SEGUNDA PARTE.
DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS.
CAPÍTULO IV.
TEORIA
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS.
74. E. - As respostas seguintes nos foram dadas pelo
Espírito de São Luís e foram depois confirmadas por muitos outros:
21. O Espírito
que age sobre os corpos sólidos para movê-los, está na substância mesma dos
corpos, ou fora dessa substância?
Na substância e fora dela;
dissemos que a matéria não é obstáculo para os Espíritos, que penetram tudo;
uma porção do perispírito se identifica, por assim dizer, com o objeto que ele
penetra.
22. Como o Espírito faz para bater? Serve-se de
um objeto material?
Não mais do que de seus braços para erguer a mesa. Sabeis
bem que não tem martelo à sua disposição. Seu martelo é o fluido combinado
posto em ação por sua vontade para mover ou para bater. Quando move, a luz vos
dá a visão dos movimentos; quando bate, o ar voz traz o som.
23. Concebemos
isso quando bate num corpo duro; mas, como pode fazer ouvir ruídos ou sons
articulados no vago do ar?
Uma vez que age sobre a
matéria, pode agir sobre o ar, tão bem como sobre a mesa. Quanto aos sons
articulados, pode imitá-los como todos os outros ruídos.
24. Dizeis que o
Espírito não se seve das mãos para remover a mesa; entretanto, viu-se, em
certas manifestações visuais, aparecerem mãos cujos dedos passeavam sobre o
teclado, agitavam as teclas e faziam ouvir os sons. Não pareceria que o
movimento das teclas, aqui, era produzido pela pressão dos dedos? Esta pressão
não é direta e real quando se faz sentir sobre nós mesmos, quando essas mãos
deixam marcas sobre a pele?
Não podeis compreender a natureza dos Espíritos, e sua
maneira de agir, senão por comparações que somente vos dão uma idéia incompleta,
e é um erro sempre querer assimilar seus procedimentos ao vosso. Seus
procedimentos devem estar em relação com o seu organismo. Não vos disse que o
fluido ao perispírito penetra a matéria e se identifica com ela, que a anima de
uma vida factícia? Pois bem! Quando o Espírito pousa os dedos sobre as teclas,
os pousa realmente, e mesmo as movimenta; mas, não é pela força muscular que
pressiona a tecla, anima a tecla como a anima a mesa, e a tecla, que obedece a
sua vontade, se movimenta e golpeia a corda. Aqui se passa uma coisa que tereis
dificuldade para compreender, e é que certos Espíritos são tão poucos avançados
e de tal modo materializados, comparativamente aos Espíritos elevados, que tem
ainda as ilusões da vida terrestre e crêem agir como quando ainda tinham seus
corpos; não se dão mais conta da verdadeira causa dos efeitos que produzem, do
mesmo modo que um camponês não se dá conta da teoria dos sons que articula;
perguntai-lhes como tocam o plano, e vos dirão que golpeiam em cima com seus
dedos, porque eles crêem golpear; o efeito se produz instintivamente neles sem
que saibam como, e , entretanto, pela sua vontade. Quando se fazem ouvir por
palavras, sucede o mesmo.
Nota. Resulta dessas explicações que os Espíritos podem
produzir todos os efeitos que nós mesmos produzimos, mas por meios apropriados
ao seu organismo; certas para agir; do mesmo modo que o gesto substitui, nos
mudos, a palavra que lhes falta.
25. Entre os
fenômenos que se citam como provas da ação de ima inteligência oculta, há os
que são evidentemente contrários a todas as leis conhecidas da Natureza; a
dúvida, então, não parece permitida?
É que o homem está longe de conhecer todas as leis da
Natureza; se a conhecesse todas, seria Espírito superior. Cada dia, entretanto,
dá um desmentido àqueles que, crendo tudo saber, pretendem impor limites à Natureza,
e, por isso, não ficam menos orgulhosos. Revelando, sem cessar, novos
mistérios, Deus adverte o homem para desconfiar das suas próprias luzes, porque
um dia virá que a ciência do mais sábio será confundida. Não tendes, todos os
dias, exemplos de corpos animados de um movimento capaz de sobrepujar a forçada
gravitação? A bala de canhão, lançada no ar, não supera, momentaneamente, essa
força? Pobres homens que crêem ser tão sábios e cuja toda vaidade é, a cada instante,
confundida, sabei, pois, que ainda sois bem pequeninos.
Fonte,
“Livro dos Médiuns“,
Allan Kardec, no Capítulo IV na questão 50, da 18º. edição, abril de 1991,
páginas 57 e 58, do Instituto de Difusão Espírita de Araras, SP.
RHEDAM.(rrhedam@gmail.com)
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