O SANTO DE ASSIS.
No suave mistério dos espaços,
Santa Maria dos Anjos inda existe,
Com a mesma luz divina dos seus traços,
Glorificando as dores da alma triste,
Repartindo a Virtude, a Graça e os Dons
Que a palavra divina do Cordeiro
Prometeu aos pacíficos e aos bons
Do mundo inteiro...
Uma nova Porciúncula, dourada
Pelos astros de mística alvorada,
Aí se rejubila,
Sob a paz de Jesus, terna e tranqüila,
Derramando no Além ignorado
Os sonhos de Virtude e Perfeição,
Daquela mesma Umbria do passado,
Cheia de encantamento e de oração.
A luz dos sóis da etérea Natureza,
Numa doce e ideal Eucaristia,
O Esposo da Pobreza
No seu manto de amor e da alegra
Inda abre os braços para os pecadores...
“Irmão sol, irmãos anjos, irmãs Flores,
Não nos cansemos de glorifica
A caridade imensa do Senhor,
Sua sabedoria e seu amor,
Procurando salvar
Os nossos irmãos Homens mergulhados
Entre as noites sombrias dos Pecados!...
E à suave e dúlcida do Santo,
A Terra escura e triste se povoa
De anjos de amor, que enxugam todo pranto
E que levam consigo
Todo o consolo amigo
De esperança no Céu, singela e boa...
Das paragens etéreas
Da sua ideal igreja,
São Francisco de Assis abraça e beija
O homem que sofre todas as misérias,
Amparando-lhe a alma combalida
Nos desertos de lágrimas da Vida,
E o conduz
Ao regaço divino de Jesus!...
Santo de Assis, divino “poverello”
Nas amarguras do meu pesadelo
De vaidade do mundo, que devasta
Todo bem, vi tua luz singela e casta
Beijando as minhas lepras asquerosas...
Uma chuva de lírios e de rosas
Lavou- o coração de pecador
E guardei para sempre o teu amor.
Santo de Assis, irmão da Caridade,
Que me curaste as lepras e a cegueira,
Depois da morte, à luz da imensidade,
Quero ainda abençoar-te a vida inteira...
AUGUSTO DE LIMA.
Poeta mineiro nascido em Sabará, Minas, em 5 de abril de 1859 e desencarnado no Rio de Janeiro em 22 de abril de 1934. Magistrado integro, orador e publicista, militou na política e foi membro de realce da academia Brasileira de Letras, tendo ocupado a presidência dessa instituição.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - CÁRMEN CINIRA e outros autores - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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