VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
43 º. Parte. – “A pretensão vaidosa do saber invadiu os corações. Deixaram-se arrastar pela vaidade, quando, em vez de reunirem virtudes, procuravam revestir seus corações com a frágil couraça da ciência da Terra, essa meia ciência, que adquirem os que não cultivam as virtudes e que os conduz sempre ao desvario de negarem o seu criador! A ciência que edifica e que exalta só pode ser adquirida por aqueles que possuem virtudes.
“Infelizmente, no seu orgulho insuflado pelos inimigos de Jesus, aqueles infelizes se desviaram da estrada que conduz ao seio do Pai, para tomarem o atalho da ciência, que quase sempre percorre maior extensão do terreno para chegar ao fim. Desvairados, levantaram um templo à ciência e constituíram uma academia. (Julgavam-se doutores em Espiritismo, alardeando cultura e prestígio).
“Foi assim, sob tais auspícios, que a humildade “Deus, Cristo e Caridade” passou a denominar-se “Sociedade Acadêmica “Deus, Cristo e Caridade”. Irrisão! Como se Deus, Cristo e Caridade, pudessem ser acadêmicos, colegas de pobres pecadores ignorantes! Desse modo, pois, decretada a sua ruína, a “Academia” se precipitou no túmulo cavado pelos seus próprios fundadores, isto é, precipitou-se no nada.
“Mas, louvado seja Deus, nem todos os filiados à “Deus, Cristo e Caridade” se deixaram dominar pela vaidade e pelo orgulho, e então se constituíram na agremiação denominada – “Sociedade Espírita Fraternidade”.
Em virtude da criação indiscriminada de grupos espíritas, cujos membros, em sua maioria, desconheciam os preceitos mais rudimentares da doutrina, a “Fraternidade”, em 1888, recebeu do Espírito Allan Kardec uma série de comunicações, convidando a família espírita a se congregar naquela Sociedade, e, pondo em relevo inadiável necessidade de união, reprovava a existência de grupos de elementos dissolventes.
E continua Pedro Richard: - “Nessa época, já se achava em campo o nosso inolvidável confrade e mestre Bezerra de Menezes, que, à frente da fração da “Fraternidade” que tomou a seu cargo os trabalhos de obsessão, se encarregou da árdua tarefa de reunir a família em torno da Federação.
“Apesar do seu prestígio intelectual e moral, todos os esforços ingentes que empregou o saudoso mestre foram improfícuos, fracassando a sua primeira tentativa, se bem que todos os espíritas estivessem convencidos da necessidade de tal medida e reconhecimento a inadiabilidade da resolução de se constituírem num só núcleo.
“Ainda a conselho do bom mestre Allan Kardec, tentou o nosso prezado Bezerra de Menezes consagrar mais uma vez a família espírita e outra decepção teve que suportar. Foi nessa época que o humano campeão do Espiritismo no Brasil, sentindo-se desanimado, nos disse: “Eu não entendo os espíritas.”
“Daí para cá, na possibilidade de constituírem um todo homogêneo, os espíritas se agruparam – uns tantos que procuravam estudar os Evangelhos – em torno do bom amigo e mestre Bezerra e que por isso se denominaram espíritas bezerristas.
“Naquele coração de pomba se tinham aninhado todos os sentimentos de bondade e de amor; aquela imensa alma de apóstolo toda se abria para receber a Doutrina Espírita e, como um sol resplendente e belo do zênite, repartia seus esplendores com todos os que formava o sistema de que ele era o centro e com todos os demais que procuravam a órbita a ser resolutamente descrita num espaço imenso, em demanda com Jesus. Difícil era saber-se o que mais se devia admirar naquele meigo espírito, se as virtudes se o talento.”
Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES” - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
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