
tapetar as estradas.
Zune
o vento? geme a selva?
Não
sabe a pequena flor,
Que
perfumando o caminho
Compõe
um hino de amor.
Flores
silvestres!... Imagem
Dos
bons e dos pequeninos,
Que
sobre o mundo derramam
As
graças dos dons divinos.
Na
selva da vida humana
Caem
grandes, poderosos:
Arcas
repletas de ouro,
E
frontes ébrias de gozos.
Mas,
os humildes da Terra,
Dentro
da fé que os conduz,
Não
caem... São refletores
Da
bondade de Jesus.
Flores
silvestres da vida,
Não
sabem se há tempestade
De
ambições e se há no mundo
Leis
de ódio e iniqüidade.
Nos
dias mais tormentosos,
Sê,
filho, como esta flor:
Chore
o homem, grite o mundo,
Palmilha
a estrada do amor.
Casimiro Cunha
POETA vassourense, nasceu aos 14 de abril de 1880 e
desencarnou em 1914. Pobre, ao demais espírita confesso, não teve maior
projeção no cenáculo literário do seu tempo, mau grado à suavidade da sua musa
e inatos talentos literários. Há, na sua existência terrena, uma triste
particularidade a assinalar, qual a de haver perdido uma vista aos 14 anos, por
acidente, para de todo cegar da outra aos 16. Órfão de pai aos 7 anos, apenas
freqüentou escolas primárias. Era um espírito jovial e forte no infortúnio, que
ele sabia aproveitar no enobrecimento da sua fé. Se tivesse tido maior cultura,
atingiria as maiores culminâncias do firmamento literário.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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