CAPÍTULO II.
O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL.
15. - PRIMEIRA PARTE.
15. – Pronunciamos, a toda a hora, a palavra milagre; uma curta observação a seu respeito não estará deslocada neste capítulo sobre o maravilhoso.
Em sua acepção primitiva, e por sua etimologia, a palavra milagre significa coisa extraordinária, coisa admirável a ver; mas essa palavra como tantas outras, fugiu ao seu sentido original, e hoje se diz (segundo a Academia de um ato ou poder divino contrário as leis comuns da Natureza." Tal é, com efeito, sua acepção usual, e não é senão por comparação e por metáfora que se aplica às coisas vulgares que nos surpreendem e cuja a causa é desconhecida. Não entre de nenhum modo, em nossos objetivos, examinar se Deus pôde julgar útil, em certas circunstâncias, derrogar as leis estabelecidas por Ele mesmo; nosso objetivo é unicamente demonstrar que os fenômenos espíritas, por extraordinário que sejam, não derrogam de nenhum modo essas leis, não têm nenhum caráter miraculoso, nem são maravilhosos ou sobrenaturais. O milagre não se explica; os fenômenos espíritas, ao contrario, se explicam de maneira mais racional; não são milagres, mas simples efeitos que têm sua razão de ser nas leis gerais. O milagre tem ainda outro caráter: o de ser insólito e isolado. Ora, desde o momento em que um fato se reproduz, por assim dizer, à vontade, e por diversas pessoas, não pode ser um milagre.
Todos os dias a Ciência faz milagres aos olhos dos ignorantes; eis porque outrora aqueles que sabiam mais do vulgo passavam por feiticeiros; e, como se acreditava que toda ciência vinha do diabo, eram queimados. Hoje, quando se está muito mais civilizado, contentam-se em mandá-los aos hospícios.
Continua na próxima semana...
Fonte: O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - 18 º edição - Abril de 1991, Editora Instituto de difusão Espírita de Araras, SP.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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