À VIRGEM.
Vós sois no mundo a estrela da
esperança,
A salvação dos náufragos da vida;
A custódia das almas sofredoras,
A consolação e paz dos desterrados
Do venturo aprisco das ovelhas
De Jesus Cristo, o Filho muito
amado!
Final radioso aos pobres degredados,
Anjo guiador dos homens desgarrados
Do Evangelho de luz do Filho vosso
Virgem formosa e pura de bondade,
Providências dos fracos pecadores,
Astro de amor na noite dos abismos,
Clarão que sobre as trevas da
cegueira
Expulsa a escuridão das
consciências!
Virgem da piedade e da pureza,
Estendei vossos braços tutelares
A Humanidade inteira, que padece,
Espíritos na treva das angústias,
No tenebroso báratro das dores,
Mergulhados nas tredas tempestades
Do mal, que lhes ensombra a mente e
a vista;
Cegos desventurados, caminhando
Em busca de outras noites mais
escuras,
Legião de penitentes voluntários,
Afastados do amor e da verdade
Fujitivos do amor que os esclarece!
Anjo da caridade e da virtude,
Estendei vossas asas luminosas
Sobre tanta miséria e tantos
prantos.
Daí fortaleza àqueles que fraquejam,
Apiedai-vos dos frágeis caminhantes,
Iluminai os cérebros descrentes,
Fortalecei a fé e os vacilantes,
Clareai as sendas obscurecidas
Dos que se vôo nos pântanos dos
vícios!...
Existem almas miseras que choram
Amarrada ao potro da tortura,
E corações farpeados de amarguras...
Enxugai-lhes as lágrimas penosas!
Virgem imaculada de ternura,
Abençais os mansos e os humildes
Que acima de européis enganadores
Põem o amor de Jesus, eterno e puro!
Dulcificai as mágoas que laceram
Pobres almas aflitas na voragem
Das provações mais rudes e
amargosas,
Estendei, virgem pura, o vosso manto
Constelado de todas as virtudes,
Sobre a nudez de tantos sofrimentos
Que despedeçam almas exiladas
No orbe da expiação que regenera...
Ele será a luz resplandecente
Sobre a miséria dos padecimentos,
Afastando amarguras, concedendo
Claridades a estradas pedregrosas...
Conforto às almas tristes deste
mundo,
Porto de segurança aos viajantes,
Clarão de sol nas trevas mais
espessas,
Farol brilhante iluminando os
trilhos
De todos os viajores que caminham
Pela mão de Jesus, doce e bondosa;
O pão miraculoso, repartido
Entre os esfomeados e os sedentos
De paz, que os acalante e os
conforte!
Virgem, Mãe de Jesus, anjo de amor,
Vinde a nós que na luta fraquejamos,
Ajudai-nos a fim de que a
vençamos...
Vinde, piedosa Virgem de bondade,
Cremos em vós, na vossa alma divina!
Vinde!... daí-nos mais força e mais
coragem,
Derramai sobre nós o eflúvio santo
De vosso amor, que ampara e que
redime...
Vinde a nós! Nossas almas vos
esperam,
Almas de filhos míseros que sofrem,
Atendei nossas súplicas, Senhora,
Providência da pobre Humanidade!...
BITTENCOURT SAMPAIO. (Chico Xavier).
SERGIPANO, nascidos na cidade de
Laranjeiras, em 1 de fevereiro de 1834, desencarnou no Rio de Janeiro em 10 de
outubro de 1895. Foi político ativo, deputado por sua província em duas
legislaturas e Presidente do Espírito Santo. Diretor da Biblioteca Nacional e
jornalista de mérito.
A fonte de onde respiramos estes
dados aponta Poesias (1859) e Flores Silvestres (1860), mas omite a maior das
suas obras, que é A Divina Epopéia, ou seja o Evangelho de João, em magníficos
versos brancos, tais como estes. Mas... É que Bittencourt Sampaio foi, no
último quartel da vida terrena, um dos mais brilhantes e destemerosos paladinos
da Revelação Espírita. E, como Jesus perante a Cristandade, verdadeiro poema em
prosa, Reformador, de 1937 publicou-lhe a biografia.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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