NAS SOMBRAS.
Bombardeiros. Canhões. Trevas. Muralhas.
E rasteja o dragão horrendo e informe,
Espalhando a miséria e o luto enorme
Em miserabilíssimas batalhas.
Visões apocalípticas do mal.
Desenhadas por corvos vagabundos,
Gritam a dor de povos moribundos
Na sinistra hecatombe universal.
A civilização do desconforto,
De mentira e veneno cerebrais,
Vai carpindo nos tristes funerais
Do seu fausto de sombra, amargo e morto.
Quadros de sangue, lágrimas e horrores
Avassalam de dor o mundo inteiro,
É o triunfo terrível do coveiro,
Ossuários tremendos sob as flores.
Enquanto a desventura chora inerme,
O homem, filosófico ou sem nome,
Morre de frio e fel, de sede e fome,
Nas vitórias fantásticas do verme.
Ai de vós nos abismos da aflição.
Sem o raio de luz da crença amiga:
Desventurado aquele que prossiga
Sem o Cristo do Amor no coração.
AUGUSTO DOS ANJOS.
PARAIBANO. Nasceu em 1884 e desencarnou em 1914, na Cidade de Leopoldina, Minas. Era professor no Colégio Pedro II. Inconfundível pela bizarria da técnica, bem como dos assuntos de sua predileção, deixou um só livro – Eu – que foi, aliás, suficiente para lhe dar personalidade original.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - CÁRMEN CINIRA e outros autores - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)
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