POESIA
Poesia da Natureza
Embalsamada de olores,
Ornamentada de flores
Que os meus encantos resume;
Poema de singeleza
Esplendente e delicada,
Como raios de alvorada
Cheia de luz e perfume!
Suavidade e doçura
Das rosas, das margaridas,
Das lindas sebes floridas
Nos dias primaveris:
Radiosidade e frescura,
Fragrâncias, amenidade,
Aromas, alacridade
Dos cenários pastoris!
As cotovias cantando,
As ovelhinhas balindo,
As criancinhas sorrindo
Na alegria das manhãs;
Jovens felizes amando
Entre arroubos de ternura,
Caridosa ventura
No abril das almas irmãs.
Belezas de canto agreste
Nas urzes da Terra escura,
Tão cheia de desventura;
Entretanto, imaginai
A Natureza celeste
Longe da Terra sombria,
Na glória do Eterno Dia
Do reino de Nosso Pai.
Ó Terra, quanto eu quisera
Unir-te toda à poesia,
À mesma santa harmonia
Que te prende à luz dos Céus,
Nessa mesma primavera
Dos rutilantes espaços,
Em que me sinto nos braços
Do amor sagrado de Deus.
Júlio Diniz
POETA português, nascido em 1839 e desencarnado na cidade do Porto, em 1871. Com este pseudônimo, pois que o seu nome é Joaquim Guilherme Gomes Coelho, notabilizou-se mais como romancista, principalmente com As Pupilas do Senhor Reitor. A edição póstuma de Poesias exaltou, di-lo um comentador, as suas qualidades primaciais de prosador, sem embargo de possuírem os seus versos um certo encanto melancólico.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - AUTORES DIVERSOS. - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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