O
LIVRO DOS MÉDIUNS.
SEGUNDA
PARTE.
CAPÍTULO
XVIII.
INCONVENIENTES
E PERIGOS DA MEDIUNIDADE.
222.
A prática do Espiritismo, como veremos mais adiante, demanda
muito tato, para a inutilização das tramas dos Espíritos enganadores. Se estes
iludem a homens feitos, claro é que a infância e a juventude mais expostas se
acham a ser vítimas deles. Sabe-se, além disso, que o recolhimento é uma
condição sem a qual não se pode lidar com Espíritos sérios. As evocações feitas
estouvadamente e por gracejo constituem verdadeira profanação, que facilita o
acesso aos Espíritos zombeteiros, ou malfazejos. Ora, não se podendo esperar de
uma criança a gravidade necessária a semelhante ato, muito de temer é que ela
faça disso um brinquedo, se ficar entregue a si mesma. Ainda nas condições mais
favoráveis, é de desejar que uma criança dotada de faculdade mediúnica não a
exercite, senão sob a vigilância de pessoas experientes, que lhe ensinem, pelo
exemplo, o respeito devido às almas dos que viveram no mundo.
Por aí se vê que a questão de idade está subordinada às circunstâncias,
assim de temperamento, como de caráter.
Todavia, o que ressalta com clareza das respostas acima é que
não se deve forçar o desenvolvimento dessas faculdades nas crianças, quando não
é espontânea, e que, em todos os casos, se deve proceder com grande
circunspeção, não convindo nem excitá-las, nem animá-las nas pessoas débeis. Do
seu exercício cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as que apresentem sintomas,
ainda que mínimos, de excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das
faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a
loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobre excitação. As
idéias espíritas não têm, a esse respeito, maior influência do que outras,mas,
vindo a loucura a declarar-se, tomará o caráter de preocupação dominante, como
tomaria o caráter religioso, se a pessoa se entregasse em excesso às práticas
de devoção, e a responsabilidade seria lançada ao Espiritismo. O que de melhor
se tem a fazer com todo indivíduo que mostre tendência à idéia fixa é dar outra
diretriz às suas preocupações, a fim de lhe proporcionar repouso aos órgãos enfraquecidos.
Chamamos, a propósito deste assunto, a atenção dos nossos
leitores para o parágrafo XII da “Introdução” de O Livro dos Espíritos.
Fonte, “Livro dos Médiuns“, Allan Kardec, da 18º. edição, abril de 1991, do
Instituto de Difusão Espírita de Araras, SP.
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