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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

- HISTÓRIA ESPIRITUAL DO BRASIL. - BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO. Nº. 22. - HUMBERTO DE CAMPOS. (IRMÃO X- CHICO XAVIER.)



                       PRIMÓRDIOS DA EMANCIPAÇÃO.

               Em 1815, o Brasil tornou-se Reino,em carta de lei de D. João VI. E o Rio de Janeiro tornou-se sede da monarquia portuguesa. Dispensava-ele os mais altos privilégios a terra que o asilara.
               O progresso econômico da nação, alentado pelas forças estrangeiras ai estabelecidas, garantidas por lei, avançava em todos os setores da comunidade. Rejubilava o país com a prosperidade geral.
                 No Rio, o príncipe sofria desgostos na família. Devido a isso, jamais se viu D. João VI, integrado nas funções oficiais daquele tempo. Almoçava sozinho, sem etiquetas; seu retraimento e desleixo quanto a pequeninas formalidades que constituem o problema de elegância do século. Com roupas desabotoadas, mal contendo o corpo em suas dobras em desalinho, foi visto muitas vezes alheio às sérias preocupações da sua autoridade suprema, como se seu espírito vagasse na paisagem de outros mundos. D. João acostumara-se à maravilhosa Guanabara, e se tomara de amor pela pátria que os seus valorosos antepassados haviam edificado. Enquanto Napoleão solitário lia o Eclesiastes, em meio aos seus infortúnios, na ilha se Santa Helena, para convencer-se de que todas as glórias humanas não passavam de vaidades e alucinações do espírito, o monarca preferia fazer passeios pelos arredores do Paço de São Cristovão, esquecido das mentiras da corte de Lisboa. Aqui, no Brasil, com os céus sempre azuis e os morros verdoengos e floridos, que representavam um anestésico para o seu coração dilacerado de filho, de esposo e de pai. As sua preocupações dividam entre a mãe demente, a esposa desleal e incompreensível, e o filho perdulário e estróina. Não havia em seu cérebro considerações em torno das transformações políticas da época e da antiga metrópole portuguesa continuava sob orientação dos homens públicos da Inglaterra.
             Em 1816, desencarna D. Maria I. A rainha nos seus dias derradeiros de suprema tribulações experimentará algo de lucidez. Esteve apegada às ilusões do seu trono, perseguida pelo vozerio de entidades desencarnadas em virtude das sentenças de morte, por insinuação.  As torturas terrenas acompanham no Além aqueles que as semearam no mundo, o calvário desta infeliz soberana não acabou com o seu desencarne.
              Em 1817, o Príncipe D. Pedro casou-se com Arquiduquesa Leopoldina da Áustria. Alma sensível e delicada, essa princesa européia foi trazida ao Brasil por determinações do mundo invisível, para colaborar com os projetos de Ismael e de seus colaboradores. Somente aquele coração doce e submisso poderia suportar resignadamente as estroinices do esposo, em período delicado de sua vida, sem provocar escândalos que acarretariam atraso na marcha dos acontecimentos previstos.
            Nesse tempo, em todas as cortes da Europa, começa a liberdade, pressagiando o fim do poder absoluto. A Republica francesa desferiu tremendos golpes em todos os preconceitos do sangue e da autoridade. As constituições, eram moldadas na célebre Declaração dos direitos do Homem e do cidadão, surgiam em todos os países, dando ensejo à renovação das liberdades políticas.
               Depois da morte de D. Maria I, Portugal, não queria ser subalterno ao Brasil, como era o desejo de D. João VI, que insistia em ficar no país, e preparava todos os elementos para derrubara ditadura despótica de Beresford, em cujas mãos inábeis encontravam-se o poder. A Maçonaria que sempre defendeu os princípios da liberdade e fraternidade humanas, solicitadas por elementos de Lisboa e de Pernambuco, não hesita em estender o seu apoio à independência do Brasil, que seria assunto de menor importância para os portugueses desde que o soberano voltasse para Portugal, colocando-se novamente no trono.  É verdade, os pernambucanos exaltados não esperam pelo processo pacífico e, exarcebados os antigos ódios entre brasileiros e portugueses, como a fratícidia guerra entre Olinda e Recife, promoveram a revolução de 1817, onde pereceram muitas vidas.  Quando no Norte, apareceu o famoso “Preciso”, redigido por Luís de Mendonça, que foi ameaçado de fuzilamento. Os militares responsáveis para reprimir o movimento, ordenaram morticínio e crueldade que consternaram o coração do rei, que ordenou suspender o mais rápido possível, e que cessassem as arbitrariedades dos executores das ordens do Conde de Arcos. A seis de fevereiro de 1818, dia da sua coroação, concedeu anistia a todos os implicados.
                Ismael e seus emissários, coma proteção de Jesus, conseguiram fazer desabrochar em todos os lugares a paz, lançando os alicerces da emancipação do Brasil.
                 Em 1820, em Lisboa e no Porto rebenta a revolução constitucionalista. Portugal, que desde a ocupação de Junot, foi reduzido à colônia, reclamava a volta da família real à metrópole portuguesa e o regime da constituição para a sua vida política. As próprias tropas que estacionavam na Bahia e no Para, aderiram o movimento da Pátria. D. João VI, busca procrastinar as decisões. Promete enviar o Príncipe D. Pedro para examinara situação, mas é contrariado por todos os portugueses do Brasil. As tropas, aderindo ao movimento do reino, se reúnem no Largo do Róssio. O momento era delicado.
                   Os colaboradores invisíveis desdobram suas atividades junto dos elementos políticos presentes na cidade e D. Pedro, concilia algumas combinações necessária e vai rapidamente ao Paço de São Cristovão, de onde traz um decreto antedata assinado pelo soberano, declarando que aceita e mandará cumprir a constituição da Junta Revolucionária de Lisboa.
                    Os militares e população comemoram com muita alegria.
                 Entram em jogo os interesses de Portugal e do Brasil. A sete de março de 1821, D. João VI, deixa claro o seu desejo de retornar a Portugal. Os mais próximos queriam que ele retirasse todas as liberdade dadas a Pátria do Evangelho; os mais eminentes brasileiros protestam sobre tal atitude.
O generoso soberano, cujo reinado transcorreu em uma época mais crítica da História do mundo, obriga-se a deixar seu filho com príncipe regente.
                    Na despedida, o profere a famosa recomendação:
                    - Pedro, se o Brasil se separar de Portugal, antes seja para ti, que me respeitarás, do que para algum desses aventureiros.


                                                        RHEDAM. (rhedam@gmail.com)

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