A ARTE DE VIVER COM... ACEITAÇÃO.
Ao adormecer fiz uma viagem. Em sonho fui chamado ou acordado pelo Monge. Sorridente, convidou-me para acompanhá-lo. Dizia-me:
- Venha preciso lhe mostrar um local que será muito importante para você.
Curioso seguia-o, Ele ia a minha frente tocando sua flauta, junto com a sua flauta saiam formas geométricas, verdadeiras pedras preciosas, coloridas e luminosas pareciam um a chuva de brilhantes coloridos.
Seguia os seus passos, fomos andando, subindo e descendo colinas, passando por vários lugares todos eles desconhecidos, volatizando por cima de florestas, rios, praias e oceanos. Ele seguia um ritmo normal, quando eu me demorava ele diminuía o seu passo, para que eu não me perdesse.
Sem falarmos nada seguíamos, bem devagar até que chegamos num grande gramado, muito grande, ao seu redor matas nativas, lindas árvores, algumas frutíferas as quais eu não as conhecia, outras floridas e bem perfumadas, por onde andávamos tudo era forrado por um tapete natural muito verde, por alguns lugares os tons da cor verde se tornavam mais claros ou mais escuros, depois misturavam a um cor azul esverdeada, conforme andávamos o azul ia clareando ficando quase prateado, até branco. Tudo ficou branco, claríssimo.
Em um determinado momento parou de tocar a sua flauta, mais alguns instantes paramos de andar, voltou-se para mim, mostrando um prédio que estava a minha frente, era todo branco, muito grande, tinha cinco andares, parecia um castelo.
- Perguntei-lhe o que era aquele prédio?
- Ali é um hospital.
Chegamos até aqui e precisamos levar socorro, um socorro especial, lenitivo para alguém, que muito necessita do teu concurso, e, você precisa ajudá-lo. Se negares o teu auxílio ele continuará enfermo. E quem sabe você não tenha outra oportunidade de auxiliá-lo durante séculos.
Disse-me: - “Se negares o teu concurso, tua negação será aceita, porém, serás responsabilizado pela sua consciência sobre o fato. Queres entra?”
- Simplesmente respondi afirmativamente e acrescentei vamos logo.
- Calma meu jovem, falou sorrindo. Você tens normas a seguir. Poderás encontrar pessoas que não são do seu agrado, como também as quais você prejudicou. Tudo o que deres receberás. Ao contato com esse necessitado qualquer sentimento contrario por mínimo que pareça partindo de você, cortará o efeito e voltaremos imediatamente. Bem a partir de agora leve somente sentimentos de amor. Até aquele portal poderás desistir. Se voltares não acontecerá nada, e o auxílio que irias prestar ficará para uma nova oportunidade.
- O que devo fazer lá dentro?
- Amar, esquecer, perdoar, e trabalhar em tudo o que pedirem para você fazer.
Em silêncio pensei e ouvi minha voz interior a dizer, vais e sejas feliz. Confirmei, vamos entrar.
Seguimos o nosso caminho, ele voltou a tocar a sua flauta, chegamos ao portal tinha uma inscrição que dizia: “Aqui estão todos os sentimentos dos homens de boa vontade. Realizados com amor”.
Ao passarmos pelo portal, as vestes Monge coloridas se transformaram todas na cor branca, eu também vestia branco.
Chegamos a grande porta, ela abriu-se automaticamente, um Senhor nos recebeu com um gesto de genuflexão, estendeu a mão dizendo:
- Sejam bem vindos.
Respondemos com o mesmo gesto, agradecido, o Monge sorriu e falou:
- Este é o jovem de quem lhe falei.
Dirigindo-se à mim carinhosamente falou: - Meu filho está é uma oportunidade impar. O meu velho amigo intercedeu por você, para que viesse até aqui contribuir com um velho seu conhecido.
- Quem é ele, perguntei?
- Logo saberás. Não fique ansioso, pois a ansiedade atrapalhará o auxílio. Você será acompanhado até a enfermaria onde se encontram aqueles que sofrem nas suas consciências pelos atos de traição praticadas contra outras pessoas. Em seguida perguntou-me: Você foi traído por alguém?
Ao ouvir essa pergunta transportei-me pela minha memória para muitos anos atrás. Eles viram como fiquei agitado, nervoso ao ouvir essa pergunta.
Com muita paciência ele recomendou muita calma. Continuo a sua elucidação dizendo, o passado de boas e más lembranças está gravado em nossa memória. Recomendou que ficasse muito calmo e que esquecesse os fatos antigos, pois, o que interessa é o agora, o presente, e o que poderá fazer de bom pelo autor dos teus infortúnios.
Nesse momento senti um fluxo de energia que me envolveu, acalmei-me, dando-me muita paz e serenidade e surgiu uma coragem natural muito grande.
... Começamos a andar, ele dirigiu-me até o local, quando lá chegamos, cumprimentei os presentes e escutei. Fique em silêncio não o julgue, chegara o momento de você falar.
Andando pelos corredores daquele hospital encontramos muitos enfermos que eram transportados em cadeiras de rodas, macas, carinhos elétricos, outros eram carregados por acompanhantes.
Aquele hospital era imenso, tudo muito limpo, perfumado, era iluminado por uma luz natural e ouvia-se uma música muito suave.
Ao chegarmos a frente da porte da enfermaria indicada, ele bateu, em seguida uma enfermeira muito sorridente abriu a porta, saudou o nosso acompanhante, virou-se para o Monge expressou uma alegria muito grande em revê-lo, senti que eram velhos amigos, após os cumprimentos de praxe saudou a mim.
Com o mesmo sorriso convidou-nos para acompanhá-la. A enfermaria era muito grande e bem organizada. Eram muitos os internados que estavam em tratamento, alguns estavam deitados, outros sentados nas camas, ou em poltronas, cada um deles tinha ao seu lado uma enfermeira, tinham aqueles que necessitavam de dois ou mais acompanhantes.
Andando a nossa frente, seguíamos, caminhando virou-se e perguntou-me: - Estás preparado?
- Sim, foi a minha resposta.
Mais alguns passos a frente me deparei com um homem, sentado numa poltrona de costas para nós.
- Ela, falou-lhe. Veja quem estás aqui.
Foi virando lentamente a cadeira e que ele estava, fiquei frente a frente com meu algoz. Estava diante do jovem meu conhecido de longa data, nos conhecíamos desde a nossa infância desta existência, aquele aquém eu considera o maior e o meu melhor amigo, pois, assim considerava-o.
Naquele momento meu coração disparou, deu-me uma taquicardia, muito suor, todos que estavam próximos a mim, acorreram-me, algumas enfermeiras vieram em meu socorro.
O nosso acompanhante recomendou calma, pediu que eu esquecesse o passado e escutasse o que aquele enfermo tinha a me dizer.
O Monge aproximando de mim, pegou em minha mão e recomendou-me, esquece, escuta, perdoa e ama.
Diante daquele que destruí os meus sonhos, as minhas esperanças, minhas ambições, transformei-me num insensível, num bruto, triste, levei uma vida azeda como fel, desesperado, descrente, desaprendi a amar, era nós dois diante da verdade.
Passou toda a experiência que tinha vivido num filme mental instantâneo, quem sabe em outras épocas eu ia a desforra, mas, naquele momento como se estivesse encoberto por uma névoa luminosa, consegui a acalmar-me e preparar-me para escutá-lo.
Ele lentamente foi levantando a cabeça, muito calmamente os nossos olhos que vagavam pela enfermaria se cruzaram, ele muito fraco com olhar cadavérico, olhando para mim, disse:
- “Amigo. Obrigado, muito agradecido por teres vindo até aqui. Preciso falar-lhe, pois, a dor que te causei sou eu quem a sofre mais, ela me sufoca, ela oprime os meus sentimentos, estou perdendo os sentidos, estou ficando enlouquecido.
Você lembra a nossa história, não se faz necessário relembrá-la, pois nós somos protagonistas dela, conhecemos muito bem, o que interessa nesse momento é os nossos sentimentos para com os fatos acontecidos.
Se não sabes devo dizer-lhe em primeiro lugar que eu sempre tinha inveja de sua inteligência, da sua alegria, do seu sorrido, das amizades que conquistavas, em você tudo era verdadeiro.
Em mim tudo era falso, eu queria ser o mais forte, o maior, o sábio. Cultivava tanta inveja que se transformava em rancor, quase ódio. Você era o mais simples, o mais querido, o mais amado, todos sentiam um prazer em estar por perto.
Quando saíamos eu procura te humilhar, para que não fosse o preferido do local em que nos encontrávamos. Na escola eu mentia para responsabilizá-lo pelas travessuras, mas, a verdade algum tempo depois vinha a tona.
Jovens, completamos os estudos preparatório para a universidade, eu segui, e por falta de oportunidade demorou-se a seguir os estudos superiores.
O tempo passou, aí conheceu a pessoa em questão, desejavam-se, o seu amor por ela era imenso, era verdadeiro, ela por sua vez também o amava.
Quando descobri do vosso relacionamento, o mal que imperava em meu coração fez-me pensar, farei tudo para atrapalhar esse amor, em mim algo dizia que você não poderia ser feliz, que ela não devia amá-lo.
A princípio ela era fiel a você, mas num deslize, numa falta de vigilância ela começou aceitar o meu assédio, o meu diálogo falso e mentiroso, os meus mimos materiais, começou a confiar e acreditar em tudo que lhe falava a seu respeito.
Eu maldoso, achando-me vitorioso ria por dentro, feliz em vê-lo contrariado, sofrendo, eu era feliz por tentar e conseguir destruir as suas esperanças. Certo dia, num dos vossos encontros, falou-lhe tudo o que ela pensava, como se fosse verdade de você.
Naquele dia os seus sonhos terminaram, a sua realidade transformou-se em dor, desespero, prostração, lágrimas, falta de vontade de viver, enfim tudo desabava diante de você.
Eu para consolá-lo lhe dizia que ela não era a pessoa ideal para você. Mas, a verdade sempre aparece, o tempo passou até que descobriu que o conquistador, que destruiu os projetos de sua vida era eu.
Diante da circunstância veio minha procura falar-me, eu indiferente com o que se passava com você, afirmava que só poderia ser azar seu, se a preferência dela era por mim, é porque ela reconheceu mais méritos e virtudes em mim do que em você.
Eu ria para mim não era amor, era só mais uma conquista entre tantas que eu tinha. A minha condição profissional e pessoal me ofertava mais vantagens que a sua. Enquanto isso você cambaleava pela vida perdido em seus pensamentos, suas culpas e arrependimentos, querendo descobrir as causas que provocaram o rompimento entre os dois.
Nessa vitória efêmera, tudo tinha valor, tudo existia, era só jogo de interesses entre nós dois, do que mais precisávamos, eu aproveitava a sua sensualidade e ela as minhas posses, porém, não existia o amor.
Pois bem meu amigo, anos se passaram, você venceu suas dores e amarguras sabe lá como. E os giros da vida apresentaram o retorno dos meus atos.
Certo dia ao chegar em casa ela falou-me, estou partindo, nada mais tenho para oferecer-te, e, nada tens mais para me dar, ficas, que seguirei o meu caminho e partiu.
Nessa hora tudo o que fiz de errado para prejudicá-lo, veio a mim com uma força imensa. A minha consciência desperta começou a cobrar-me. Queria encontrá-lo para rogar o vosso perdão, o seu auxílio, pois, você foi o meu único e verdadeiro amigo.
Por invejá-lo, possuído de egoísmo obsessivo e um orgulho devastador, perdi mais que um amigo, um irmão.
Procurei-te, precisava encontrá-lo, daria quantas voltas ao mundo fossem necessárias. Até que um dia, penso que sonhei, encontrei um Monge, sorridente tocando uma flauta, perguntou-me por que me encontrava perdido, acorda meu rapaz.
Falei-lhe, estou a procura de um amigo, de um irmão, preciso reparar um erro que cometi contra ele. Desse modo ficarei em paz com a minha consciência.
Sorrindo ele me aconselhou pare de perambular, que voltasse para o meu lar, peça ao seu coração a oportunidade de arrepender-se e perdoe a si próprio, tenha paciência que encontrá-lo-á na hora certa.
Hoje depois de muito tempo estamos frente a frente. Quero saber o que tens para me dizer?
Atônito, boquiaberto com tudo que ouvi. Pensativo, tudo o que me fizeram sofrer, retornou a ele, o seu sofrimento é maior. Que a lição de sua dívida com a sua consciência era muito triste. O que dizer?
Suspirei fundo e falei: - Amigo se a sua consciência lhe perdoar, eu te perdoarei. Basta de sofrimento, procure esquecer, perdoar a si e a ela, não julgue a ninguém e procure amar-se primeiramente, depois os outros que convivem com você..
Vibremos positivamente muito por ela, pois, chegará o dia que teremos os dois de socorrê-la, pois também se encontra perdida em seus pensamentos e sentimentos.
Sorrindo fui até ele, levantou-se, nos abraçamos, rogou-me para nos encontramo-nos mais vezes. Antes de sairmos fomos informado que ele precisava passar por um tratamento (espiritual) antes de retornar.
Todos nós nos despedimos sorridentes. O Nosso acompanhante levou-nos até um jardim, todo branco, nos sentamos.
- Ele disse: meu jovem, venceste o ódio, ele recebeu toda a força do teu amor.
- Poço lhe fazer uma pergunta?
- Ela está morta? Nós estamos todos mortos?
- Não todos aqui vivem ainda no Planeta. Nós viemos aqui na viagem que realizamos pelo sono reparador. Neste hospital tratamos todos as consciências desequilibradas dos seres viventes do nosso Planeta. Somos dirigidos por entidades superiores espirituais, mas os trabalhadores deixam o seu canto quando dormimos enviam-nos para ajudar os necessitados.
- Todos vivem como num sonho?
- Sim. Como num sonho.
Levantamos nos despedimos e partimos com o Monge. Ele tocando sua flauta e sempre que podia sorrindo.
Passados alguns instantes, estava eu acordando mais para mais um dia de vida nessa existência.
Muito disposto, alegre e feliz. Pensei, sonhei. Ao abrir as cortinas da janela do quarto, do lado de fora ele estava sorrindo.
Fui falar-lhe ele sumiu.
Dr. Humberto.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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