ESCLARECENDO AS DÚVIDAS DOS JOVENS!
ESTUDO ESPÍRITA.
Por
que as Casas Espíritas colocam o estudo da Doutrina em segundo plano?
Há sérios vícios dentro das Casas
Espíritas como existem em toda a sociedade humana. Um deles é, sem dúvida, a
inversão de procedimentos que resulta obviamente na inversão de valores.
Sabemos do Espiritismo que o estudo é imprescindível para o entendimento, a
prática e o caminhar da Doutrina. Kardec enfatizou bem essa necessidade, no seu
tempo, ao colocar a razão como sustentação indispensável da fé, sem o que
cairíamos inevitavelmente na mesma cegueira pela qual as regiões vieram
encaminhando seus adeptos através dos tempos. Somente para apóia as religiões
nessa mesma base, o Espiritismo não se faria necessário, porque, em matéria de
fé, as religiões sempre souberam levar a bom termo seus intentos. O Espiritismo
surgiu como uma resposta à crendice sustentada pelo misticismo religioso, de um
lado, e ao ateísmo proclamado pela Ciência, de outro, colocando-se como
elemento integrador entre o sentimento e a razão, já que o homem deve ser visto
em sua totalidade e não como um ser compartimentado. Eis porque o Espiritismo
não ignora a Ciência e nem despreza a Religião, sustentando, pelo contrário, a
necessidade de um e de outro. No entanto, estudar exige sempre algum esforço (o
que para muitos é, até mesmo, sacrifício; ainda não faz parte integrante da
cultura brasileira, que favorece à acomodação, a realização sem esforço, a fé
sem raciocínio, a preguiça mental. Ao contrário do que sempre falou Kardec, nossos
Centros Espíritas, em sua grande parte, dão prioridade às atividades
mediúnicas, incentivando a aceitação sem exame, a busca do espetacular, do
maravilhoso e até mesmo do
“sobrenatural”, sem exigir os estudos que favorecem do domínio dos conteúdos
doutrinários. Kardec considerou os “espíritas exaltados”, - aqueles que em tudo
acreditam, sem recorrer ao estudo e ao exame criterioso – os que mais causam
prejuízo ao Espiritismo, pelo perigo que representam e pelo mal que a expõem ao
ridículo perante a sociedade Ver o Livro dos Médiuns – Método, Capítulo III).
Há muita gente interessada nos fenômenos curiosos, nas curas milagrosas, nas
revelações espetaculosas, mas que, na verdade, não passam de analfabetos em
Espiritismo e, o que é pior, não demonstram o mínimo interesse em aprender.
Porque leram dois ou três livros espíritas, - mas jamais foram capazes de
realizar um bom estudo, no seu Centro, sobre apenas um deles – julgam-se
dotados da maior sabedoria, quando não delegam aos “espíritos orientadores” ou
“guias” a mais ampla competência para decidirem sobre qualquer assunto. É claro
que, como já dissemos, esse lamentável quadro faz parte da realidade cultural
mais ampla neste País, e para tentar invertê-lo – pelo menos dentro das
fronteiras espíritas – Os Centros teriam que pautar sobre uma linha
rigorosamente kardequiana (retomando o espírito da Codificação), Criando uma
programação de atividades que coloque como meta prioritária a formação espírita
de seus freqüentadores. Isso não quer dizer que as atividades mediúnicas e
assistência social devem deixar de ser feitas; quer dizer apenas que o estudo
doutrinário e a formação espírita são condições “sine qua non” para que as
demais atividades possam ser bem desenvolvidas. Do contrário, o Centro
continuará promovendo a ignorância dos seus freqüentadores, estimulando dentro
de suas paredes, o desenvolvimento de um anti-Espiritismo, o mais temível
inimigo da Doutrina.
Pergunta elaborada por: Djanira Ferraresi. – Vera Cruz.
SP.
Fonte: Revista Informação – Ano XVI – Nº. 190. -
Setembro de 1992.
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