ALMA
IMATERIAL!?... SÃO TOMÁS DE AQUINO.
S.
Tomás de Aquino, teólogo da Igreja, afirma que a alma é imaterial e que, unida
ao corpo, passa a constituir uma unidade corpo-alma; que, separada do corpo, a
alma perde a sua capacidade de ação e, portanto, fica claro que ela não têm
meios de se manifestar. Essa unidade alma-corpo é que nos dá a compreensão
exata da necessidade da ressurreição, porque, então, voltando a se unir ao
corpo no Juízo Final, o homem
retoma a sua individualidade e atinge o seu destino. Como que o Espiritismo Vê
essa questão? Não estaria havendo uma contradição dos espíritas ao afirmarem
que a alma dos mortos pode se manifestar? Se é alma, não tem corpo, como ela
pode se manifestar?
O
Espiritismo também afirma que o homem tem corpo e alma. Quando essa alma se
desvincula do corpo, preferimos chamá-la de espírito, porque o termo alma(de
“anima”, do latim) tem o sentido etimológico de animar, dar vida. Quando ela
esta unida ao corpo, ela realmente da vida ao corpo; quando se desprende, deixa
de ter essa função, para se constituir num ser espiritual ou espírito. Na
verdade, os estudos espíritas, iniciados por Allan Kardec por volta de 1854 e
desenvolvidos por vários pesquisadores depois de Kardec, mostraram que o ser
humano é constituído de corpo, alma \\\(espírito) e
perispírito, sendo este uma espécie de corpo semi-material (ou formado de uma
matéria mais sutil),que se constitui justamente no meio de manifestação do
espírito, quando desencarnado. A visão
de Tomás de Aquino é apenas filosófica, sem qualquer base experimental, de modo
que ele julgou ser a alma algo completamente imaterial em oposição a
constituição física do corpo. Está questão é semelhante àquela do filósofo
tomista que, ante a iminência de um cientista construir uma máquina qe
produziria o vácuo, afirmou que essa máquina seria inviável; ele partira da
premissa de que o vácuo e ausência do ar, e a ausência do ar é o nada; como o
nada não existe, o vácuo seria um absurdo filosófico e, portanto, impossível.
Parece que Tomás de Aquino, por ser tomista também, considerou a alma tão
imaterial, que a transformou em nada quando, na verdade, a alma é alguma coisa.
A filosofia sem Ciência acaba caindo nessas inconsistências, que não encontram
apoio na realidade do mundo. Para o Espiritismo, com base em experiências de
manifestações físicas de espíritos, existe aquela extrutura de formação etérea,
fora do alcance de nossos sentidos comuns, porém, ainda material e que
sobrevive à morte do corpo, guardando mais freqüentemente seus traços e
características. Em “O LIVRO DOS MÉDIUSN” (1861), a respeito do assunto Kardec
afirmou: “Quando dizemos que ela (a
alma) é imaterial, é preciso entender-se no seu sentido relativo e não absoluto, porque a imaterialidade absoluta seria o
nada; ora, a alma ou o espírito é
alguma coisa, queremos dizer que a sua essência é de tal sorte superior que não
tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria e assim, para nós ela é
imaterial”. Note, aqui, que Kardec estava na metade do século XIX e o
conhecimento que se tinha, naquela época, da matéria era muito restrito em
relação ao que se tem hoje. A partir da descoberta da “matéria radiante” por
William Crookes (que, por sinal, foi um dos mais destacados experimentadores do
espírito em fenômenos de materialização), as investigações sobre a natureza da
matéria tomaram outro rumo, formulando-se sucessivas teorias a respeito da
estrutura atômica. Com Albert Einstein, já no século XX (1905), surgiu
praticamente uma nova concepção de matéria e energia, concorrendo plenamente
para a confirmação daquilo que Kardec havia dito numa fase embrionária. Somente
em 1913, Niels Bohr estabeleceu o novo modelo de átomo e Paul Adrien Maurice
Dirac, em 1928, prenunciou a existência do anti-elétron, partindo a Ciência
para a investigação da chamada anti-matéria. Hoje, sabe-se que, teoricamente,
não existe diferença entre matéria e energia, e que tanto a constituição física
do corpo quanto a chamada “semi-matérial” do perispírito são aspectos de uma mesma
realidade material de que o Universo e formado. Portanto, essas novas
descobertas da Ciência acabaram revolucionando os conhecimentos que se tinham a
respeito da matéria e, até mesmo, mudando o conceito de matéria. Mas elas não
contrariam os pressupostos que o Espiritismo havia levantado, na metade do
século XIX, antes, porém, reafirmaram a visão espírita de que não existe apenas
esta matéria palpável e “grosseira” de que o homem vem tendo conhecimento há
milênios. O perispírito, por conseguinte, como afirmava Kardec, é constituído
de uma outra matéria, mas não deixa de ser instrumento de manifestação do
espírito. Na outra dimensão da existência, os desencarnados continuam,
portanto, tendo o seu “corpo”, através do qual se manifestam, podendo não só se
comunicar pelo pensamento através dos médiuns, mas podendo até mesmo concorrer
para a produção de fenômenos de efeitos físicos, que podem ser observados e
constatados concretamente. Por outro lado, se há ressurreição ela pode ser existir no sentido atribuído pelo apóstolo
Paulo, que afirmou que “morremos num corpo material e ressuscitamos num corpo
espiritual” (no caso, o perispírito), e esse fenômeno acontece todos os dias,
cada vez que uma pessoa desencarna. O mesmo fenômeno aconteceu com Jesus, por
ocasião de sua visita à casa de Pedro e na estrada de Emáus, quando Ele, depois
de morto, apareceu aos discípulos. Acreditar na ressurreição dos mortos num
juízo final, sabe Deus quando, sabendo que o processo de transformação da
matéria (orgânica) é continuo e irreversível, é incorrer na mais ingênua
concepção das leis naturais e contrariar o mais elementar princípio da
Ciência. Maiores informações a respeito
podem ser encontradas na Obra “ESPÍRITO,
PERISPIRITO E ALMA” de Hernani Guimarães Andrade, Editora Pensamento S. Paulo.
Pergunta
elaborada por: - Anônimo.
Fonte: Revista
Informação. – No. 184. – Março de 1992.
RHEDAM.
(mzgcar@gmail.com)
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