DIA: 00.00.00. 09º.AULA. ESPÍRITO E PERESPÍRITO.
“Ninguém é livre, se é escravo do corpo.“
SÊNECA
O ESPÍRITO
Quem são os Espíritos?
Quando ouvimos falar de Espíritos, vêm-nos à mente imagens vagas, quase que irreais; e concebemo-los sob as mais díspares formas. Precisamos modificar nossa concepção a respeito deles. E o primeiro passo que devemos dar para isso é convencer-nos de que também somos espíritos; não há diferença entre nós e eles.
Os Espíritos se dividem em duas grandes categorias, que são: a dos Espíritos encarnados e dos desencarnados.
Pertencem à categoria dos espíritos encarnados os que usam um corpo de carne, por exemplo, nós mesmos. E à categoria dos Espíritos desencarnados aqueles que já não usam o veículo físico, por exemplo, quem passou pelo fenômeno da morte.
Não se justifica, por conseguinte, essa idéia sobrenatural que fazemos dos espíritos. Pois, não somos espíritos nós também, ainda que encarnados? E dia mais, dia menos, seremos transferidos para o número dos desencarnados.
O nome de Espíritos, porém, é dado particularmente aos desencarnados. Quando encarnado, damos ao espírito o nome de alma. (6)
Os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Habitam o Universo, em variados estágios de desenvolvimento e diversas categorias de mundos. Foram criados simples e ignorantes, isto é, sem sabedoria e sem a consciência do bem e do mal. São dotados de aptidões para adquirir ao conhecimento intelectual e moral.
No princípio, o Espírito é como uma criança, sem vontade própria. Depois, aos poucos, vai se tornando livre através das encarnações. Não é divisível nem tem sexo. Não é palpável, embora não seja o nada, pois o nada não existe. É errado confundi-lo com a inteligência. Os dois se interagem, mas, na verdade, a inteligência é um atributo do Espírito.
Desencarnado, dizemos que ele está “errante”, já que se encontra no plano espiritual à espera de uma nova encarnação. Apenas os Espíritos puros, não são errantes.
É importante destacar que Espírito só progride na dimensão material. No Plano espiritual, pode estudar e ter uma visão mais ampla se seus conhecimentos, mas a verdadeira evolução só se dá na matéria, a grande escola onde todos crescemos para Deus. (5)
A ORIGEM DOS ESPÍRITOS
Tanto quanto a origem do homem na face da terra, a origem dos Espíritos é também um problema apaixonante.
De onde proveio o homem?
De onde proveio o Espírito?
Eis questões que ainda permanecem envoltas em mistério, sem embargo de os estudiosos apresentarem hipóteses mais ou menos plausíveis.
Entretanto o ignoramos de onde se origina o Espírito, de como ele se forma, não nos deve preocupar; isto não tolhe o progresso espiritual da humanidade. Tudo vem há seu tempo e um dia chegaremos a decifrar o que agora é um enigma para nós. (6a)
NATUREZA DOS ESPÍRITOS
Os Espíritos são de Natureza etérea. podemos afirmar que são uma chama, ema centelha, um clarão. A linguagem humana é muito limitada para poder exprimir sua real essência. Não devemos defini-lo como imaterial, pois que é algo. O termo incorpóreo seria mais exato quando nos referimos ao Espírito.
Foram criados por Deus. São pois, constituídos de alguma coisa. Como e quando foram criados constituem-se em mistérios não revelados.
Qual seria o fim dos espíritos? Allan Kardec perguntou ao Espírito de Verdade o destino deles após atingirem a perfeição. A resposta foi à seguinte:
“Há muitas coisas que não compreendeis, porque a vossa inteligência é limitada; mas não é isso razão para as repelirdes. O filho não compreende tudo o que o pai compreende, nem o ignorante tudo o que o sábio compreende. Nós te dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim; é tudo quanto podermos dizer, por enquanto” (O Livro dos Espíritos 83). (5)
Ler no Livro dos Espíritos as perguntas 88 a 92.
PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
Ler no Livro dos Espíritos a pergunta nº 222.
AS MORADAS DOS ESPÍRITOS ENCARNADOS
Os Espíritos encarnados habitam em mundos materiais, isto é, de matéria densa, compacta. Nós, por exemplo, somos habitantes da Terra que é um mundo material. E rolando no espaço infinito, há outros mundos materiais habitados como o nosso.
O mundo que um encarnado habita, guarda íntima relação com o progresso moral que o encarnado já realizou. Assim, à medida que crescermos em moralidade, iremos conquistando gradativamente o direito de movimentarmo-nos em mundos de graus superiores ao nosso.
Suponhamos uma escola: para o aluno passar para uma classe mais adiantada é preciso que ele aprenda todas as matérias da classe em que está e demonstre aproveitamento.
A Terra atualmente é nossa escola; é através dos trabalhos que aqui executamos e das pelas quais passamos que adquirimos o direito de ingresso a mundos superiores ao nosso.
Todavia, numa escola os alunos não aprendem somente as lições; aprendem também a serem disciplinados e obedientes. e quando o aluno é recalcitrante, repete o ano tantas vezes quantas forem necessárias para se corrigir. Tal sucede conosco encarnados: alunos de escola terrena que somos, a ela voltaremos tantas vezes quantas forem necessárias para que deixemos de ser rebeldes e nos tornemos humildes e obedientes às leis divinas.
Como encarnados viveremos sempre no planeta que maiores probabilidades de progresso nos oferecer, segundo nossa capacidade de compreensão.
O progresso moral nós o obteremos mediante nossa reforma íntima; esta é, no momento, a mais urgente e a mais difícil tarefa que nos cabe executar. Reformando-nos intimamente, trabalhando com honestidade para a felicidade de nossos familiares, cumprindo nossos deveres o melhor possível, nós, quer como encarnados, quer como desencarnados, faremos jus à paz de que tanto necessitamos. (6b)
AS MORADAS DOS ESPÍRITOS DESENCARNADOS
Os Espíritos desencarnados habitam colônias espirituais, as quais não são percebidas pelos nossos sentidos, dando a limitação que a matéria nos impõem. Essas colônias se acham ligadas aos mundos materiais a que pertencem os Espíritos que as habitam. A Terra, por exemplo, é circundada de um imenso número dessas colônias que se assemelham a grandes cidades, cheias de vida e de animação. Quando desencarnarmos, iremos viver numa dessas colônias.
As colônias Espirituais que circundam a terra se dividem em três classes: as zonas purgatórias, as colônias correcionais e as colônias de elevação.
As zonas purgatórias, também chamadas umbral, são extensas regiões de trevas e de sofrimentos, onde o Espírito que não soube fazer bom uso da sua encarnação, encontra-se ao desencarnar. Ali, entre prantos e ranger de dentes, o Espírito purga os erros que cometeu na terra, até o dia em que manifeste desejos sinceros de corrigi-los.
As colônias correcionais são verdadeiras cidades de vida organizada, nas quais o Espírito se prepara para reencarnar-se. Nelas o Espírito rememora as encarnações passadas e traça os planos do futuro. E enquanto aguarda o dia de reencarnar-se, estuda e entrega-se a um trabalho edificante.
As colônias de elevação são moradas de espíritos que já atingiram o máximo de perfeição moral que a Terra lhes podia oferecer. Nelas os Espíritos fazem um estágio preparatório antes de se transferirem para um mundo superior ou para voltarem a Terra em missões de grande alcance social, visando ao bem da humanidade.
Independente dessas colônias espirituais, existem os mundos espirituais, os quais são habitados por espíritos que não mais necessitam das reencarnações, em virtude do grande progresso que já realizaram. (6)
A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO
O Espírito desencarnado, conserva a mesma personalidade que teve na Terra quando encarnado. Assim, quando desencarnamos, não seremos nem mais nem menos do que hoje somos; acompanham-nos para o lado de lá nossas boas e más qualidades. Contudo, como no mundo espiritual veremos as coisas tais quais elas são, sem o véu do orgulho a obscurecer-nos a razão, redobramos de esforços para vencer nossas más qualidades; porque compreenderemos que estas serão sempre um entrave à nossa real felicidade.
Modifiquemos, pois, daqui por diante, nossa concepção a respeito dos espíritos. Eles não são fantasmas cuja única ocupação e assombrar-nos; também não são todo poderoso para atenderem aos nossos caprichos; não sabem tudo para responderem a todas nossas perguntas; e não vivem, sofredores, em infernos eternos; nem, ociosos, em paraísos inúteis. (6)
O PROGRESSO
Através de nossas vidas sucessivas, ora num plano, ora noutro, qual o alvo a que devamos atingir?
Nosso alvo é a perfeição; atingi-la-emos pelas nossas lutas, dores, sacrifícios, trabalhos e estudos.
A perfeição consiste em conseguirmos a virtude e a sabedoria. a virtude disciplina nosso coração; e a sabedoria, o nosso cérebro.
O universo é a nossa universidade nos ensinará a sabedoria e a virtude; a oficina nos facultará as oportunidades de aplicarmos as lições.
Tal é o progresso. (6)
TRANSFERÊNCIA DE MORADA
O Universo é dividido em número infinito de mundos; e cada um deles nos oferece determinados tipos de ensinamentos.
Quando tivermos progredido suficientemente num mundo, a ponto de não ter ele mais nada para nos ensinar, quer em virtudes, quer em sabedoria, ser-nos-á permitido o ingresso no mundo imediato superior, onde, como em nova classe de aulas, continuaremos nossos estudos e trabalhos.
Se um espírito demonstrar-se refratário às possibilidades de progresso que o seu mundo lhe oferece, é rebaixado a outro condizente com seu estado. Não é um retrocesso; é simplesmente à volta a um plano equivalente à sua condição, depois de lhe terem sido concedidas oportunidades de elevação que não soube aproveitar.
E com relação às colônias espirituais que gravitam ao redor da Terra, o processo é o mesmo: cada vez que desencarnarmos, iremos para a que esteja de conformidade com o progresso que tivermos realizado em nossa última encarnação. (6)
O PROGRESSO DO ESPÍRITO ENCARNADO
Como progrediremos nós, espíritos encarnados?
É pelo trabalho que progrediremos.
Podemos dividir o nosso trabalho aqui na terra em cinco espécies:
1ºa. __ O trabalho para ganharmos honestamente o pão de cada dia.
2ºa. __ O trabalho para adquirirmos conhecimentos morais.
3ºa. __ O trabalho para conquistarmos conhecimentos intelectuais.
4ºa. __ O trabalho para acumularmos conhecimentos espirituais.
5ºa. __ O trabalho para bem aplicarmos os nossos conhecimentos.
Estudemos separadamente cada uma dessas espécies de trabalho. (6)
O PÃO DE CADA DIA
O Espírito se aprimora pelo trabalho. É imprescindível que o homem se mantenha
por si próprio, sem tornar-se um parasita ou uma carga no ombro dos demais.
A ninguém será possível a lapidação de seu caráter a não ser através do trabalho. o Caminho do progresso é pois, aberto pelo trabalho honesto, consciencioso, sadio, e cumprido como um dever sacrossanto.
O Espiritismo quer homens trabalhadores, homens de ação, homens que vivam nobremente do produtos dos seus esforços. (6)
CONHECIMENTOS MORAIS
O Espiritismo luta para que humanidade se moralize; e procurando moralizá-la, espera e dirige a reforma íntima do indivíduo, isto é, de cada um de nós, componentes da humanidade. Por conseguinte, o Espiritismo parte do princípio de que se o indivíduo se moralizar, a família estará moralizada; se a família estiver moralizada, a cidade também estará moralizada; e assim sucessivamente passaremos da cidade para o estado, do estado para a nação, e da nação para a moralização da humanidade. Porque é fora de dúvida que se as partes forem sãs, o todo indiscutivelmente será são.
Quer, pois o Espiritismo que seus adeptos desenvolvam suas boas qualidades morais: O dever, o direito, o senso da responsabilidade, a boa vontade, a justiça, a caridade, a simpatia, o altruísmo, a dignidade, a compreensão,etc. E isto não só para o progresso do Espírito, como também para a felicidade da Terra. (6)
CONHECIMENTOS INTELECTUAIS
Os conhecimentos intelectuais alargam a nossa visão. A pessoa estudiosa compreende melhor as coisas; não é supersticiosa, não é fanática, não é intransigente, nem intolerante.
Contudo, os conhecimentos intelectuais não se adquirem sem esforços; é mister estudar, ler, instruir-se.
Os livros são mananciais inexauríveis de conhecimentos intelectuais; constituem companheiros inseparáveis da alma sequiosa de saber para elevar-se.
O Espiritismo não pode prescindir de tão útil instrumento de progresso que é o bom livro; por isso não cessa de repetir a seus adeptos: estudem, leiam, observem, meditem. (6)
CONHECIMENTOS ESPIRITUAIS
Se vivêssemos eternamente em nosso corpo de carne, se não tivéssemos que deixá-lo, defrontando-nos um dia com o fenômeno da morte, poderíamos perfeitamente passar os conhecimentos espirituais.
Porém não vivemos para sempre no veículo físico que hoje ocupamos; mais cedo ou mais tarde, ser-nos-á forçoso abandoná-lo; porque não somos somente matéria; acima de tudo somos espíritos. É por isso que os conhecimentos espirituais nos São indispensáveis. A morte virá inevitavelmente e quem não cuidar de se preparar para ela com alguns conhecimentos espirituais, sentir-lhe-á todo amargor.
O Espiritismo nos fornece os conhecimentos espirituais suficientes para encarnarmos a morte com serenidade.
E quando a humanidade estiver educada espiritualmente, o espectro de morte não amedrontará mais ninguém. (6)
BEM APLICAR OS CONHECIMENTOS
Depois de termos adquirido os conhecimentos atrás enumerados, resta-nos viver de conformidade com eles; caso contrário, estacionaremos. E se estacionarmos, não tiraremos muito proveito de nossa encarnação.
Cada uma de nossas encarnações tem os seus trabalhos próprios; protelando-os, ou executando-os mal, irão sobrecarregar a próxima. E quanto mais sobrecarregada estiver uma de nossas reencarnações, mais trabalhosa e mais portadora de sofrimentos ela nos será. Portanto, o escrupuloso cumprimento de todos os nossos deveres é uma garantia sólida de um futuro feliz.
É de bom alvitre que os pais cuidem de ensinar a seus filhos, desde pequeninos, a aproveitarem bem a reencarnação. Para isso, desde cedo lhes ensinarão o caminho do trabalho honesto; em seguida lhes facilitarão, por todos os meios , a aquisição dos conhecimentos morais, espirituais e intelectuais. (6)
O PROGRESSO DO ESPÍRITO DESENCARNADO
Não nos iludamos com nossa situação depois da morte. Não iremos encontrar um paraíso de ociosidade, nem um inferno de penas eternas. Encontramos um mundo espiritual, onde continuaremos nossa vida de aprendizado, de trabalho e de progresso.
Tão logo desencarnarmos,seremos levados por nossos amigos e familiares para a colônia espiritual que for adequada. Lá sob a orientação de mentores sábios, urbanizaremos nossa vida. e repartindo nosso tempo entre o estudo e o trabalho, prepararemos nossa futura reencarnação.
O ESTACIONAMENTO DO ESPÍRITO ENCARNADO
Um dos grandes perigos a que estamos expostos é o de estacionar, isto é, pararmos, atrasarmo-nos na marcha do progresso.
Todo estacionamento é de conseqüências penosas pelo esforço que nos obrigará a despender na reconquista do tempo perdido.
Estacionamos quando não cumprimos os nossos deveres; quando não cultivamos nossa inteligência; quando nós nos entregamos à ociosidade, aos vícios, à maldade; quando somos indiferentes ao sofrimento alheio.
É mister, pois, que imponhamos a nós próprios severa vigilância para aproveitamento da reencarnação que nos foi concedida.
O ESTACIONAMENTO DO ESPÍRITO DESENCARNADO
Assim como podemos estacionar, também o podem os espíritos desencarnados. Isso acontece quando o Espírito, em lugar de aceitar sua situação de desencarnado, persiste em manter-se apegado à vida da qual a morte o afastou.
Muitos Espíritos não querem abandonar a morada terrena e nela permanecem como se estivessem ainda encarnados; outros se revoltam; alguns se entregam a vinganças mesquinhas, ou à prática do mal, obsedando os encarnados, ou secundando-os em seus atos malignos; outros, enfim, entregam-se à preguiça e a inércia. Esses Espíritos infelizes têm em sua frente um futuro tormentoso; o dia de se reencarnarem chegará infalivelmente; e como não cuidaram de se prepararem no mundo espiritual, terão na Terra uma vida de dissabores e de sofrimentos.
Não julguemos, porém, que lhes falte amparo. Os irmãos superiores estão a adverti-los constantemente, convidando-os a abandonarem; é questão só de obediência e um pouco de humildade.
Para que o Espírito não estacione no mundo espiritual, há de se conformar com sua nova modalidade de vida, procurando tirar dela o máximo de proveito pelo trabalho assíduo e fecundo. (6)
CUIDADOS ESPECIAIS PARA NÃO ESTACIONAR
Tanto em nossa atual condição de encarnados, como em nossa futura de desencarnados, havemos de tomar precauções para não estacionar.
O cultivo do coração, isto é, dos bons sentimentos é fundamental.
Diz o venerando instrutor Emmanuel que no coração situa-se o centro da vida; dele partem as correntes imperceptíveis do desejo. E o desejo através do pensamento se transforma em palavras e em atos. Por isso se nosso coração estiver educado pelos bons sentimentos, nossos pensamentos, palavras e atos serão puros, compelindo-nos ao progresso.
Continua ainda Emmanuel ensinando que a religião é a força que alarga os potenciais do nosso sentimento e , por isso, a educadora por excelência de nossos corações. É no seio da fé santificante que encontraremos as regras de conduta e perfeição que necessitamos para que nossa vida na terra não seja um romance inútil. É natural, pois, que contemos coma força religiosa, a qual edifica invisivelmente nosso caráter e nosso sentimento.(Emmanuel, O Roteiro, pág. 43 e seg. 1º edição.)
Concluímos então que um dos nossos cuidados para não estacionarmos é observar os preceitos de nossa religião, pondo-os em práticas, visando a nossa reforma íntima e conseqüente aperfeiçoamento de nosso espírito. (6)
AS NECESSIDADES DO ESPÍRITO
Tal qual o corpo que para crescer o torna-se forte precisa de alimentos e exercícios adequados, assim também o espírito reclama cuidados para que possa resplandecer ao desencarnar.
O Espírito encarnado, com raras exceções, é qual um terreno infértil que precisa ser transformado em jardim. E como do terreno infértil se arrancam as ervas daninhas e nele se semeiam as plantas úteis, também do espírito rude, mau, vicioso, egoísta, vaidoso, orgulhoso, se extirpam as imperfeições até que ele se transforme em anjo rutilante.
Não há uma receita específica que, aplicada, nos transforme da noite para o dia. A pureza espiritual, que é a perfeição moral, só a alcançaremos pelo trabalho perseverante no bem, de nossa tenacidade em vigiar nossos atos, de nossa persistência em querermos fazer
hoje melhor do que ontem. Em suma, é imprescindível que nós nos dediquemos incessantemente ao nosso aperfeiçoamento moral.
Se não há receita especificas para conseguirmos a perfeição, há, no entanto, diretrizes que bem observadas nos conduzirão a ela. vejamos um roteiro que nos proporcionará resultados satisfatórios:
RENUNCIAR
A primeira necessidade da alma é saber renunciar. Certo não se lhe pede a renúncia total das coisas terrenas. Entretanto, renunciar a algumas horas de descanso, por mês, para consagrá-las a um enfermo; renunciar a alguma comodidade para acudir a um companheiro; renunciar a seus vícios, a seus maus hábitos; renunciar a vinganças, à maledicência, ao ódio, ao ciúme, à inveja; tudo são exemplos de renúncia que estão ao alcance de qualquer um de nós praticarmos.
REGOZIJO
Outra necessidade do Espírito encarnado é regozijar-se sempre. Nosso coração deve pulsar em permanente regozijo. Mesmo que a adversidade se apodere de nós e nos faça derramar lágrimas de amargo sofrimento, jamais nos entreguemos ao desespero ou ao desânimo. Não alimentemos tristezas; sejamos alegres, reconhecidos a Deus pela reencarnação que nos concedeu para nosso próprio benefício.
SERVIR
Servir é outra necessidade do Espírito encarnado. Não nos fechemos num círculo de egoísmo feroz. Sirvamos sempre. Aproveitemos todas as ocasiões que se nos apresentarem para sermos úteis aos nossos semelhantes.
E servindo a este ou aquele, não esperemos nem reclamemos recompensa. O bem, por pequenino que seja, para que cause satisfação a quem o faz e alegria a quem o recebe, deve ser feito desinteressadamente. É quem serve pelo exclusivismo prazer de servir, jamais se defrontará com ingratos.
CORRIGIR
Corrijamos nossas próprias imperfeições. Não percamos tempo relacionando erros e deslizes alheios. Lembremo-nos de que não estamos isentos de falhas; por isso não sejamos rigorosos para com as falhas alheias; sejamos, contudo, rigoroso para conosco mesmos.
CONFIANÇA
Confiemos na providência Divina. Acima de todos os poderes humanos, paira o poder soberano de Deus, em cujas mãos temos necessidade de repousar confiantes. Confiemos em nós mesmos para que, fortificados, vençamos nossas dificuldades. Tenhamos em mente que a dúvida é sempre destrutiva; ao passo que a confiança é construtiva. O duvidarmos da bondade de Deus e de sua justiça e de nossas próprias forças, só nos trará tristezas e aborrecimentos.
A CONSCIÊNCIA
Há dentro de nós uma chama divina: é a consciência. Temos necessidade do elogio de nossa própria consciência, o qual deveu buscar através de nossas ações, e não do elogio dos homens.
O DEVER
Por mais humildes que sejam nossos deveres, temos necessidades de cumpri-los escrupulosamente. O dever bem cumprido dá serenidade ao coração e tranqüilidade à consciência.
COMPREENSÃO
Há pessoas que nos compreendem e mesmo nos causam certa antipatia, infundada por vezes. É preciso que estimemos até essas pessoas; vencermos o sentimento de repulsa que nutrimos por elas e transformá-lo, pouco a pouco, em estima fraternal.
DESCULPAR
Desculpemo-nos mutuamente os erros; se formos defrontados pelos erros de nossos semelhantes, sejamos os primeiros a desculpar.
DISCRIÇÃO
Sejamos discretos; não bisbilhotemos a vida alheia; não percamos tempo com a maledicência; esse esquadrinhar a vida dos outros que tantos males origina.
COLABORAÇÃO
Colaboremos com todos e em todos os lugares e em todas as ocasiões.
AMOR
Aprendamos a amar nossos semelhantes até ao sacrifício, se for preciso.
Estas são algumas das principais necessidades do Espírito encarnado, desejoso de marchar a passos largos para a perfeição moral. Como vemos, são elas de ordem fraternal, porque o principal objetivo que devemos visar é o desenvolvimento da fraternidade em seu mais alto grau, o que virá felicitar o gênero humano. (6)
Ler No Livro dos Médiuns: Iº. Parte.
Cap. I. nº. 1 a 3. - Cap. II. nº. 7 a 10. - Cap. IV. nº 48, 49.
IIº. Parte: Cap. I. nº. 52 a 59. - Cap. II. nº. 60 - Cap. III nº. 65 a 67. - Cap. IV. nº. 72 a 74.
Cap. V. nº. 96, 97. - Cap. VI. nº. 100, 103 a 108.- Cap. VIII nº. 126 a 131. - Cap. IX. nº 132.
Cap. XIX. Todo o Capitulo - Cap. XXVI. Todo o Capitulo. - Cap. XXVII nº. 302, 303.
Cap. XXXI nº. XV.
Ler no Livro Céu e Inferno: I Parte. - Cap. III. nº. - 4, 5, -10 a 13.
Cap. VII. nº. - Todo o capitulo. - Cap. IX. nº. 19 a 23. - Cap. X. nº 8, 9, 10, 14, 15.
II. Parte. - Cap. II. – Sixdeniers - O doutor Demerie- A Condessa Paula.
Cap. IV- Lisbeth - Lamentação de Boêmio - Instrução de São Luiz- François Riqueira - Claire.
Cap. V- nº 20. - Cap. VI- O Espírito de Castelnaudary.
Cap. VII- Lapommerai- I- II- A Raina D’oude-Xumene. - Cap. VIII - Clara Rivier.
Ler no Livro Obras Póstumas- Manifestações dos Espíritos nº. 1 a 5 - 16 a 21.
O PERISPÍRITO
O Perispírito pode ser definido como um corpo intermediário entre o corpo e a matéria. Paulo de Tarso o chamou de corpo espiritual. Por ser de natureza abstrata, O espírito não age diretamente sobre os corpos materiais. O perispírito serve de elo entre os dois, pois sofre a influência direta do pensamento e da matéria. é ele que transmite as ordens do Espírito ao corpo. No sentido contrário, leva as sensações do corpo ao exame da alma. (5)
Ler no Livro dos Espíritos as perguntas de 93 a 95.
Ler no Livro dos Médiuns: I Parte- Cap. I- nº. 3. Cap. IV - nº. 49, 50.
II. Parte. Cap. I. nº 54 a 59. Cap. IV. nº. 73 a 77. Cap. VI. nº 100 -104 a 113.
Ler No Livro Céu e Inferno. I. Parte- Cap. III. 10, 11. II Parte Cap. I. 1 a 5. Cap. IV. - nº. VIII.
Ler No Livro Obras Póstumas: Manifestações dos Espíritos- nº. 9 a 15.
CONSTITUIÇÃO DO PERISPÍRITO
O corpo espiritual é semimaterial, constituído de uma modificação do fluído universal do orbe onde o Espírito está encarnado. A estrutura do perispírito varia de mundo para mundo.
Quanto mais evoluído é o planeta, mais sutil é o corpo fluídico dos que vivem nele. O perispírito modifica-se de acordo coma evolução do Espírito. isso se dá por causa da influência do pensamento da entidade.
Podemos afirmar que o perispírito molda o corpo carnal segundo suas necessidades. Altamente plasmável, o corpo astral pode mudar de forma pela vontade do espírito quando livre. Isso explica as aparições dos seres angelicais e demoníacos, narradas na história da humanidade.
As aparições são chamadas de materializações. Nelas, o que se vê é o perispírito da criatura manifesta e não o espírito, como pensam alguns. (5)
FUNÇÕES
Quando migra de mundo a outro, o Espírito troca de perispírito como que trocasse de roupa. O corpo fluídico reflete as experiências da entidade, mas não é a sede da memória, com foi afirmada por alguns estudiosos. No perispírito são registradas as experiências vividas pela criatura, que as envia ao “sensorium comune” do Espírito, arquivo definitivo de todas as passagens da entidade pelo processo evolutivo.
O perispírito tem importante papel nos fenômenos psicológicos, fisiológicos e patológicos. Quando a medicina do futuro se fundamentar nos conhecimentos espíritas, abrirá novos horizontes para uma cura mais completa das moléstias orgânicas e psíquicas. O Espiritismo contribuirá fornecendo princípios nos quais se fundamentará a terapia definitiva da alma. (5)
“ Cada espírito é um mundo em si. “
ANDRÉ LUIZ
PERÍSPIRITO
Afirma Allan Kardec: “Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma, o Espírito, propriamente dito, é revestido por um envoltório que, por comparação, se pode chamar Perispírito.”
“O Espírito é envolvido por uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós; suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transpotar-se para onde quiser.
“ O Perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de elo de ligação entre a alma e o corpo, é o intermediário de todas as sensações que o Espírito está em condições de voltar e transportar-se para onde quiser.” (Livro dos Espíritos, pergunta. 93)
“O Perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de elo de ligação entre a alma e o corpo, é o intermediário de todas as sensações que o espírito recebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo.” (Livro dos Médiuns, 54)
A alma nunca fica desligada do seu Perispírito. “Qualquer que seja o grau em que encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e se eleva na hierarquia espiritual. De sorte que, para nós, a idéia de forma é inseparável da de Espírito e não concebemos uma sem a outra. O Perispírito faz, portanto, parte integrante do Espírito, como o corpo o faz do homem.” (Livro dos Médiuns, pergunta. 55)
O Espírito tira o seu envoltório semimaterial do fluído universal; daí, ser chamado de corpo fluídico. Foi chamado de KA pelos sacerdotes egípcios, EIDOLON pelos gregos. Paracelso denominou-o SIDÉREO, Baraduc, de SOMOD, Paulo de Tarso de PSICOSSOMA, de MEDIADOR PLÁSTICO (Emmanuel - Prefácio de “Evolução em Dois Mundos “, de André Luiz).
O Corpo Físico é uma exteriorização aproximada do Corpo Espiritual, exteriorização essa que se subordina aos imperativos da matéria grosseira.
Há no homem três coisas:
1º. O corpo ou ser material, semelhante aos animais e animado pelo mesmo princípio vital.
2º. A alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo.
3º. O laço que une a alma ao corpo, o princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
O laço ou Perispírito, que une o corpo e o Espírito, é uma espécie de invólucro semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no seu estado normal.
“O Perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem dilatar mais ou menos.” (Obras Póstumas, 1º parte - Manifestações dos Espíritos.)
Os Espíritos chamados a viver naquele meio, dele extraem seu perispírito, mas conforme seja o próprio Espírito mais ou menos purificado, seu Perispírito se forma de partes mais puras ou mais grosseiras do fluído próprio do mundo no qual se encarna. Daí resultam três fatos importantes:
1º. Que a constituição íntima do Perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o Espaço circundante;
2º. O envoltório perispíritual do mesmo Espírito se modifica com o progresso dele, em cada encarnação, mesmo que o faça no mesmo ambiente;
3º. Que os Espíritos superiores, se encarnado excepcionalmente em missão num mundo inferior, têm um Perispírito menos grosseiro que o dos nativos desse mundo.
Dizer que o Espírito, por intermédio do seu Perispírito, de alguma forma, toma raiz no gérmen, como planta na Terra. Quando o gérmen está intermédio desenvolvido, a união se completa, o então ele nasce para a vida exterior.
Ler no Livro dos espíritos perguntas de 93 a 95.
Ler no Livro dos Médiuns - 1º Parte, itens 50 a 51.
“ O Espírito move a matéria.”
Virgílio
EXERCÍCIOS:
1º. O que é o Espírito?
2º. O que é a alma?
3º. O que é o Perispírito?
4º. Como classificamos os Espíritos?
5º. Qual a natureza dos espíritos?
6º. O que entende por pluralidade das existências?
7º. Onde residem os espírito encarnados?
8º. Onde residem os espíritos desencarnados?
9º. Como se dividem o mundo em que moram os espíritos desencarnados?
10º. Porque ocorre a transferência dos espíritos entre os mundos espirituais?
11º. Como se dá o progresso do espírito encarnado?
12º. Quais os conhecimentos morais que auxiliam na evolução do espírito?
13º. Porque os espíritos encarnados necessitam dos conhecimentos intelectuais para evoluírem?
14º. Como é a constituição do perispírito?
15º. Quais as funções do perispírito?
BIBLIOGRAFIA:
5º. AUTORES: DIVERSOS - Livro Espiritismo Para Inicianates- Cap. I- Pag. 15 a 17- 3 º Edição- 1993- FACE- Grupo Espírita Bezerra de Menezes - São José do Rio Preto-SP.
6º. AUTOR. Eliseu Rigonatti - Livro O Espiritismo Aplicado - Pág. de 2 a 11- 2o a 22.
Editora Pensamento - São Paulo. SP.
7º. AUTORES. Diversos. - Livro Curso Básico de Espiritismo 1º Ano- Cap. 5. Pág.55 a 57 - 4º Edição - 1992 - Edições Feesp - Livraria e Editora Espírita Humberto de Campos- São Paulo - SP.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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