CONCENTRAÇÃO E SINTONIA.
Walter Barcelos.
“Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas idéias, aspirações, invocações e apelos”.
- Emmanuel. (1)
Todo trabalho espiritual, para ser realizado, necessita basicamente dos recursos mentais dos colaboradores encarnados.
Nas reuniões de serviços espirituais, as atitudes externas de concentração são faceias a todos: sentar-se comodamente ou ficar de pé em recolhimento, fechar os olhos, permanecer em silêncio absoluto, exercitar a meditação, apoiar a cabeça entre as mãos, ouvir músicas harmoniosas, imaginar quadros maravilhosos, fazer uma sentida prece e participar de um trabalho que poderá ser: desobsessão, passes, tribuna espírita, tratamento e curas espirituais, culto do Evangelho e outros.
Não são suficientes as atitudes exteriores, somadas à posição de relaxamento, para obter-se uma boa concentração é reunir alguma coisa, devemos perguntar a nós mesmos:
“Que recursos psíquicos estamos reunindo? Qual é a natureza de nossos pensamentos? Em que faixa espiritual nos colocamos?” Nossa vida mental é reservatório de energias com qualidades específicas que atuam de forma decisiva, auxiliando ou prejudicando, combinando ou repelindo, harmonizando ou desarticulando a operação espiritual em que desejamos servir. O espírito Emmanuel descreve com clareza os ingredientes do pensamento: “Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou forças e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros”. (2)
Todo elemento participante de um trabalho espiritual alcança certa faixa mental, mas nem sempre estará fornecendo matérias psíquicos salutares para a utilização dos Benfeitores Espirituais. Não devemos acreditar que na simples concentração estaremos oferecendo automaticamente energias mentais produtivas, pois dependerá da situação mental do colaborador mediúnico. Cada médium somente dá o que tem no armazém energético do seu campo mental. O poder de concentrar-se nasce, invariavelmente, das energias sutis na psicosfera do servidor. Estamos sempre emitindo vibrações e ondas, sintonizando-nos sempre com aqueles que se nos assemelham, conforme declara Emmanuel: “Sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizando-nos com as emoções e idéias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas da nossa faixa de simpatia”. (3)
Cometemos, infelizmente muitos erros e desvios com os pensamentos e emoções, formando em nós mesmos uma tela eletromagnética de vibrações grosseiras, confusas, doentias e destruidoras, que prejudicam seriamente todo o exercício de concentração em que nos propomos a colaborar. O espírito André Luiz analisa: “Se os médiuns não tomam a sério as responsabilidades que lhes dizem respeito, fora dos recintos da prática espiritista, se por ventura são cultores da: leviandade, indiferença, erro deliberado e incessante teimosia, inobservância interna dos conselhos de perfeição cedidos a outrem! Perguntamos a nós mesmos: Que poderemos concentrar nos momentos fugazes de serviço espiritual? (4)
Inegavelmente, se nos mantivermos nessas condições infelizes relatadas acima, nossa concentração será de baixo padrão vibratório, trazendo dificuldade para os Bons Espíritos. Parcela considerável de médiuns permanece longe dos verdadeiros sentimentos de caridade e pensamentos de bondade aos sofredores da Terra e do Além. Isto ocorre porque muitos querem trabalhar na mediunidade, mas sem uma responsabilidade com sua vida mental. Os preparativos de última hora com os pensamentos ajudam, mas não modificam milagrosamente a faixa mental do médium. Cuidados de superfície não educam e nem iluminam a mente. Muito fácil participar de uma sessão mediúnica, muito difícil manter-se, de contínuo, em nível superior os sentimentos, as idéias e as radiações psíquicas. Não é o bastante um corpo presente trazendo um estomago vazio pelo jejum disciplinado, se a mente esta empobrecida de pensamentos bons, imaginação sadia, lembranças edificantes e vibrações balsamizantes! O que produzimos, pensando, desejando, conversando e agindo em nossa vida diária na família, no trabalho, na rua ou em qualquer lugar, será o material psíquico que vamos doar num trabalho espiritual. O espírito André Luiz é bastante incisivo: “Boa concentração exige vida reta”. (5)
Quanto mais pensamentos de amor, sentimentos de caridade, desejos superiores, conversação nobre e atos de bondade nas atividades do dia-a-dia, melhor será a nossa concentração mental. Não se constrói nada de bom espiritualmente com ignorância, fantasias e técnicas do menor esforço, indispensável a todo médium espírita educar, disciplinar e purificar as energias recônditas do coração. O material psíquico dos nossos pensamentos origina-se no reservatório de nossos sentimentos. No coração mora o centro da vida. O pensamento está governado pelo sentimento.Pensamos aquilo de gostamos e aquilo de que gostamos é determinado pelas forças do desejo. Pensamos o que sentimos. O espírito Aulus mostra a importância do sentimento elevado gera o pensamento a elevação da existência”. (6) O exercício da caridade material e principalmente moral em nossa vida diária é de real substância na formação de recursos psíquicos sutilizados, para melhor servirmos nos trabalhos espirituais.
Bibliografia:
1 e 2 - Roteiro / Emmanuel / F. C. Xavier / FEB - Lição 28: Sintonia.
3 - Pensamento e Vida / Emmanuel / F. C. Xavier / FEB - Lição 8: Associação.
4 e 5 - Os Mensageiros / André Luiz / F. C. Xavier / FEB - Cap. 47: No Trabalho Ativo.
6 - Instruções Psicofônicas / André Luiz / F. C. Xavier / FEB - Lição 41: Sentimento.
Fonte: A Flama Espírita. N. 2606.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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