CAPÍTULO
II.
O
MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL.
17.
No número dos fatos desse gênero, é preciso colocar em primeiro lugar as aparições,
por que são mais frequentes. A de Salete, que divide mesmo o clero, para nós não
tem nada de insólita. Seguramente, não podemos afirmar que o fato ocorreu,
porque dele não temos a prova material; mas, para nós, ele é possível, visto
que milhares de fatos análogos recentes nos são conhecidos. Cremos neles não
somente porque sua realidade foi averiguada por nós, mas, sobretudo, porque nos
damos perfeitamente conta da maneira pela qual se produzem. Quem quiser se
reportar à teoria das aparições, que daremos mais adiante, verá que esse fenômeno
torna-se tão simples e tão plausível como uma multidão de fenômenos físicos que
não são prodigiosos senão por falta de se ter deles a chave. Quanto ao
personagem que se apresentou à Salete, é uma outra questão; sua identidade não
nos está, de nenhum modo demonstrada; nós constatamos simplesmente que uma
aparição pode ter tido lugar, o resto não é da nossa competência cada um pode,
a esse respeito, guardar suas convicções, o Espiritismo disso não tem que se
ocupar; dizemos somente que os fatos produzidos pelo Espiritismo nos revelam
leis novas, e nos dão a chance de uma multidão de coisas que pareciam
sobrenaturais; se algum daqueles que passassem por miraculosos nele encontram
uma explicação lógica, é um motivo para não se apressar em negar o que não se
compreende.
Os
fenômenos espíritas são considerados por certas pessoas, precisamente porque
parecem fugir da lei comum e porque deles não se dão conta. Daí-lhes uma base
racional, e a dúvida cessa. A explicação, neste século em que não se pagam as
palavras, é pois um poderoso motivo de convicção; vemos também todos os dias
pessoas que não foram testemunhas de nenhum fato, que não viram nenhuma mesa
girar, nenhum médium escrever, e que são tão convencidos quanto nós, unicamente
porque leram e compreenderam. Se não devesse crer senão no que se vê com os
olhos, nossa convicção se reduziria a bem poucas coisas.
Fonte: O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - 18 º edição -
Abril de 1991, Editora Instituto de difusão Espírita de Araras, SP.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário