MEDIUNIDADE
E EVANGELHO.
MÉDIUNS E
OBSESSÃO.
“4 º. Confiança do médium nos elogios que lhe dão os Espíritos que se
comunicam por ele.” (Cap. XXIII – Segunda parte – item 243: “Reconhece-se a
obsessão pelos caracteres seguintes:”)
Entre diversas passagens
evangélicas, existem duas em “Atos dos
Apóstolos” sobre as quais, de quando em vez, deveríamos meditar,
vacinando-nos contra o assédio das idéias obsessivas no que tange aos nossos
próprios valores diante da Vida.
A primeira está inserida no cap. 10,
versículos 25 e 26, quando Pedro
encontra-se com Cornélio em Cesaréia: “aconteceu que, indo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e,
prostrando-se-lhe aos pés, o adorou.
Mas
Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem.”
A segunda passagem referida envolve Paulo e Barnabé, na cidade de Listra, conforme pode-se ler no cap.
14, versículos 11 e seguintes: “Quando
as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo:
Os deuses em forma de homens, baixaram até nós.
A Barnabé chamavam Júpiter,
e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra.
O sacerdote de Júpiter, cujo o templo estava em frente a cidade, trazendo para
junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as
multidões.
Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando suas vestes, saltaram para o meio da multidão,
clamando:
“Senhores,
por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos
sentimentos (...)”
Assim como um processo obsessivo pode terminar com o
exercício consciente da mediunidade, a mediunidade exercida de forma
irresponsável pode desencadear um processo obsessivo de longo curso.
No capítulo precedente, quando
examinamos a questão do personalismo, deixamos implícito o alerta para os
companheiros da mediunidade que não exercem sobre si mesmos a vigilância
necessária.
Vejamos que a luta contra a idolatria humana
vem desde os tempos apostólicos. Pedro,
Paulo e Barnabé não se cansam de declarar suas limitações, impedindo que
fossem confundidos com os “Deuses”...
Infelizmente, muitos medianeiros, que estimam o elogio fácil, tornam-se presas
da obsessão, “adoecendo” as
faculdades medianímicas de que são portadores. Não raro, passam a acreditar que
são superiores, inclusive, aos Benfeitores
Espirituais que se comunicam por seu intermédio... Quando tal ocorre, as
advertências do Mundo Espiritual lhe
são endereçadas de maneira constante; entretanto eles quase nunca as tomam para
si e chegam a se aborrecer com os companheiros médiuns que são utilizados para
semelhante mister.
Numa outra passagem evangélica, Jesus recomenda aos apóstolos que se
considerem servos imperfeitos, porque, em cumprindo o dever, nada mais fizeram
do que lhes competia fazer...
O médium, e o espírita de maneira
geral, é uma pessoa como as demais; o que o diferencia, se é que algo o
diferencia, é a sua maior responsabilidade pelos conhecimentos adquiridos e
conseqüentemente, a sua maior obrigação de servir.
É indispensável que imitando Paulo e Barnabé, os médiuns “rasguem as vestes” do personalismo e da
vaidade, impedindo que se crie deles uma falsa imagem.
Dificilmente, na Terra, o médium,
seja ele qual for, escapará ao assédio das tentações... Paulo confessava trazer “um
espinho” cravado na carne por constante advertência, a fim de que nada se
vangloriasse... Mas sofrer o assédio das tentações é uma coisa, ceder a ele é
outra.
Escrevendo aos habitantes de Corinto, Paulo acentua no cap. 9 versículo 12, de sua primeira epístola: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja
que não caia.” E como que completando o seu pensamento, vejamos a palavra
do apóstolo em sua segunda carta aos coríntios, no Cap. 12, versículo 10: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor do Cristo.
Porque quando sou fraco, então é que sou forte.” (os grifos são do autor)
Longe da idéia de masoquismo, Paulo
sabia que é a humanidade que confere ao homem a verdadeira grandeza e que a
consciência de suas fraquezas é o que o eleva acima de si mesmo.
Fonte: Livro Mediunidade e Evangelho - Odilon
Fernandes (Espírito) Psicografado por Carlos A. Baccelli - 6o.
Edição - Editora Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP – Janeiro/2008..
RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)
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