OS ESCRAVOS.
No livro “BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO”, o autor espiritual HUMBERTO DE CAMPOS, através da psicografia do médium FRANCISCO CANDIDO XAVIER, nos relata a seguinte passagem espiritual, histórica, sobre a OS ESCRAVOS.
Certo dia, numa das esferas superiores do Infinito, preparou-se o encontro entre Ismael e com aquele que será sempre o caminho, a verdade e a vida. O ambiente encontrava-se florido e radiante de luzes policromias, como necessário para um encontro desde quilate. Os seres santificados e venturosos, compondo a corte luminosa de seus mensageiros, recebeu o Senhor.
Ismael, porém trazia o coração amargurado.
Senhor, - exclama ele - sinto dificuldades para fazer prevalecer os vossos desígnios na nova terra. A civilização ali iniciada contaminou-se e lamentáveis acontecimentos. Os latifundiários de Santa Cruz, fizeram-se à vela, escravizaram os negros indefesos de Luanda, da Guiné e de Angola. Os pobres cativos chegam a Pátria do Evangelho como pobres animais, bravios e selvagens sem coração e sem consciência. Parou, pois soluços divino rebentaram o peito.
O Divino Mestre - explicou - Ismael, asserena teu íntimo no cumprimento dos teus sagrados deveres. Os homens têm suas responsabilidades pessoais nos feitam que realizam em existências isoladas ou coletivas. Como não podemos tolher-lhes a liberdade, não podemos esquecer o instituto imortal da justiça divina, onde cada qual receba aquilo que realizou. Determinei que na Terra do Cruzeiro, se povoasse de raças humildes, buscando a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas, para que isso efetivasse sem o concurso das armas, aproximei Portugal das raças africanas sem qualquer natureza de violência. E a colaboração deveria ocorrer sem abalos perniciosos. O branco europeu, está prejudicando por uma educação espiritual condenável e deficiente. Entrega-se a prazeres fictícios e exime-se dos trabalhos pesados da agricultura, alegando o clima impiedoso. Eles terão a liberdade de humilhar seus irmãos, diante do livre arbítrio limitado concedido por Deus, que rege a vida das criaturas dentro das responsabilidades individuais, mas, aqueles que praticarem o nefando comércio, sofrerão o mesmo martírio, no futuro, quando também forem vendidos e flagelados em iguais circunstâncias. Na sede de gozo os brancos, esqueceram que a evolução sé processa pela prática do bem e que todo o determinismo de Nosso Pai se processa pelo “amai o próximo como vós mesmos”. Ignoram que o mal gera o mal, com muito sofrimento. Contudo, mesmo com esses maus impositivos praticados pelos homens, operarei com minha misericórdia. Iluminarei com minha Luz, estas sombras, amenizando crueldades. Prossegue com as tuas renuncias em favor do Evangelho e confia na vitória da providência divina.
Ismael, mais confortado continuou:
- Senhor, não tereis um meio de orientação à política dominante, purificando o ambiente moral da Terra de Santa Cruz?
Jesus, disse:
- Não nos compete cerceamos os atos e intenções dos nosso semelhantes e sim cuidar dos nosso atos, pois seremos julgados pelo que fizermos. Infelizmente, Portugal, representando um agrupamento de espíritos trabalhadores e devotados de antigos fenícios, não soube aproveitar esta oportunidade da misericórdia do Supremo Senhor do Universo lhe outorgou nestes últimos anos. Chegam aos meus ouvidos os suplícios das almas flageladas por sua prepotência e desmesuradas ambições. Lá não existe o povo mais pobre e trabalhador da Europa. O luxo das conquistas amoleceu as fibras criadoras e todas as suas energias e qualidades de trabalho vêm esmorecendo sob o amontoado de riquezas fabulosas. Entretanto, o tempo é o grande mestre de todos os homens e de todos os povos, e se não podemos cercear o livre arbítrio das almas, poderemos mudar o curso dos acontecimentos, afim de que o povo lusitano aprenda, na dor e na miséria, as lições sagradas da experiência e da vida.
Ismael retornou à luta, com fervorosa coragem e os acontecimentos modificaram-se.
Os donatários cruéis sofreram os mais tristes reveses no solo do Brasil.
Os Tupinambás e Tupiniquins, localizados na Bahia, receberam Cabral com muita fraternidade, reagiram contra os colonizadores, transformados em verdugos.
A expedição de João de Barros, destinava-se ao Maranhão, saiu de Lisboa com ordens secretas de conquistar o ouro dos incas, no Peru, dispensou-se no mar, os componentes sofrerão infinitos martírios e resgatado com eles tributos de sofrimento as suas criminosas intenções, na condenável aventura.
Os portugueses, com os tesouros das Índias, caíram em decadência e miséria, pela disseminação do luxo, das campanhas abomináveis da conquista, com crueldade e sangue.
A Casa de Avis, cujo reinado começou o comércio de homens livres, desapareceu D. Sebastião, derrotado em Alcácer-Quibir, seu trono caiu nas mãos do cardeal D. Henrique e, em 1580, Portugal entrega-se ao domínio da Espanha, acentuando-se sua decadência com Filipe II, o mais fanático o mais cruel de todos os príncipes da Europa do século XVI.
Na formação da Pátria do Evangelho, o homem branco alterara os fatores, com suas taras e com sua vontade independente; Jesus, alterou os acontecimentos com o seu poder magnânimo e misericordioso.
No solo onde floresciam as bênçãos renovadoras santificantes, os filhos da África foram humilhados e abatidos, Jesus, porém, sustentou-lhes os corações oprimidos, iluminando o calvário dos seus indivisíveis padecimentos com a lâmpada do seu amor.
Através das linhas tortuosas dos homens, Jesus realizou os seus objetivos, porque os negros das costas africanas foram uma das pedras angulares do monumento evangélico do Coração do Mundo. Sobre seus ombros flagelados, carregaram-se quase todos os elementos materiais para as lições comovedoras, imunizando todos os espíritos contra o excesso de imperialismo e do orgulho injustificáveis das outras nações do planeta, dotando-se a alma brasileira dos mais belos sentimentos da fraternidade, de ternura e de perdão.
Fonte: Livro "BRASILCORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO" - autor espiritual HUMBERTO DE CAMPOS - psicografia FRANCISCO C. XAVIER - Editora FEB - Rio de Janeiro, RJ.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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