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quarta-feira, 11 de abril de 2012

- HISTÓRIA ESPIRITUAL DO BRASIL. - No. 30. - A GUERRA DO PARAGUAI. - BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO. - HUMBERTO DE CAMPOS. (IRMÃO X. CHICO XAVIER.)


            A GUERRA DO PARAGUAI

D. Pedro II, à medida que ampliava as suas experiências em contato com a vida e com os homens, amadurecia, e apresentava as belas qualidades do seu coração da sua inteligência. Suas virtudes morais conquistavam simpatia popular, o generoso imperador, beneficia inúmeros pobres e educavam estudiosos sem recursos, era venerado carinhosamente pela multidão. Dado à arte e afilo Sofia, alcançou os ambientes da cultura européia, onde seu nome era admirado por todos os pensadores do século. Se abstraia muitas vezes dos textos constitucionais para consultar os interesses gerais da nação, norteando-se pela imprensa que pela opinião de seus ministros, desgostando os políticos da época, que encaravam essas atitudes como impertinências do monarca republicano da América, que ele se deixava atrair pelas resoluções ilegais. O Brasil nesta época teve a maior liberdade de opinião. Somente as nacionalidades de origem saxônia gozavam, neste tempo, no planeta, da mesma independência e da mesma liberdade públicas. Muita conquista, consolidaram-se sob administração do imperador generoso e liberalíssimo. Em 1850, iniciava-se a supressão do tráfico de negros, com isso era o princípio da abolição em etapas. Em 1843, D. Pedro II desposara D. Teresa Cristina Maria, princesa das Duas Sicílias, que partilhou com ele, na família, a mesma abnegação e amor pelo Brasil.
O mundo invisível, com as falanges de Ismael não se descura da Pátria do Evangelho, enviando espíritos elevados para administração do segundo reinado, que colaborariam com o imperador, na solução dos problemas da abolição, economia e da liberdade. Naquela época de organização da pátria, apareceram homens e artistas extraordinários, como Rio Branco e Mauá, Castro Alves e Pedro Américo, que vinham com elevada missão ideológica nos quadros da evolução política e social da Pátria do Cruzeiro.
O homem terá de construir o patrimônio do seu progresso e iluminar o caminho da sua redenção à custa dos próprios esforços e sacrifícios, na senda pedregosa da experiência individual. Mesmo com moderação existente na Coroa, em meio às lutas existentes, não conseguiu extirpar a vaidade, que se estratificou na alma nacional, fazendo-lhe sentir a sua supremacia sobre os outros países da América do Sul. Erradamente, o Brasil, sentia-se no direito de intervir nos negócios dos Estados vizinhos, em benefício dos nossos interesses. Os pais sempre tratavam o Brasil, com mal disfarçada hostilidade, tentando reviver no Novo Mundo os antagonismos raciais da velha península; porém, a política brasileira exorbitar das suas funções, no intuito de assumir a direção da casa dos seus visinhos.
De 1849 a 1852, o Brasil interferiu nas questões da Argentina e do Uruguai, contra a influência de Rosas e Oribe. O Caudilho Ortiz de Rosas trazia a civilização platina sob um regime de crueldade e tirania; provocará o Brasil diversas vezes com o seu despotismo, fazendo na Prata mais de vinte mil vítimas e, irrefletidamente o império prestigiou Urquiza, outro caudilho, que governava Entre-Rios, para eliminar o tirano. Os militares brasileiros com sua dignidade depuseram Oribe e no combate de Monte Caseros destruíram para sempre a influência do déspota que humilhava Buenos Aires. A volta triunfante do Conde de Porto alegre, com as bandeiras do Brasil, com os festejos do povo pela vitória, os povos americanos olhavam desconfiados a arrogância da política brasileira, no propósito de se colocarem a salvo das suas indébitas intervenções.
Após umas das comemorações, D. Pedro II, retira-se silenciosamente para o seu oratório particular. Em prece, contempla o Crucificado, cuja imagem parece fitá-lo cheia de piedade e doçura. O sono brando leva o imperador a uma esfera de beleza esplêndida e inenarrável. Parece conhecer aquele lugar de doces encantos. Aos seus olhos, surge, então, o Divino Mestre, falando-lhe como nos maravilhosos dias da ressurreição, após o s martírios do Calvário, assinalando suas palavras com sublime doçura:
- Pedro, guarda a tua espada na bainha, pois quem com ferro ferem com ferro será ferido. A tua indecisão e a tua incerteza lançaram a Terra do Evangelho numa sinistra aventura. As nações como os indivíduos, têm sua missão determinada e não é justo sejam coagidas no terreno das suas liberdades. O lamentável incidente da invasão do Uruguai terá dolorosa repercussão para a sua vida política. Não descanses nas glórias da vitória, pois o céu esta cheio de nuvens e deves fortificar o coração para as tempestades amargas que hão de vir. Auxiliarei a tua ação, através dos mensageiros de Ismael, que estão vigilantes no desenvolvimento dos trabalhos sob a tua responsabilidade no país do Cruzeiro; mas que as tristes provações gerais, em perspectiva, sejam guardadas como lição inesquecível e como roteiro de experiência proveitosa para as tuas atividades no trono. 
D. Pedro II, depois do curto sono no oratório preparado pelo plano invisível que o rodeavam, recolheu-se ao leito, cheio de angustia e curiosa expectativa.
Não tardou a confirmar-se as advertências do Senhor, que a luz misericórdia do mundo.
Em 1865,quando o Brasil tentava interferir novamente no Uruguai, o Paraguai, sentiu-se ameaçado e declararam guerra ao Brasil, que durou cinco longos anos de martírios e derramamento de sangue fraterno.
O Paraguai e outros países vizinhos viviam reduzido a feudo militar. Imperava a lei marcial, e Solano Lopez não teve receio em levar o povo aquela terrível ventura. Sua personalidade, como político, não era inferior aos caudilhos do tempo e grandes valores poderiam ser incorporados às suas tradições de chefe, apresentando como tirano cheio de crueldade, os freqüentes desastre das armas paraguaias, e os triunfos do Brasil desorientavam-no inteiramente, levando a queimar o último cartucho da sua amargurada desesperação e perder a posição nobre que a História indubitavelmente lhe reservaria.
O Brasil, aliando-se a Argentina e ao Uruguai, afirmou, com a vitória, a sua soberania. O Imperador visitou o campo de batalha em Uruguaiana, onde assistiu a rendição de seis mil inimigos. O País do cruzeiro sempre foi infenso às glórias sanguinolentas. Estero, Belaco, Curupaiti, Lomas Valentina, Tuiuti, Curuzu, Itororó, Riachuelo, tantos outros teatros de luta e de triunfo,, em verdade não passaram de etapas dolorosas de uma provação coletiva, que o povo brasileiro jamais poderá esquecer. Retiramos dessas experiências os mais altos benefícios para a sua política externa e para a sua vida organizada, sem exigir um vintém de proventos de suas vitórias. A diplomacia brasileira encarou o arbítrio inviolável dos países visinhos e uma nova tradição de respeito consolidou-se na administração da terra do cruzeiro. Nunca mais o Brasil intervém indevidamente, testemunho disso é a primorosa organização da nacionalidade argentina que, apesar da inferioridade da sua posição territorial, comparada com o Brasil, é hoje um dos países mais prósperos e um dos núcleos mais importantes da civilização americana em face do mundo. 

Fonte: Livro: Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. – Autor Espiritual Humberto de Campos. – Médium. Francisco C. Xavier. – Editora da FEB. – Rio de Janeiro, RJ.


                                                       RHEDAM (rhedam@gmail.com

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