AOS FRACOS DA VONTADE.
Homem, levanta o véu do teu futuro,
Troca o prazer sensualista e obscuro
Pelo conhecimento da Verdade.
Foge do escuro ergátulo do mundo
E abandona o desejo moribundo
Pelo poder da tua divindade.
Teu corpo é todo um orbe grande e vasto:
Livra-o do mal onifero, nefasto,
Com a espada resplendente da virtude;
Que o sol da tua mente, eterno esplenda,
Dando a teu mundo a mágica oferenda
Da alegria em divina plenitude.
Deixa o conjunto de ancestralidades
De carne – o eterno símbolo do Hades –
Onde o espírito clama, sofre e chora;
Deixa que as tuas glândulas do pranto
Te salvem do cadinho sacrossanto
Da lágrima pungente e redentora.
Mas, sobretudo, observa o pensamento,
Fonte da força e altíssimo elemento,
Em que toda molécula se cria;
Da existência ele faz sepulcro abjeto
Ou jardim luminoso e predileto,
De arcangélicas flores de harmonia.
Ouve-te sempre a ronda do mistério,
Mas faze de tua alma um grande império
De beleza, de paz e de saúde;
Que as tuas agregações moleculares
Vivam livres de todos os pesares,
Com os tônicos sagrados da Virtude.
Tua vontade esclarecida e forte
Triunfará das angústias e da morte
Além dos planos tristes da matéria,
Mas atua vontade enfraquecida
É a meretriz no báratro da vida,
Amarrada no catre da miséria!
AUGUSTO DOS ANJOS.
PARAIBANO. Nasceu em 1884 e desencarnou em 1914, na Cidade de Leopoldina, Minas. Era professor no Colégio Pedro II. Inconfundível pela bizarria da técnica, bem como dos assuntos de sua predileção, deixou um só livro – Eu – que foi, aliás, suficiente para lhe dar personalidade original.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - CÁRMEN CINIRA e outros autores - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)
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