O LIVRO
DOS ESPÍRITOS.
LIVRO SEGUNDO.
CAPÍTULO. IV.
PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS.
TRANSMIGRAÇÕES PROGRESSIVAS
Questao 191 a) -
Então, as paixões são um sinal de desenvolvimento?
“De desenvolvimento, sim; de perfeição, porém, não.
São sinal de atividade e de consciência do eu, porquanto, na alma
primitiva, a inteligência e a vida se acham no estado de gérmen.”
A vida do Espírito, em seu conjunto, apresenta as mesmas fases que
observamos na vida corporal. Ele passa gradualmente do estado de embrião ao de
infância, para chegar, percorrendo sucessivos períodos, ao de adulto, que é o
da perfeição, com a diferença de que para o Espírito não há declínio, nem
decrepitude, como na vida corporal; que a sua vida, que teve começo, não terá fim;
que imenso tempo lhe é necessário, do nosso ponto de vista, para passar da
infância espírita ao completo desenvolvimento; e cujo nome nos é desconhecido.
Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo, disse: “Não posso avaliá-la,
porque não contamos o tempo como contais. Depois, os modos de existência não
são idênticos.
Nós, lá, nos desenvolvemos muito mais rapidamente. Entretanto, se bem
não haja mais de seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à
inteligência, tenho trinta anos da idade que tive na Terra.”
Muitas respostas análogas foram dadas por outros Espíritos e o fato nada
apresenta de inverossímil. Não vemos que, na Terra, uma imensidade de animais
em poucos meses adquire o desenvolvimento normal? Por que não se poderia dar o
mesmo com o homem noutras esferas? Notemos, além disso, que o desenvolvimento
que o homem alcança na Terra aos trinta anos talvez não passe de uma espécie de
infância, comparado com o que lhe cumpre atingir. Bem curto de vista se revela
quem nos toma em tudo por protótipos da criação, assim como é rebaixar a
Divindade o imaginar-se que, fora o homem, nada mais seja possível a Deus.
Que o seu progresso se realiza, não num único mundo, mas vivendo ele em
mundos diversos. A vida do Espírito, pois, se compõe de uma série de
existências corpóreas, cada uma das quais representa para ele uma ocasião de
progredir, do mesmo modo que cada existência corporal se compõe de uma série de
dias, em cada um dos quais o homem obtém um acréscimo de experiência e de
instrução. Mas, assim como, na vida do homem, há dias que nenhum fruto
produzem, na do Espírito há existências corporais de que ele nenhum resultado
colhe, porque não as soube aproveitar.
Fonte: “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” - Allan Kardec - 54a.
Edição - Editora LAKE - São Paulo, SP - 1994.
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