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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

- POEMAS ESPÍRITAS. - PARNASO DE ALÉM TÚMULO. - À VIRGEM. - BITTENCOURT SAMPAIO. (CHICO XAVIER.)

                                               À VIRGEM.

            Vós sois no mundo a estrela da esperança,
            A salvação dos náufragos da vida;
            A custódia das almas sofredoras,
            A consolação e paz dos desterrados
            Do venturo aprisco das ovelhas
            De Jesus Cristo, o Filho muito amado!
            Final radioso aos pobres degredados,
            Anjo guiador dos homens desgarrados
            Do Evangelho de luz do Filho vosso
            Virgem formosa e pura de bondade,
            Providências dos fracos pecadores,
            Astro de amor na noite dos abismos,
            Clarão que sobre as trevas da cegueira
            Expulsa a escuridão das consciências!
            Virgem da piedade e da pureza,
            Estendei vossos braços tutelares
            A Humanidade inteira, que padece,
            Espíritos na treva das angústias,
            No tenebroso báratro das dores,
            Mergulhados nas tredas tempestades
            Do mal, que lhes ensombra a mente e a vista;
            Cegos desventurados, caminhando
            Em busca de outras noites mais escuras,
            Legião de penitentes voluntários,
            Afastados do amor e da verdade
            Fujitivos do amor que os esclarece!
            Anjo da caridade e da virtude,
            Estendei vossas asas luminosas
            Sobre tanta miséria e tantos prantos.
            Daí fortaleza àqueles que fraquejam,
            Apiedai-vos dos frágeis caminhantes,
            Iluminai os cérebros descrentes,
            Fortalecei a fé e os vacilantes,
            Clareai as sendas obscurecidas
            Dos que se vôo nos pântanos dos vícios!...
            Existem almas miseras que choram
            Amarrada ao potro da tortura,
            E corações farpeados de amarguras...
            Enxugai-lhes as lágrimas penosas!
            Virgem imaculada de ternura,
            Abençais os mansos e os humildes
            Que acima de européis enganadores
            Põem o amor de Jesus, eterno e puro!
            Dulcificai as mágoas que laceram
            Pobres almas aflitas na voragem
            Das provações mais rudes e amargosas,
            Estendei, virgem pura, o vosso manto
            Constelado de todas as virtudes,
            Sobre a nudez de tantos sofrimentos
            Que despedeçam almas exiladas
            No orbe da expiação que regenera...
            Ele será a luz resplandecente
            Sobre a miséria dos padecimentos,
            Afastando amarguras, concedendo
            Claridades a estradas pedregrosas...
            Conforto às almas tristes deste mundo,
            Porto de segurança aos viajantes,
            Clarão de sol nas trevas mais espessas,
            Farol brilhante iluminando os trilhos
            De todos os viajores que caminham
            Pela mão de Jesus, doce e bondosa;
            O pão miraculoso, repartido
            Entre os esfomeados e os sedentos
            De paz, que os acalante e os conforte!
            Virgem, Mãe de Jesus, anjo de amor,
            Vinde a nós que na luta fraquejamos,
            Ajudai-nos a fim de que a vençamos...
            Vinde, piedosa Virgem de bondade,
            Cremos em vós, na vossa alma divina!
            Vinde!... daí-nos mais força e mais coragem,
            Derramai sobre nós o eflúvio santo
            De vosso amor, que ampara e que redime...
            Vinde a nós! Nossas almas vos esperam,
            Almas de filhos míseros que sofrem,
            Atendei nossas súplicas, Senhora,
            Providência da pobre Humanidade!...

BITTENCOURT SAMPAIO. (Chico Xavier).

            SERGIPANO, nascidos na cidade de Laranjeiras, em 1 de fevereiro de 1834, desencarnou no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1895. Foi político ativo, deputado por sua província em duas legislaturas e Presidente do Espírito Santo. Diretor da Biblioteca Nacional e jornalista de mérito.
            A fonte de onde respiramos estes dados aponta Poesias (1859) e Flores Silvestres (1860), mas omite a maior das suas obras, que é A Divina Epopéia, ou seja o Evangelho de João, em magníficos versos brancos, tais como estes. Mas... É que Bittencourt Sampaio foi, no último quartel da vida terrena, um dos mais brilhantes e destemerosos paladinos da Revelação Espírita. E, como Jesus perante a Cristandade, verdadeiro poema em prosa, Reformador, de 1937 publicou-lhe a biografia.
           
            Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.


                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

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