VINGADORES
INVISÍVEIS.
Richard
Simonetti
As obsessões mais graves envolvem Espíritos vingadores,
conscientes de suas condição de desencarnados, que sabem perfeitamente o que
fazem e se comprazem nisso.
Viajores da Eternidade, transitamos há milênios pela
Terra, em múltiplas reencarnações. Nessas experiências passadas, por enquanto
inacessíveis para nõs, convivemos com muita gente; envolvemo-nos com afetos e
desafeto; estendemos laços de amor, mas também terríveis cadeias de ódio.
Inspirados por sentimentos próprios de inferioridade
humana, como o egoísmo, o orgulho, a vaidade, muitos males teremos semeado.
Quem fomos? O que fizemos?
O homem poderoso, que se impunha pela força e mandava
eliminar impiedosamente os que se opunham a sua vontade?
O Senhor dos escravos, que os submetia a sevícias e
humilhações?
O Capitão de indústria, que explorava cruelmente os
operários, no propósito de multiplicar bens materiais?
A mulher sedutora, que destruía lares?
O homem astuto, que lesava incautos?
O assaltante, o assassino, o traficante de drogas?
O fofoqueiro contumaz na arte de comprometer reputações?
Provavelmente não seríamos capazes de repetir semelhantes
proezas no presente, mas certamente o fizemos no passado, ou não estaríamos na
Terra, purgando nossas mazelas. Espíritos puros vivem em Mundos Superiores.
O contato com aqueles aos quais prejudicamos faz parte de
nossa depuração. Muitos deles nos perdoaram e seguiram seus caminhos. Mas há os
que não esqueceram, que nos têm procurado na presente existência e que, quando
nos encontram, arvoram-se em executores da Justiça Divina, pretendendo
submeter-nos a sofrimentos mil vezes maiores do que aqueles que lhe impusemos.
E partem para a agressão pura e simples, envolvendo em
nuvens de fluidos deletérios. É uma pressão perturbadora e desajustante, à qual
será difícil resistir, por uma razão muito simples: a prática do mal abre as
portas do nosso psiquismo à influência daqueles que tenhamos prejudicado.
O afastamento desses Espíritos não é fácil. Dominados
pelo ódio, mostram-se irredutíveis a qualquer tentativa de esclarecimento.
Um Espírito de mulher, que persegue ferozmente
respeitável chefe de família, atormentando-o, manifesta-se em reunião mediúnica
extravasando seu ódio.
Explica que ele a seduziu em existência anterior,
levando-a a abandonar o marido e três filhos. Depois a prostitui. Em seguida a
abandonou à própria sorte, a enfrentar penosas humilhações que culminaram com
sua morte na indigência.
Apreciando o caso pela ótica da entidade comunicante,
constatamos como é delicado o assunto. Impossível lamentar a vítima de hoje e
condenar o verdugo, porquanto no passado as posições estavam invertidas. E
ambos são filhos de ]deus, necessitados de ajuda.
O dirigente exorta:
- Minha irmã, é preciso perdoar...
- Não me fale de perdão! Ele arruinou minha vida!
Destruiu todos os meus sonhos! Há de pagar!...
- Lembre-se de Jesus...
- Qual nada! Esse criminoso não pensou no Cristo quando
me seduziu, afastando-me de minha família!
Envolvimentos dessa natureza constituem terrível desafio
para qualquer doutrinador, cujo sucesso depende não de meros argumentos, mas,
sobretudo, de uma grande capacidade de doar amor, vendo no obsessor não um
espírito das trevas, mas o irmão em desajuste.
Geralmente familiares desencarnados, que amam muito, esperam
pacientemente por uma brecha que o doutrinador consiga abrir no denso muro de
rancor para que possam aproximar-se modificando suas disposições.
Parece irracional. É como se o obsessor estivesse agredindo
a si mesmo, afundando em sombrios precipícios.
Mas irracional também foi o comportamento de sua vítima,
alienada, no passado, de verdade elementar.
O que plantarmos teremos que colher.
Todo mal que semearmos retornará na forma de males que nos
infelicitarão, ainda que desejamos perdoados por nossas vítimas.
***
Há perseguições espirituais mais brandas, mas, parodoxalmente,
mais graves, porque desenvolvidas com sutileza por vingadores hábeis e
inteligentes.
Como perfeitos estrategistas que planejam uma batalha,
acompanham a vítima por algum tempo, observando suas tendências, sua maneira de
ser, suas relações, suas idéias. Identificam assim suas fraquezas e as
exploram.
Se notam, por exemplo, que um homem casado a quem desejam
perturbar, empolga-se pelas aventuras do sexo, aproveitam-se da atração que
venham a sentir por jovem bela e fútil, levam-no à fixação devastadora. O resto
é fácil prever: desentendimentos no lar, desagregação da família, separação,
decepções com a nova ligação afetiva, opressão e angústias intermináveis, para
deleite dos triunfantes perseguidores espirituais.
Se, não obstante ter uma boa esposa, filhos adoráveis,
rendimentos satisfatórios, o indivíduo sente certa insatisfação, em virtude de
algum anseio não realizado, os obsessores não lhe dão sossego, exarcebando-a,
principalmente se surgem eventuais problemas familiares ou profissionais, e
acabam por precipitá-lo em depressão.
Os problemas de saúde também são campos férteis para
semeaduras obsessivas. Como uma máquina, nosso corpo está sujeito a desgastes
naturais, mesmo porque não o usamos de forma adequada. Se o obsidiado lhes presta
muita atenção, os perseguidores invisíveis exploram essa tendência, situando na
hipocondria – vive a imaginar doenças. E está sempre doente, porquanto, segundo
o velho ditado popular, “quem namora a enfermidade casa-se com ela”.
Nossas mazelas e fraquezas são as portas de acesso à
influência espiritual inferior. Por isso, a melhor maneira de resistirmos ao
assédio de Espíritos passionais, viciosos, odientos, é oempenho sistemático por
superá-las.
Se a luz se faz, assombras desaparecem.
Fonte: Livro “UMA RAZÃO PARA VIVER” – 1 º. Edição, -
Gráfica São João, - BAURU. SP.
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